Os tempos e as relações de gênero: o cotidiano de enfermeiras e enfermeiros a partir do tempo de trabalho no hospital
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/7678 |
Resumo: | Este estudo buscou analisar os tempos da vida cotidiana de enfermeiros e enfermeiras a partir das relações de gênero e das situações de simultaneidade e de permeabilidade entre as esferas pública e privada. O aporte teórico se embasa na teoria da configuração de interdependências , elaborada por Norbert Elias, no conceito de divisão sexual do trabalho (Helena Hirata e Danièle Kergoat), articulados às concepções de conflito trabalho-família (Joseph Pleck) e de monocronia e policronia (Edward Hall). A pesquisa foi realizada a partir da triangulação de métodos quantitativos e qualitativos, com vistas a investigar os usos do tempo, bem como os aspectos subjetivos dessas experiências.Buscou-se a aproximação com a dialética no sentido de compreender as relações entre os seres humanos na totalidade dinâmica das relações sociais de produção e reprodução (Minayo, 2006). O trabalho de campo foi realizado em um hospital universitário da região metropolitana do Rio de Janeiro. A obtenção do material empírico ocorreu em duas etapa ssucessivas e complementares através de contato com 18 (dezoito) enfermeiros e 24 (vinte e quatro) enfermeiras durante a jornada de trabalho. A primeira etapa se refere à coleta de dados através do registro, pelos sujeitos, do tempo dedicado a diversas atividades ao longo de uma semana. A segunda etapa abordou aspectos subjetivos das experiências de usos dostempos, através de entrevistas semi-estruturadas que propiciavam uma auto confrontação do(a) entrevistado(a) com o próprio tempo, através da inspeção de uma imagem queilustrava a distribuição dos tempos durante os 07 (sete) dias de registro. A entrevista também se baseou em um roteiro com perguntas abertas, cujas informações estavam relacionadas à organização do próprio tempo, preocupações na esfera doméstica e no trabalho profissional, à divisão do trabalho doméstico, à relação entre o tempo usado para si e para os outros e à realização de atividades simultâneas, com destaque para as relações de gênero. O material de análise permitiu identificar conflitos de interesses, disputas de poder e desigualdades de gênero nas relações cotidianas de cada sujeito e entre os grupos estudados, afetando não só a saúde física e mental, como os modos de organizar o cotidiano. As situações de permeabilidades entre os espaços e tempos público-privado e os usos simultâneos do tempo foram mais comuns entre as enfermeiras. Ainda que essas exerçam funções gerenciais que se remetam a relações de poder e os enfermeiros tenham sofrido influência de sua formação em uma profissão feminina, foram observadas as simetrias de gênero, reforçando padrões tradicionais de desigualdade, sobretudo no âmbito privado. Todavia, foram identificados movimentos de equilíbrio de poder que suscitam reflexões quanto à necessidade de mudanças de estilos de vida. Além de propiciar diálogo entre disciplinas, os resultados apontam para a necessidade de políticas públicas que promovam equidade nas relações de gênero com vistas ao exercício de posturas mais tolerantes e discursos mais plurais capazes de respeitar as diferenças entre os tempos individuais e coletivos. |
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A pesquisa foi realizada a partir da triangulação de métodos quantitativos e qualitativos, com vistas a investigar os usos do tempo, bem como os aspectos subjetivos dessas experiências.Buscou-se a aproximação com a dialética no sentido de compreender as relações entre os seres humanos na totalidade dinâmica das relações sociais de produção e reprodução (Minayo, 2006). O trabalho de campo foi realizado em um hospital universitário da região metropolitana do Rio de Janeiro. A obtenção do material empírico ocorreu em duas etapa ssucessivas e complementares através de contato com 18 (dezoito) enfermeiros e 24 (vinte e quatro) enfermeiras durante a jornada de trabalho. A primeira etapa se refere à coleta de dados através do registro, pelos sujeitos, do tempo dedicado a diversas atividades ao longo de uma semana. 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As situações de permeabilidades entre os espaços e tempos público-privado e os usos simultâneos do tempo foram mais comuns entre as enfermeiras. Ainda que essas exerçam funções gerenciais que se remetam a relações de poder e os enfermeiros tenham sofrido influência de sua formação em uma profissão feminina, foram observadas as simetrias de gênero, reforçando padrões tradicionais de desigualdade, sobretudo no âmbito privado. Todavia, foram identificados movimentos de equilíbrio de poder que suscitam reflexões quanto à necessidade de mudanças de estilos de vida. Além de propiciar diálogo entre disciplinas, os resultados apontam para a necessidade de políticas públicas que promovam equidade nas relações de gênero com vistas ao exercício de posturas mais tolerantes e discursos mais plurais capazes de respeitar as diferenças entre os tempos individuais e coletivos.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. 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