Fatores de risco associados ao medo do parto durante a gestação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Chitarra, Fernanda Milagres Resende
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Nacif, Guilherme Augusto Netto, Izidoro, Natália Oliveira, Fortes, Ramon Silva, Goulart, Vitória Carvalhais
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Brazilian Journal of Health Review
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/64115
Resumo: O medo do parto (MDP) pode ser definido como um distúrbio psicológico que varia desde uma baixa preocupação, ao medo patológico (tocofobia). Apesar de os estudos sobre MDP serem heterogêneos, com diferenças culturais em definições e metodologias, há um consenso sobre a alta prevalência em gestantes e sobre as repercussões negativas provocadas por esse distúrbio no pré-natal, parto e pós-parto. Esse cenário gera preocupações crescentes em rastrear fatores de risco e quantificar o MDP,  existindo atualmente questionários validados para essa finalidade. Identificar, por meio de revisão da literatura, quais os fatores de risco associados ao MDP em gestantes. Foram analisados estudos transversais e de coorte que identificaram fatores de risco relacionados ao MDP em gestantes, publicados nos últimos 5 anos nas bases de dados Web of Science, Scopus, PubMed e BVS. Mediante consulta ao Mesh, utilizou-se os descritores “pregnancy”, “fear”, “childbirth” e “risk factors”. Foram excluídos artigos que não avaliaram o MDP por questionários validados. A busca encontrou 325 artigos, dentre os quais 14 foram selecionados. Foram identificados 24 fatores de risco para MDP durante a gestação. Dentre eles, 8 são questões relacionados à gravidez (33,3%), 5 são fatores psicológicos (20,8%); 5 são relacionados ao perfil sociodemográfico (20,8%); 3 estão associados à relação social/familiar (12,5%)  e 3 são relacionados à hábitos de saúde da gestante (12,5%). O fator mais prevalente foi a ansiedade (identificado em 50% dos estudos), seguido por depressão (28,6%) e baixo recebimento de informações sobre o parto (28,6%). O menor apoio de família e amigos, menor ajuste entre o casal, preferência pelo parto cesáreo e ser primigesta, foram fatores de risco identificados por 21,4% dos artigos. Em 14,3% dos estudos a menor renda familiar aparece como fator de risco. Ainda, 7,1%  dos estudos citaram gestantes mais jovens, com menor escolaridade, empregadas, solteiras, fumantes e no terceiro trimestre de gestação como mais predispostas ao MDP. Em outros 7,1%, identificou-se o medo de perder o controle, medo de sentir dor, sofrimento psicológico, baixa prática de atividades físicas, autopercepção de baixos níveis de saúde, sofrimento de violência física pelo parceiro na gestação, complicações médicas durante a gravidez e aborto espontâneo prévio. Há divergências quanto ao planejamento do parto: enquanto 28,6% dos artigos indicam gestações sem planejamento como fator de risco, 14,3% indicam a gestação planejada como preditor de MDP. O MDP é um distúrbio complexo, associado a diferentes fatores de risco de ordem biopsicossocial. É fundamental considerar o impacto negativo do MDP no bem-estar emocional das gestantes, no resultado do parto (aumentando o número de cesáreas) e na relação com o parceiro e a amamentação. Torna-se necessário que a equipe obstétrica conheça os fatores relacionados ao MDP, a fim de identificá-lo precocemente, e que a gestante tenha uma forte rede de apoio familiar e multiprofissional estabelecida durante o pré-natal, sendo bem informada acerca do parto e acolhida sobre suas inseguranças.
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