O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Giorgi, Raffaele De
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Direito Brasileira (Online)
Texto Completo: https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/9158
Resumo: O presente é o lugar no qual se representada – é o teatro, na verdade – em que se torna visível, opera-se o condensado semântico, o patrimônio de sentido que se sedimentou como traço do passado, como resíduo seletivo que orienta a ação social. Nesse sentido, o presente não é o início de sua própria temporalidade, mas é consequência, é ponto de chegada. O presente é memória, é diferença entre lembrar e esquecer. O presente é história.E assim: se quisermos compreender o presente como história, é necessário, antes de tudo, esclarecer qual era a modernidade diante da qual corria o século passado em seus primeiros vinte anos. Então poderemos ver quais inércias semânticas continuam a operar em nosso presente e poderemos compreender sua relevância no contexto da autorrepresentação da sociedade e na reflexão de seus limites, ou seja, na imagem de seu presente futuro. Poderemos observar, assim, as características da modernidade de nossa modernidade e o fluxo de sedimentos de sentido que continuam a operar no presente como resíduos das ameaças, inextinguível inércia, como detrito semântico do passado.Descobriremos, então, que o presente está inquinado aquilo que, com Umberto Eco, poderemos chamar, Ur-fascismo, fascismo eterno: este Ur-fascismo adquire no nosso presente conotações particulares que definem o modo pelos quais a política, a economia, mas também o direito - e as religiões que a eles se adaptam - exercem violência contra a complexidade da sociedade moderna. A experiência deste Ur-fascismo nos faz pensar no sonho que José Arcadio Buendia faz, el sueño de los cuartos infinitos: um estranho sonho em que ele despierta hacia atrás, despierta al revés.
id CONPEDI-34_98c29867808b0de12fb5485df72e14bd
oai_identifier_str oai:ojs.indexlaw.org:article/9158
network_acronym_str CONPEDI-34
network_name_str Revista de Direito Brasileira (Online)
repository_id_str
spelling O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNOPresente. História. Modernidade. Ur-fascismo: Fascismo eterno.O presente é o lugar no qual se representada – é o teatro, na verdade – em que se torna visível, opera-se o condensado semântico, o patrimônio de sentido que se sedimentou como traço do passado, como resíduo seletivo que orienta a ação social. Nesse sentido, o presente não é o início de sua própria temporalidade, mas é consequência, é ponto de chegada. O presente é memória, é diferença entre lembrar e esquecer. O presente é história.E assim: se quisermos compreender o presente como história, é necessário, antes de tudo, esclarecer qual era a modernidade diante da qual corria o século passado em seus primeiros vinte anos. Então poderemos ver quais inércias semânticas continuam a operar em nosso presente e poderemos compreender sua relevância no contexto da autorrepresentação da sociedade e na reflexão de seus limites, ou seja, na imagem de seu presente futuro. Poderemos observar, assim, as características da modernidade de nossa modernidade e o fluxo de sedimentos de sentido que continuam a operar no presente como resíduos das ameaças, inextinguível inércia, como detrito semântico do passado.Descobriremos, então, que o presente está inquinado aquilo que, com Umberto Eco, poderemos chamar, Ur-fascismo, fascismo eterno: este Ur-fascismo adquire no nosso presente conotações particulares que definem o modo pelos quais a política, a economia, mas também o direito - e as religiões que a eles se adaptam - exercem violência contra a complexidade da sociedade moderna. A experiência deste Ur-fascismo nos faz pensar no sonho que José Arcadio Buendia faz, el sueño de los cuartos infinitos: um estranho sonho em que ele despierta hacia atrás, despierta al revés.Conselho Nacional de Pesquisa e Pos-Graduacao em Direito - CONPEDIGiorgi, Raffaele De2023-02-17info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/915810.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2022.v32i12.9158Revista de Direito Brasileira; v. 32, n. 12 (2022); 4-162358-13522237-583Xreponame:Revista de Direito Brasileira (Online)instname:Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI)instacron:CONPEDIporhttps://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/9158/6469Direitos autorais 2023 Revista de Direito Brasileirainfo:eu-repo/semantics/openAccess2023-05-15T23:38:10Zoai:ojs.indexlaw.org:article/9158Revistahttps://www.indexlaw.org/index.php/rdb/PRIhttps://www.indexlaw.org/index.php/rdb/oairevistardb@gmail.com2358-13522237-583Xopendoar:2023-05-15T23:38:10Revista de Direito Brasileira (Online) - Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI)false
dc.title.none.fl_str_mv O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO
title O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO
spellingShingle O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO
Giorgi, Raffaele De
Presente. História. Modernidade. Ur-fascismo: Fascismo eterno.
title_short O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO
title_full O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO
title_fullStr O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO
title_full_unstemmed O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO
title_sort O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO
author Giorgi, Raffaele De
author_facet Giorgi, Raffaele De
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv
dc.contributor.author.fl_str_mv Giorgi, Raffaele De
dc.subject.por.fl_str_mv Presente. História. Modernidade. Ur-fascismo: Fascismo eterno.
topic Presente. História. Modernidade. Ur-fascismo: Fascismo eterno.
description O presente é o lugar no qual se representada – é o teatro, na verdade – em que se torna visível, opera-se o condensado semântico, o patrimônio de sentido que se sedimentou como traço do passado, como resíduo seletivo que orienta a ação social. Nesse sentido, o presente não é o início de sua própria temporalidade, mas é consequência, é ponto de chegada. O presente é memória, é diferença entre lembrar e esquecer. O presente é história.E assim: se quisermos compreender o presente como história, é necessário, antes de tudo, esclarecer qual era a modernidade diante da qual corria o século passado em seus primeiros vinte anos. Então poderemos ver quais inércias semânticas continuam a operar em nosso presente e poderemos compreender sua relevância no contexto da autorrepresentação da sociedade e na reflexão de seus limites, ou seja, na imagem de seu presente futuro. Poderemos observar, assim, as características da modernidade de nossa modernidade e o fluxo de sedimentos de sentido que continuam a operar no presente como resíduos das ameaças, inextinguível inércia, como detrito semântico do passado.Descobriremos, então, que o presente está inquinado aquilo que, com Umberto Eco, poderemos chamar, Ur-fascismo, fascismo eterno: este Ur-fascismo adquire no nosso presente conotações particulares que definem o modo pelos quais a política, a economia, mas também o direito - e as religiões que a eles se adaptam - exercem violência contra a complexidade da sociedade moderna. A experiência deste Ur-fascismo nos faz pensar no sonho que José Arcadio Buendia faz, el sueño de los cuartos infinitos: um estranho sonho em que ele despierta hacia atrás, despierta al revés.
publishDate 2023
dc.date.none.fl_str_mv 2023-02-17
dc.type.none.fl_str_mv
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/9158
10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2022.v32i12.9158
url https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/9158
identifier_str_mv 10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2022.v32i12.9158
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/9158/6469
dc.rights.driver.fl_str_mv Direitos autorais 2023 Revista de Direito Brasileira
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Direitos autorais 2023 Revista de Direito Brasileira
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Conselho Nacional de Pesquisa e Pos-Graduacao em Direito - CONPEDI
publisher.none.fl_str_mv Conselho Nacional de Pesquisa e Pos-Graduacao em Direito - CONPEDI
dc.source.none.fl_str_mv Revista de Direito Brasileira; v. 32, n. 12 (2022); 4-16
2358-1352
2237-583X
reponame:Revista de Direito Brasileira (Online)
instname:Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI)
instacron:CONPEDI
instname_str Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI)
instacron_str CONPEDI
institution CONPEDI
reponame_str Revista de Direito Brasileira (Online)
collection Revista de Direito Brasileira (Online)
repository.name.fl_str_mv Revista de Direito Brasileira (Online) - Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI)
repository.mail.fl_str_mv revistardb@gmail.com
_version_ 1803388908803719168