Comunicação e Covid-19: interlocuções criativas de populações vulneráveis no Distrito Federal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cavaca, Aline Guio
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: Oliveira, Isabella Moura de, Elias, Webert da Cruz, Santos, Andressa Bruna Rodrigues, Araújo, Ruan Italo de
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57875
Resumo: Trabalho apresentado na 9ª Conferencia Latinoamericana y Caribeña de Ciencias Sociales realizado nos dias 7 a 10 de junho de 2022 na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), Ciudad de México, México.
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Nesse cenário, a comunicação e a educação em saúde revelam-se centrais no enfrentamento junto às comunidades. É certo que comunicar e educar dependem fortemente da capacidade de contextualização das realidades e necessidades existentes. Entretanto, percebe-se a multiplicação exponencial de produção e circulação de informações relacionadas ao Covid-19 voltadas para grandes públicos, enquanto poucas estratégias educacionais são contextualizadas para públicos específicos, tais como as populações vulnerabilizadas. A desigualdade social no Brasil amplifica os efeitos nefastos da pandemia de Covid-19 nas populações vulneráveis, tanto em aspectos sociais, econômicos e sanitários quanto em relação ao acesso à saúde e à informação e comunicação. Um dos maiores desafios comunicacionais configura-se no desenvolvimento de percursos de diálogo e de produção de saberes, que permitam o acesso ao conhecimento e o comprometimento da população às práticas de cuidado e prevenção da doença, que sejam contextualizadas às necessidades e demandas próprias. A presente pesquisa está referida ao núcleo do Distrito Federal (DF) da investigação “Pandemia e contextos criativos: cartografia de tecnologias e arranjos de informação e comunicação de populações negligenciadas para enfrentamento da Covid-19”, coordenada pelo Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde do ICICT (Laces) e financiado pelo edital Encomendas Estratégicas - Inova Covid-19 –Geração de Conhecimento, da Fundação Oswaldo Cruz, Brasil. A pesquisa multicêntrica conta com cinco núcleos regionais, a saber: Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Fiocruz Pernambuco; ICICT-Fiocruz e Fiocruz Brasília. No DF, a unidade da federação mais desigual do país, foi evidenciada a existência dessas estratégias comunicacionais próprias das comunidades periféricas, numa série de oficinas com comunicadores populares, organizadas pela Fiocruz-Brasília, em 2020. Assim sendo, entende-se que a cartografia de iniciativas como essas pode auxiliar as instituições de saúde na formulação de políticas mais reconhecidas e apropriadas pela população. Este trabalho objetivou produzir conhecimento sobre tecnologias informacionais e comunicacionais de populações vulnerabilizadas no território do Distrito Federal no contexto do enfrentamento da pandemia do Covid-19. Trata-se de uma pesquisa transversal qualitativa, orientada por cinco etapas, comuns aos cinco núcleos regionais da pesquisa: 1) Identificação das experiências, por meio de mapeamento pela internet (redes sociais, sites, blogs, etc) dos grupos comunitários que atuaram/atuam no enfrentamento da Covid nos territórios do DF; 2) Caracterização das tecnologias e atores sociais, através da identificação de liderança dos grupos, contato por telefone/whatsapp/email, aprofundamento da caracterização das tecnologias e descrição sistemática das experiências; 3) Compreensão das perspectivas e ressignificações, por meio de entrevista virtual com atores-chave, transcrição e análise de conteúdo do material empírico; 4) Apresentação dos resultados às lideranças para validação, em sessão coletiva virtual por núcleo e 5) elaboração colaborativa e compartilhamento de estratégias, por meio de produção de material audiovisual digital juntamente com as comunidades. O presente resumo trata da apresentação das etapas um, dois e três da pesquisa no Distrito Federal, especificamente relacionada aos resultados referentes às tecnologias comunicacionais utilizadas pelas iniciativas mapeadas. Inicialmente, foram mapeadas pela internet 14 iniciativas no DF, relacionadas a atividades comunitárias e periféricas, que tinham algum componente comunicacional sobre Covid-19 direcionado à comunidade em suas práticas. Após uma primeira análise, foram selecionadas dez experiências. As respectivas lideranças foram contatadas e entrevistadas. O material empírico, resultante do mapeamento das iniciativas e transcrição das entrevistas, foi analisado e será brevemente apresentado a seguir: • Experiência 1 - Território Cultural Mercado Sul , Taguatinga (DF). Trata-se de uma ocupação cultural que, desde 2014, desenvolve projetos dirigidos à rede de moradores e apoiadores, como artesãos, mães, jovens, crianças, famílias de artistas, dentre outros. No contexto pandêmico, os próprios moradores criaram produtos comunicacionais, tais como cards, colagens, lambes, notícias, gráficos e jornais em torno das reivindicações da comunidade. O “boca a boca” e as histórias e vida dos moradores foram acionadas como tecnologias comunicacionais. • Experiência 2 - Coletivo Nós por Nós , Cidade Ocidental (GO). Coletivo feminista, que utilizam uma comunicação não academicista, objetivando uma linguagem que faça sentido para a comunidade. A principal tecnologia comunicacional é a articulação em rede. • Experiência 3 - Casa Akotirene , Ceilândia (DF). Quilombo urbano. Atua com entrega de cestas básicas, projetos educacionais, acompanhamento psicossocial. Desenvolveram atividades online, oficinas, lives, projetos, além de acompanhamentos presenciais diversos, uma vez que aproximadamente 90% das mulheres da comunidade não possuem redes sociais. • Experiência 4 - RUAS , Ceilândia (DF). Projeto iniciado em 1998, que funciona como apoio e ponto focal para diversos projetos no DF. Durante a pandemia, o RUAS apresentou produtos comunicacionais como rádios comunitárias, fanzines, blogs, lambes, podcasts, cards informativos, além de auxílios financeiros e alimentares diversos. • Experiência 5 - Distrito Drag, Brasília (DF). Coletivo cultural e político de artistas transformistas, com propósito de debater política e arte, buscando ser uma entidade LGBTQIAP+ que represente o movimento. Na pandemia, utilizam diversas redes sociais como principais meios de comunicação, além de se valerem do Advocacy como estratégia de atuação junto às comunidades. • Experiência 6 - Portal Canário, Brasília (DF). Jornal universitário online independente, que surge como um instrumento de defesa da voz estudantil. Utilizam apenas tecnologias digitais para disseminação de informações. Durante a pandemia, aborda reivindicações, cuidados, análise de dados, pesquisas, balanços e reportagens, direcionadas ao público universitário. • Experiência 7 - No Setor, Brasília (DF). Desde 2015 realiza ações culturais e sociais para a população em situação de rua. Durante a pandemia intensificou as ações voltadas para esse público, principalmente através de iniciativas assistenciais e preventivas, sendo o contato presencial e oral o considerado mais eficaz. Utilizam os equipamentos territoriais como instrumentos de comunicação: hortas, banheiros e lugares comuns de manejo de diálogo. • Experiência 8 - Diário de Ceilândia, Ceilândia (DF). Jornal comunitário independente, que durante a pandemia concentrou seu fluxo de produção noticioso para auxílio informacional da população. Realiza divulgação de dados, campanhas de vacinação para setores vulneráveis e auxílios para a comunidade. • Experiência 9 - Guardiões da Saúde, Brasília (DF). Projeto de extensão da UnB, o qual desenvolveu um aplicativo, com objetivo de identificar possíveis surtos epidemiológicos no Brasil. Na pandemia, o aplicativo consegue analisar os casos com boletins gerais e monitoramento da comunidade acadêmica. • Experiência 10 - Instituto Barba na Rua, Brasília (DF). Rede de solidariedade que desenvolve trabalhos voltados para a população em situação de rua. As principais tecnologias utilizadas são TV comunitária, redes sociais como Instagram, Facebook e Twiter, além de programa de rádio. Não utiliza material impresso, pois não se encaixa na realidade da população atendida. Os resultados evidenciaram que as principais tecnologias comunicacionais utilizadas pelas iniciativas estudadas diziam respeito às realidades locais em que estavam inseridas, respeitando as características e representatividades de suas comunidades. Como exemplo, destacamos a priorização de atividades presenciais em locais com pouco acesso a redes sociais, e o aproveitamento de tecnologias territoriais comuns a populações de rua, uma vez que a distribuição massiva de impressos se mostrou pouco profícua para esse público. Em síntese, podemos concluir que é imprescindível a criação de processos de escuta, diálogo e produção em conjunto de informações em saúde que sejam reconhecidas como legítimas pelo público a que se destinam.Fundação Oswaldo Cruz. Escola de Governo Fiocruz Brasília. Brasília, DF, Brasil.Universidade de Brasília. Brasília, DF, BrasilFundação Oswaldo Cruz. Diretoria Regional de Brasília. Brasília, DF, Brasil.Universidade de Brasília. Brasília, DF, BrasilUniversidade de Brasília. Brasília, DF, BrasilporCLACSOComunicação e saúdeSaúde coletivaComunicação popularComunicação em SaúdePopulações VulneráveisCOVID-19Comunicação e Covid-19: interlocuções criativas de populações vulneráveis no Distrito Federalinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjectinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82991https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/57875/1/license.txt5a560609d32a3863062d77ff32785d58MD51ORIGINALve_Aline_Cavaca_FiocruzBSB_2022.pdfve_Aline_Cavaca_FiocruzBSB_2022.pdfapplication/pdf336989https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/57875/2/ve_Aline_Cavaca_FiocruzBSB_2022.pdf402993b13da835dd98afc33f49643751MD52icict/578752023-04-18 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