Gênero, intersexualidade e clínica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dayrell, Vívian de Moura
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional do UniCEUB
Texto Completo: https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/123456789/2620
Resumo: A intersexualidade emergiu como objeto de estudo dentro dos estudos feministas (MACHADO, 2006). Atualmente, é também tema dos estudos de gênero, sexualidade e corpo. Pesquisas sobre os sujeitos intersex suscitam questionamentos sobre a clássica premissa de que o sexo é natural e de que o gênero é efeito do sexo que é um dado biológico, na qual se funda a teoria feminista clássica. Movimentos políticos intersex empregam o termo “intersex” para designar pessoas que possuem corpos que não se enquadram nas concepções vigentes sobre como deve ser o corpo masculino e feminino (PINO, 2007). Os indivíduos intersex também são objetos de estudo das Ciências Biomédicas que compreendem suas variações corporais como Anomalias da Diferenciação Sexual. As intervenções médicas têm se limitado a realizar a cirurgia de “correção genital” e a medicalização, de modo a adequar os corpos a um dos dois gêneros normativos disponíveis em nossa sociedade. Os estados intersex são vistos como um problema a ser corrigido numa lógica cultural biomédica de regulação dos corpos que concebem o sexo como dicotômico (masculino e feminino) e restringem as identidades de gênero ao binarismo homem-mulher e as identidades sexuais a uma suposta coerência entre corpo sexuado, práticas e desejos. Enquanto o modelo biomédico considera os estados intersex como uma anomalia, as militâncias os compreendem como variações da norma (da concepção dominante que provém do modelo biomédico) e reivindicam a possibilidade de existirem como tal sem serem patologizados (MACHADO, 2006). O objetivo desse trabalho é construir reflexões sobre o debate natureza/cultura e sexo/gênero a partir da experiência corporal das pessoas marcadas como intersex para respaldar uma prática psicológica menos normativa e sexista com as identidades de gênero. A teoria queer problematiza as exigências sociais sobre como devem ser homens e mulheres, coloca que essas identidades não são “naturais” e, sim, produtos de ideais regulatórios que regem sua construção (PINO, 2007). Novas subjetivações transcendem o modelo binário de sexo/gênero sinalizando a possibilidade de criação de novos modelos. Cresce o número de pessoas que vivenciam conflitos em relação à sua identidade de gênero e sexual, que não se enquadram no binarismo homem-mulher e aumentou a visibilidade política dessas pessoas. As discussões psicológicas não estão acompanhando os novos debates das teorias de gênero e corpo. Existem poucos trabalhos de Psicologia que têm como objetivo pensar numa clínica para essas novas demandas identitárias. Esse estudo visou ponderar sobre a construção de uma clínica psicológica mais tolerante com as identidades de gênero, que contribua para que o sujeito tenha autonomia e seja agente de sua realidade e identidade, para que possa participar das decisões sobre o seu corpo e seu gênero, mesmo que isso implique em não seguir a ordem prevista da seqüência sexo-gênero-desejo.
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