'Quem entende de feira é feirante': conflitos e possibilidades de gestão do território na transposição da feira da torre de TV de Brasília

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Jesus, Leandro Santos Bulhões de
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional do UniCEUB
Texto Completo: https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/235/9798
Resumo: De acordo com informações da Secretaria de Turismo do GDF, a Torre de TV de Brasília, localizada no centro da cidade, é um dos monumentos mais procurados na Capital Federal, com média de mil visitantes por dia. Inaugurada em 1967, a partir da década de setenta passou a ser o local onde artesãos se reuniam para comercializarem roupas, bijuterias, alimentos, móveis, quadros, esculturas, entre outras artes. O espaço se transformou num dos principais referenciais de sociabilidades da capital. Ideias de reforma e/ou transposição da Feira da Torre têm sido discutidas há algum tempo, tendo em vista o histórico que Brasília possui de remanejamentos do chamado comércio informal para locais periféricos da cidade, em função do fenômeno da monumentalização atrelado à obsessiva higienização dos espaços, fundamentadas, muitas vezes, na ideia de tombamento da cidade como Patrimônio Cultural da Humanidade. O aniversário de 50 anos de Brasília e as expectativas para a Copa do Mundo (2014), no entanto, foram cruciais para levar adiante as propostas de intervenção no espaço. Algumas visitas à Feira da Torre, a realização de entrevistas com os feirantes, a aplicação de questionários, assim como a análise de matérias de jornais que circularam em Brasília entre 2008 e 2013, indicaram que as transformações engendradas no espaço envolveram diferentes interesses dos artesãos e dos agentes públicos, colocando em destaque os conflitos inerentes aos múltiplos significados e apropriações possíveis dos espaços públicos da cidade. Em maio de 2011, a Feira foi reinaugurada num outro local próximo à Torre e o objetivo geral desta pesquisa foi compreender os diferentes mecanismos e agentes de gestão do território, sobretudo dando destaque aos limites, desafios e possibilidades dos artesãos em fazer parte do processo de intervenção da chamada transferência da Feira. A composição, configuração e distribuição do espaço urbano perpassam, portanto, por movimentos de enquadramentos e resistências entre os agentes envolvidos. O espaço em processo de domesticação torna-se palco para as contradições e para a emergência do novo, abrigando a coexistência de tempos e usos, de propriedades e apropriações, o que coloca em evidência o argumento utilizado por um dos presidentes da Associação dos Feirantes, para quem 'é o feirante que entende de feira'.
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Ideias de reforma e/ou transposição da Feira da Torre têm sido discutidas há algum tempo, tendo em vista o histórico que Brasília possui de remanejamentos do chamado comércio informal para locais periféricos da cidade, em função do fenômeno da monumentalização atrelado à obsessiva higienização dos espaços, fundamentadas, muitas vezes, na ideia de tombamento da cidade como Patrimônio Cultural da Humanidade. O aniversário de 50 anos de Brasília e as expectativas para a Copa do Mundo (2014), no entanto, foram cruciais para levar adiante as propostas de intervenção no espaço. Algumas visitas à Feira da Torre, a realização de entrevistas com os feirantes, a aplicação de questionários, assim como a análise de matérias de jornais que circularam em Brasília entre 2008 e 2013, indicaram que as transformações engendradas no espaço envolveram diferentes interesses dos artesãos e dos agentes públicos, colocando em destaque os conflitos inerentes aos múltiplos significados e apropriações possíveis dos espaços públicos da cidade. Em maio de 2011, a Feira foi reinaugurada num outro local próximo à Torre e o objetivo geral desta pesquisa foi compreender os diferentes mecanismos e agentes de gestão do território, sobretudo dando destaque aos limites, desafios e possibilidades dos artesãos em fazer parte do processo de intervenção da chamada transferência da Feira. A composição, configuração e distribuição do espaço urbano perpassam, portanto, por movimentos de enquadramentos e resistências entre os agentes envolvidos. 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