Acesso à atenção à saúde no SUS: o PSF como (estreita) porta de entrada

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Azevedo, Ana Lucia Martins de
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/3945
Resumo: O Programa de Saúde da Família (PSF) constitui para o Recife a principal porta de entrada para a atenção à saúde, que deve ser acessível e resolutiva no seu nível de complexidade, a atenção básica. Uma das principais características da qualidade dos serviços de saúde, portanto, é serem eles acessíveis. Neste sentido, o presente estudo visa a analisar a percepção dos usuários sobre o acesso, baseando-se no conceito proposto por Fekete (1996), que atribui ao acesso 4 dimensões (geográfica, organizacional, sócio-cultural e econômica). Trata-se de uma pesquisa qualitativa que teve como instrumentos de coleta de dados a entrevista aberta, a observação direta e a análise documental; e como método de análise dos dados a análise de conteúdo proposta por Bardin (2004). Os resultados indicam que no aspecto geográfico os constrangimentos ao acesso são mínimos, apresentando-se mais críticos quando da necessidade de encaminhamentos para unidades de referência, momento em que a despesa com transporte limita a busca do usuário pelo serviço de que necessita. Os aspectos relacionados à dimensão organizacional mostraram se determinantes, uma vez que elementos como o deficiente sistema de referência e contra-referência, o modo de agendamento das consultas, a demora no retorno dos resultados dos exames laboratoriais, o excessivo número de famílias por equipe, entre outros, implicaram limitações no acesso que repercutiram em outras dimensões, tais como a geográfica e a econômica. No que se refere à esta última dimensão, o suprimento irregular de medicamentos na unidade acarretou despesas para os usuários. Facilidades foram observadas no que concerne ao vínculo, à relação profissional-usuário e, sobretudo, à proximidade geográfica da unidade. Esses resultados mostram que o PSF, como uma estratégia de viabilização do acesso de pessoas com complexas necessidades sociais, revelou-se uma estreita porta de entrada, merecendo ser avaliado com olhar mais crítico, que adote como ponto de partida as necessidades que particularizam os indivíduos demandatários de suas ações, bem como as diferentes lógicas que norteiam as ações dos sujeitos envolvidos na produção do cuidado em saúde
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