Vigilância entomológica de Triatoma sordida (Stål, 1859) em Araguaiana, Estado de Mato Grosso, Brasil

• Autor(a) principal: Martins, Mirian Francisca
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
• Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55192
• topic: Triatoma sordida; Trypanosoma cruzi; Doença de Chagas; Mermithidae; Mato Grosso; Triatoma sordida; Trypanosoma cruzi; Chagas Disease; Mermithidae; Triatoma; Controle de Vetores; Trypanosoma cruzi; Mermithoidea

O município de Araguaiana situa-se no leste mato-grossense e pertence à Região de Saúde Garças Araguaia. O objetivo do presente trabalho foi estudar os vetores locais de Trypanosoma cruzi, quanto aos indicadores entomológicos, a sazonalidade, a taxa de infecção natural por T. cruzi, a fonte alimentar, morfometria geométrica alar e possíveis interferências bioclimáticas na densidade de Triatoma sordida. O estudo foi realizado em duas áreas rurais distintas: inundável (I) e não inundável (NI). A pesquisa entomológica foi pelo método de busca ativa, de junho de 2017 a março de 2019, em 47 unidades domiciliares (UD) de 28 localidades. Foram coletados 1491 triatomíneos, T. sordida foi a espécie mais abundante (99,8 %). Não houve diferença significativa entre a densidade de triatomíneos para as áreas I e NI. A partir da identificação e contagem dos triatomíneos coletados, foram calculados os indicadores de infestação domiciliar (ID), densidade, aglomeração e colonização. A ID por T. sordida foi alta: 70 % (33/47), a densidade foi de 31,72 %, a colonização intradomiciliar foi baixa 3 % (1/33) já a peridomiciliar foi elevada 81,8 % (27/33). A aglomeração foi de 45,2 %. Galinheiros e curral de carneiros foram os ecótopos com maior ID: 97,4 % (1452/1491) e 1,7 % (25/1491), respectivamente. A IN dos triatomíneos foi detectada a partir do exame parasitológico de fezes a fresco e por biologia molecular para 50 % dos espécimes de T. sordida coletados (665). As análises para T. cruzi mostraram baixas taxas de IN, considerando o exame direto (0 %) e a PCR convencional (10,9 %). De espécimes onde se visualizou-se resíduo de sangue no extrato intestinal (566), realizou-se ELISA testando 11 sorotipos para identificação das fontes alimentares. O hábito alimentar de T. sordida foi eclético com reatividade de 88,4 % (500/566) para um ou mais dos antissoros testados. Dos 500 reativos, em percentual decrescente observou-se: ave (97,4 %), gambá (15 %), tatu (5 %), réptil (2,6 %), cão (1,4 %), gato (1,2 %), cabra (1 %), ovelha (0,8 %), humano, roedor e cavalo (0,4 %) para os três últimos, com preferência alimentar estatisticamente significativa para ave e gambá, para as duas áreas pesquisadas (I e NI). Para realização da morfometria geométrica alar, foram utilizadas as asas direitas de fêmeas de T. sordida. Os resultados não revelaram influência significativa das distintas áreas de coleta sobre o tamanho e forma das asas de T. sordida, apesar do encontro de asas maiores nos espécimes da área I. Foi investigada a possível interferência de fatores bioclimáticos, temperatura, umidade relativa, precipitação pluviométrica, na densidade populacional de T. sordida, encontrando-se correlação com a precipitação. Medidas de manejo ambiental associadas ao controle químico residual foram efetivas para a eliminação da população de triatomíneos. Registrou-se pela primeira vez o parasitismo de uma ninfa de T. sordida por nematódeo. Estes resultados enfatizam a necessidade de manutenção das ações de vigilância entomológica e controle, bem como a importância das ações de educação em saúde permanente para evitar a ocorrência de casos novos da doença de Chagas humana