Consenso Brasileiro em Doença de Chagas, 2005
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Data de Publicação: | 2005 |
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Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/60689 |
Resumo: | Durante longo tempo a Doença de Chagas não teve, nos Programas de Saúde Pública, a prioridade que, por sua prevalência e morbidade, lhe deveria ter sido dada. De início, por dificuldades diagnósticas sua existência foi posta em dúvida. Depois, por sua pouca visibilidade, pela circunstância de acometer, geralmente, parcela mais desprotegida da população, cujas necessidades não são entendidas ou ouvidas pelos que detêm as condições para resolvê-las. Por fim, as indecisões quanto ao rumo das ações a serem empreendidas, resumidas no dilema BNH ou BHC, para indicar as preferências por construir moradias (Banco Nacional de Habitação) ou usar inseticidas, como se a prioridade por uma devesse excluir a outra. Desde a década de 1970 as diretrizes foram direcionadas no sentido de interromper, o mais rapidamente possível, a transmissão vetorial, pelo emprego de inseticidas. As moradias seriam construídas dentro do possível, como acabou acontecendo em certas regiões. Concomitantemente, mais pelo receio da imunodeficiência humana adquirida e da hepatite pelo vírus B, adoção de medidas preventivas permitiu controlar, também, a transmissão por meio das transfusões de sangue e derivados. Assim sendo, foram estancados os dois mananciais mais importantes que, anualmente, alimentavam com cerca de 100.000 novos casos a população de chagásicos do país. Logrado o êxito inicial representado pela eliminação dos triatomíneos de hábitos essencialmente domésticos, em especial o T. infestans, os esforços se concentram no sentido de manter os resultados obtidos, consolidar o controle de focos residuais, impedir o estabelecimento de novos focos de transmissão vetorial, principalmente por espécies até então consideradas como de importância secundária, como Panstrongylus lutzi, Panstrongylus geniculata, Triatoma rubrovária, Triatoma brasiliense ou Triatoma sordida. Estamos observando que a Doença de Chagas na Amazônia constitui nova realidade, cujo potencial como problema de Saúde Pública na região ainda está sendo compreendido e necessita ser devidamente explorado. Embora a transmissão congênita do Tripanosoma cruzi no Brasil não tenha mostrado a freqüência assinalada em outros países, esta via de transmissão necessita ser mais bem estudada entre nós em função da existência de situações especiais, como ocorre no Rio Grande do Sul. Os pacientes infectados remanescentes não podem ser desconsiderados. Embora este problema tenda a ser minimizado a longo prazo, se novos pacientes não mais forem infectados, no momento ele é prioritário. Tais pacientes representam grande sobrecarga para os serviços de atenção médica, necessitando frequentemente de cuidados especiais nos diversos níveis de atendimento. Todas as questões acima mencionadas foram devidamente consideradas em recente reunião de conhecedores do assunto, sob o patrocínio do Ministério da Saúde. Dela resultou o consenso que está sendo publicado e que constitui iniciativa de grande interesse. É muito oportuno pelo seu sentido amplo, compreendendo todas as situações relacionadas aos vários aspectos da Doença de Chagas. O documento servirá de orientação para os profissionais de saúde envolvidos na tarefa de lutar contra a Doença de Chagas, evitando sua propagação e amenizando suas conseqüências. Ainda não havíamos obtido um documento englobando os diferentes aspectos relacionados à Doença de Chagas e que, ademais, servisse de fonte de inspiração para os pesquisadores que se dedicam a resolver problemas e ampliar conhecimentos. |
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Consenso Brasileiro em Doença de Chagas, 2005. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 38, supl. 3, p. 1-30, 2005.0037-8682https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/606891678-9849Durante longo tempo a Doença de Chagas não teve, nos Programas de Saúde Pública, a prioridade que, por sua prevalência e morbidade, lhe deveria ter sido dada. De início, por dificuldades diagnósticas sua existência foi posta em dúvida. Depois, por sua pouca visibilidade, pela circunstância de acometer, geralmente, parcela mais desprotegida da população, cujas necessidades não são entendidas ou ouvidas pelos que detêm as condições para resolvê-las. Por fim, as indecisões quanto ao rumo das ações a serem empreendidas, resumidas no dilema BNH ou BHC, para indicar as preferências por construir moradias (Banco Nacional de Habitação) ou usar inseticidas, como se a prioridade por uma devesse excluir a outra. Desde a década de 1970 as diretrizes foram direcionadas no sentido de interromper, o mais rapidamente possível, a transmissão vetorial, pelo emprego de inseticidas. As moradias seriam construídas dentro do possível, como acabou acontecendo em certas regiões. Concomitantemente, mais pelo receio da imunodeficiência humana adquirida e da hepatite pelo vírus B, adoção de medidas preventivas permitiu controlar, também, a transmissão por meio das transfusões de sangue e derivados. Assim sendo, foram estancados os dois mananciais mais importantes que, anualmente, alimentavam com cerca de 100.000 novos casos a população de chagásicos do país. Logrado o êxito inicial representado pela eliminação dos triatomíneos de hábitos essencialmente domésticos, em especial o T. infestans, os esforços se concentram no sentido de manter os resultados obtidos, consolidar o controle de focos residuais, impedir o estabelecimento de novos focos de transmissão vetorial, principalmente por espécies até então consideradas como de importância secundária, como Panstrongylus lutzi, Panstrongylus geniculata, Triatoma rubrovária, Triatoma brasiliense ou Triatoma sordida. Estamos observando que a Doença de Chagas na Amazônia constitui nova realidade, cujo potencial como problema de Saúde Pública na região ainda está sendo compreendido e necessita ser devidamente explorado. Embora a transmissão congênita do Tripanosoma cruzi no Brasil não tenha mostrado a freqüência assinalada em outros países, esta via de transmissão necessita ser mais bem estudada entre nós em função da existência de situações especiais, como ocorre no Rio Grande do Sul. Os pacientes infectados remanescentes não podem ser desconsiderados. Embora este problema tenda a ser minimizado a longo prazo, se novos pacientes não mais forem infectados, no momento ele é prioritário. Tais pacientes representam grande sobrecarga para os serviços de atenção médica, necessitando frequentemente de cuidados especiais nos diversos níveis de atendimento. Todas as questões acima mencionadas foram devidamente consideradas em recente reunião de conhecedores do assunto, sob o patrocínio do Ministério da Saúde. Dela resultou o consenso que está sendo publicado e que constitui iniciativa de grande interesse. É muito oportuno pelo seu sentido amplo, compreendendo todas as situações relacionadas aos vários aspectos da Doença de Chagas. O documento servirá de orientação para os profissionais de saúde envolvidos na tarefa de lutar contra a Doença de Chagas, evitando sua propagação e amenizando suas conseqüências. Ainda não havíamos obtido um documento englobando os diferentes aspectos relacionados à Doença de Chagas e que, ademais, servisse de fonte de inspiração para os pesquisadores que se dedicam a resolver problemas e ampliar conhecimentos.Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Medicina. Uberlândia, MG, Brasil.Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Fortaleza, CE, Brasil.Universidade Federal do Goiás. Goiânia, GO, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Uberaba, MG, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Hospital Anis Rassi. Goiânia, GO, Brasil.Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Distrito Federal, DF, Brasil.Organização Pan Americana de Saúde. Brasília, DF, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos). Rio de Janeiro, RJ, Brazil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Universidade de Brasília. Brasília, DF, Brasil.Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. São Paulo, SP, Brazil.Instituto de Pesquisa e Diagnóstico da APAE. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Universidade de Brasília. Brasília, DF, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Fundação Nacional de Saúde. Brasília, DF, Brasil.Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Departamento de Ciências Biológicas. Uberaba, MG, Brasil.Universidade Federal de Goiás. Goiânia, GO, Brasil.Universidade Estadual de Londrina. Faculdade de Medicina. Londrina, PR, Brasil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brasil.Fundação Ezequiel Dias. Belo Horizonte, MG, Brasil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Uberaba, MG, Brasil.Universidade Federal de Goiás. Goiânia, GO, Brasil.Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Distrito Federal, DF, Brasil.Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. Campinas, SP, Brasil.Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Distrito Federal, DF, Brasil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. São Paulo, SP, Brasil.Fundação Nacional de Saúde. Brasília, DF, Brasil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Distrito Federal, DF, Brasil.Universidade Federal de Goiás. Goiânia, GO, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Medicina. Uberlândia, MG, Brasil.Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Distrito Federal, DF, Brasil.Instituto de Pesquisa e Diagnóstico da APAE. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. São Paulo, SP, Brasil.Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. Campinas, SP, Brasil.Fundação Nacional de Saúde. Brasília, DF, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Instituto Evandro Chagas. Ananindeua, PA, Brasil.Universidade Federal do Rio de Janeiro. Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, MG, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Gonçalo Muniz. Salvador, BA, RJ, Brasil.Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Distrito Federal, DF, Brasil.Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. São Paulo, SP, Brasil.Universidade de Brasília. Brasília, DF, Brasil.Universidade de Pernambuco. Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco. Recife, PE, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães. Recife, PE, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. 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Chagas Disease Epidemiology Control Diagnosis Treatment Health Care Consensus Brazil |
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Durante longo tempo a Doença de Chagas não teve, nos Programas de Saúde Pública, a prioridade que, por sua prevalência e morbidade, lhe deveria ter sido dada. De início, por dificuldades diagnósticas sua existência foi posta em dúvida. Depois, por sua pouca visibilidade, pela circunstância de acometer, geralmente, parcela mais desprotegida da população, cujas necessidades não são entendidas ou ouvidas pelos que detêm as condições para resolvê-las. Por fim, as indecisões quanto ao rumo das ações a serem empreendidas, resumidas no dilema BNH ou BHC, para indicar as preferências por construir moradias (Banco Nacional de Habitação) ou usar inseticidas, como se a prioridade por uma devesse excluir a outra. Desde a década de 1970 as diretrizes foram direcionadas no sentido de interromper, o mais rapidamente possível, a transmissão vetorial, pelo emprego de inseticidas. As moradias seriam construídas dentro do possível, como acabou acontecendo em certas regiões. Concomitantemente, mais pelo receio da imunodeficiência humana adquirida e da hepatite pelo vírus B, adoção de medidas preventivas permitiu controlar, também, a transmissão por meio das transfusões de sangue e derivados. Assim sendo, foram estancados os dois mananciais mais importantes que, anualmente, alimentavam com cerca de 100.000 novos casos a população de chagásicos do país. Logrado o êxito inicial representado pela eliminação dos triatomíneos de hábitos essencialmente domésticos, em especial o T. infestans, os esforços se concentram no sentido de manter os resultados obtidos, consolidar o controle de focos residuais, impedir o estabelecimento de novos focos de transmissão vetorial, principalmente por espécies até então consideradas como de importância secundária, como Panstrongylus lutzi, Panstrongylus geniculata, Triatoma rubrovária, Triatoma brasiliense ou Triatoma sordida. Estamos observando que a Doença de Chagas na Amazônia constitui nova realidade, cujo potencial como problema de Saúde Pública na região ainda está sendo compreendido e necessita ser devidamente explorado. Embora a transmissão congênita do Tripanosoma cruzi no Brasil não tenha mostrado a freqüência assinalada em outros países, esta via de transmissão necessita ser mais bem estudada entre nós em função da existência de situações especiais, como ocorre no Rio Grande do Sul. Os pacientes infectados remanescentes não podem ser desconsiderados. Embora este problema tenda a ser minimizado a longo prazo, se novos pacientes não mais forem infectados, no momento ele é prioritário. Tais pacientes representam grande sobrecarga para os serviços de atenção médica, necessitando frequentemente de cuidados especiais nos diversos níveis de atendimento. Todas as questões acima mencionadas foram devidamente consideradas em recente reunião de conhecedores do assunto, sob o patrocínio do Ministério da Saúde. Dela resultou o consenso que está sendo publicado e que constitui iniciativa de grande interesse. É muito oportuno pelo seu sentido amplo, compreendendo todas as situações relacionadas aos vários aspectos da Doença de Chagas. O documento servirá de orientação para os profissionais de saúde envolvidos na tarefa de lutar contra a Doença de Chagas, evitando sua propagação e amenizando suas conseqüências. Ainda não havíamos obtido um documento englobando os diferentes aspectos relacionados à Doença de Chagas e que, ademais, servisse de fonte de inspiração para os pesquisadores que se dedicam a resolver problemas e ampliar conhecimentos. |
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