Sarambipá: esparramos, resistência e rearticulação Guarani na recuperação do Tekoha Guasu extinto pela Itaipu Binacional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Brighenti, Clovis Antonio
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: de Oliveira, Osmarina
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade
Texto Completo: http://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/1795
Resumo: No dia 13 de outubro de 1982 as comportas da hidrelétrica de Itaipu Binacional foram fechadas. Esse ato não acabou apenas com o maior salto por volume d’água no mundo, conhecido como Sete Quedas, mas também com o território Guarani nas margens do Rio Paraná ou o Paraná Rembe, cujas terras eram as que restavam aos Guarani após o processo violento de colonização e, segundo Bonomo, esse seria o território de origem dessa população. Concomitante a construção e instalação da referida obra identificamos dois momentos distintos: o sarambiou esparramo, durante a construção do lago; posteriormente iniciam processo de reagrupamento e reorganização das relações sociopolíticas. Analisaremos esse conflito e os mecanismos de resistência na perspectiva da histórica do povo Guarani seus processos de lutas históricos e contemporâneos no campo político e jurídico. Tendo figurado como protagonista em diferentes contextos e conflitos, como a aliança Guaranítico-jesuíta e a consequente guerra travada contra os impérios ibéricos, a Guerra da Tríplice Aliança, a criação do reservatório de Itaipu etc., este povo viu seu território ser transformar em mercadoria. Na contemporaneidade, os Guarani têm construído diferentes mecanismos de enfrentamento às adversidades, como a ressignificação de sua cosmologia e reorganização sociocultural para assumir uma nova postura diante das adversidades, além da reinterpretação e ressignificação das relações com a terra e o território. Nos contínuos processos de construção e transformação de suas concepções territoriais surge um novo elemento, a retomada de terras enquanto instrumento de resistência. Os processos de retomadas incidem nos territórios alagados por Itaipu Binacional, não em sua composição física, mas na dimensão simbólica, já que essas terras não mais existem. Reformulam seu discurso a fim de reafirmar o direito à terra e para isso mobilizam diferentes mecanismos, como a produção de documentos e a elaboração de novos discursos.  
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