Participação de Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806) e Ctenocephalides felis felis (Bouché, 1835) na epidemiologia da leishmaniose visceral canina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paz, Gustavo Fontes
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20831
Resumo: Foi realizado um estudo caso-controle par a avaliar possíveis associações entre as infestações por Rhipicephalus sanguineus, ou por Ctenocephalides felis felis, e a detecção de anticorpos anti – Leishmania em cães de uma área endêmica para leishmaniose visceral. Foi avaliado, também, a capacidade vetorial de R. sanguineus na transmissão da leishmaniose visceral canina (LVC), utilizando condições controladas de laboratório. Para o estudo caso- controle, foi utilizada uma amostr a de 200 cães soropositivos e 200 soronegativos provenientes de um inquér ito sorológico censitário em 5556 cães, dos quais 7,8% (432) foram positivos na detecção de anticorpos anti – Leishmania pelos testes de ELISA e RIFI (Bio-Manguinhos). Os cães foram considerados infestados ou não por carrapato e pulga com base em inspeção direta para detecção dos ectoparasitas. Foi realizado o georreferenciamento dos cães soropositivos e da presença dos ectoparasitos na área de estudo. O estudo em condições controladas para a detecção da infecção de R. sanguineus por Leishmania sp., assim como uma possível interação entre estas duas espécies, foi realizado utilizando a P CR, isolamento em cultura e esfregaço em lâminas coradas por P anótico-Laborclin. Os exames foram realizados em estádios do carrapato provenientes de in festação artificial em cães com LVC. Os cães utilizados no experimento foram infectivos para Lutzomyia longipalpis pelo exame de xenodiagnóstico . Antes da realização dos exames os estádios foram mantidos de 4 a 15 dias em condições controladas de laboratório. A prevalência de infestação por R. sanguineus nos cães soropositivos (38,5%) foi significativ amente maior que nos cães soronegativos (29%) (p=0,04); para C. felis felis também houve diferença significativa nas prevalências de infestação (36,5% e 15, 5%, respectivamente) (p<0,01). A chance de positividade para Leishmania sp. foi 53% mais alta nos cães infestados por carrapato (Odds ratio [OR] = 1,53; intervalo de 95% de confiança [IC95%] = 1,01-2,33 ) e cerca de 3 vezes mais alta nos cães com infestação por pulga (OR = 3,13; IC95% = 1,94-5,06). Ambos os ectoparasitos estiveram amplamente distribuídos na área de estudo com uma tendência em acompanhar a distribuição dos cães soro positivos. A presença de anticorpos anti – Leishmania mostrou – se associad a tanto à infestação por R. sanguineus quanto por C. felis felis . No estudo controlado, fora m positivos pela PCR 10 “pools” de estádios do ca rrapato, incluindo estádios de ecdises sem alimentar. Nos esfregaços não foram observadas fo rmas parasitológicas sugestivas de Leishmania spp . , embora pode – se observar a presença de uma estrutura flagelada em um estádio de larv a ingurgitada suge stivo de um tripanosomatídeo. Na cultura em meio NNN/LIT de todos os estádios analisados não foi observ ado o crescimento de Leishmania spp. Potenciais explicações para estes resultados rec aem sobre a capacidade vetorial dessas espécies em transmitir Leishmania sp. para a população canina, porém mais estudos são necessários para rejeitar ou não essa hipótese.
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Foi avaliado, também, a capacidade vetorial de R. sanguineus na transmissão da leishmaniose visceral canina (LVC), utilizando condições controladas de laboratório. Para o estudo caso- controle, foi utilizada uma amostr a de 200 cães soropositivos e 200 soronegativos provenientes de um inquér ito sorológico censitário em 5556 cães, dos quais 7,8% (432) foram positivos na detecção de anticorpos anti – Leishmania pelos testes de ELISA e RIFI (Bio-Manguinhos). Os cães foram considerados infestados ou não por carrapato e pulga com base em inspeção direta para detecção dos ectoparasitas. Foi realizado o georreferenciamento dos cães soropositivos e da presença dos ectoparasitos na área de estudo. O estudo em condições controladas para a detecção da infecção de R. sanguineus por Leishmania sp., assim como uma possível interação entre estas duas espécies, foi realizado utilizando a P CR, isolamento em cultura e esfregaço em lâminas coradas por P anótico-Laborclin. 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Ambos os ectoparasitos estiveram amplamente distribuídos na área de estudo com uma tendência em acompanhar a distribuição dos cães soro positivos. A presença de anticorpos anti – Leishmania mostrou – se associad a tanto à infestação por R. sanguineus quanto por C. felis felis . No estudo controlado, fora m positivos pela PCR 10 “pools” de estádios do ca rrapato, incluindo estádios de ecdises sem alimentar. Nos esfregaços não foram observadas fo rmas parasitológicas sugestivas de Leishmania spp . , embora pode – se observar a presença de uma estrutura flagelada em um estádio de larv a ingurgitada suge stivo de um tripanosomatídeo. Na cultura em meio NNN/LIT de todos os estádios analisados não foi observ ado o crescimento de Leishmania spp. Potenciais explicações para estes resultados rec aem sobre a capacidade vetorial dessas espécies em transmitir Leishmania sp. para a população canina, porém mais estudos são necessários para rejeitar ou não essa hipótese.The association between the prevalence of infestation by Rhipicephalus sanguineus and Ctenocephalides felis felis and the presence of anti- Leishmania antibodies has been evaluated in dogs located in an area of Brazil endemic for canine visceral leishmaniasis. Blood samples from 5556 domestic dogs were submitted to enzyme linked i mmunosorbent assay and indirect immunofluorescent antibody assay, and 432 (7.8%) animals tested positive. Seropositive ( n = 200) and seronegative ( n = 200) dogs were randomly selected and examined for the presence of ticks and fleas, the results of which were expressed qualitatively as in fested or non-infested, irres pective of the intensity of infestation. The vectorial capacity of R. sanguineus in the transmission of canine visceral leishmaniasis has been evaluated through a laboratory- controlled experiment. One healthy Leishmania -free dog, and two dogs naturally infected with Leishmania , were infested with R. sanguineus in various stages of development. Engorged la rvae, unfed nymphs, engorged nymphs, unfed adults, engorged female adults and fed male adul ts were collected from the experimental anima ls and examined for Leishmania infection by optical microscopy, polymerase chain reaction (PCR ) and parasite culture. All pools of R. sanguineus that had fed on the infected dogs tested PCR-positive for Leishmania DNA, with the single exception of the pool of engorged larvae. In contrast, all pools of ticks that had fed on the Leishmania -free dog were PCR- negative. Leishmania growth was not observed in any of the tick colonies following incubation on culture medium. Leishmania forms were not detected in any of the 433 smears prepared from engorged colonies and in none of the 118 smears prepared from unfed colonies. Howe ver, one flagellate structure was identified in one of the smears. The prevalence of infestation by R. sanguineus was significantly greater ( ρ = 0.04) among seropositive dogs (38.5%) compared with their seronegative counterparts (29. 0%). Similarly, the prevalence of infestation by C. felis felis was significantly greater ( ρ < 0.01) within the seropositive group (36.5%) than withi n the seronegative group (15.0%). Moreover, the probability of seropositivity for Leishmania was 53% higher in tick-infested dogs and 300% higher in fl ea-infested dogs in comparison with non-infested animals. The study provides evidence of the vectorial capacity of these ectoparasites in transmitting Leishmania to the canine population, although further studies are needed to c onfirm or reject this hypothesis.Fundação Oswaldo Cruz no Programa de Apoio à PesquisaFundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.porLeishmaniose VisceralRhipicephalus sanguineusCãesParticipação de Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806) e Ctenocephalides felis felis (Bouché, 1835) na epidemiologia da leishmaniose visceral caninainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2010Fundação Oswaldo Cruz. 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