Ensaio clínico comparativo entre Itraconazol e associação de Itraconazol e iodeto de potássio no tratamento da esporotricose felina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Reis, Érica Guerino dos
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/26519
Resumo: A esporotricose felina é uma doença endêmica no Rio de Janeiro, Brasil, onde a transmissão zoonótica de Sporothrix spp tem sido relatada desde 1998. O itraconazol (ITZ) permanece como o fármaco de escolha para o tratamento da doença em gatos. No entanto, casos de falha terapêutica e longo tempo de tratamento têm sido descritos. O iodeto de potássio (KI), considerado no passado como um fármaco de efetividade variável em gatos com esporotricose, surge como uma opção importante no tratamento desses animais provenientes da área endêmica do Rio de Janeiro. A fim de avaliar a efetividade e a segurança de ITZ associado ao KI, foi realizado um ensaio clínico randomizado em 166 gatos com esporotricose que recebera ITZ 100 mg/dia ou ITZ 100 mg/dia + KI 2,5-20mg/kg/dia. O estudo foi conduzido em gatos atendidos no Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-Dermzoo), Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI)/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre 2013 e 2016. Os gatos considerados elegíveis para este estudo foram aqueles com esporotricose confirmada pelo isolamento de Sporothrix spp. em cultura; ausência de terapia antifúngica prévia, e peso >= 3 kg. Os gatos foram submetidos a exame clínico e a exames laboratoriais uma vez por mês de acordo com o protocolo de atendimento. O critério para definir acura clínica foi a cicatrização completa das lesões cutâneas/mucosas e remissão dos sinais clínicos inicialmente apresentados Após a cura clínica, a terapia foi mantida por um período adicional de quatro semanas, o que correspondeu à consulta de alta. Todos os procedimentos e fármacos foram fornecidos gratuitamente. Gatos que apresentaram reações adversas clínicas (hiporexia ou anorexia combinada com a perda de > 10% do peso corporal), associadas ou não a alterações das transaminases, tiveram a terapia suspensa temporariamente por um período mínimo de sete dias (ITZ) e 10 dias (KI). A reintrodução de cada fármaco aconteceu em tempos alternados e diferentes na tentativa de descobrir qual fármaco estava causando a reação adversa. Além disso, gatos que apresentaram alteração leva das transaminases hepáticas receberam silimarina 30 mg/kg por via oral, uma vez ao dia. A cura foi observada em 42 (50,6%) gatos do grupo ITZ e73 (88%) do grupo ITZ+ KI, com tempo de tratamento semelhante (15 semanas cada). O Hazard Ratio ajustado pelo modelo logístico demonstrou que o tratamento com ITZ + KI foi associado a cura clínica (HR 1,77, IC95% 1,2- 2,62), mesmo quando controlado por sinais extracutâneos. Incrementos na dose de KI foram necessários em 28 gatos devido à resposta clínica insatisfatória. As reações adversas foram igualmente frequentes entre os gatos que receberam ITZ (33,7%), e ITZ + KI (39,7%) e foram manejados com a suspensão temporária do(s) fármaco(s), e/ou terapia hepatoprotetora. A associação de ITZ e KI é mais efetiva que a monoterapia com ITZ e emerge como a primeira opção para o tratamento da esporotricose felina.
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spelling Reis, Érica Guerino dosPacheco, Tânia Maria ValenteGremião, Isabella Dib Ferreira2018-05-21T13:34:26Z2018-05-21T13:34:26Z2016REIS, Érica Guerino dos. Ensaio clínico comparativo entre Itraconazol e associação de Itraconazol e iodeto de potássio no tratamento da esporotricose felina. 2016. 102 f. Tese (Doutorado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas)-Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2016.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/26519A esporotricose felina é uma doença endêmica no Rio de Janeiro, Brasil, onde a transmissão zoonótica de Sporothrix spp tem sido relatada desde 1998. O itraconazol (ITZ) permanece como o fármaco de escolha para o tratamento da doença em gatos. No entanto, casos de falha terapêutica e longo tempo de tratamento têm sido descritos. O iodeto de potássio (KI), considerado no passado como um fármaco de efetividade variável em gatos com esporotricose, surge como uma opção importante no tratamento desses animais provenientes da área endêmica do Rio de Janeiro. A fim de avaliar a efetividade e a segurança de ITZ associado ao KI, foi realizado um ensaio clínico randomizado em 166 gatos com esporotricose que recebera ITZ 100 mg/dia ou ITZ 100 mg/dia + KI 2,5-20mg/kg/dia. O estudo foi conduzido em gatos atendidos no Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-Dermzoo), Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI)/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre 2013 e 2016. Os gatos considerados elegíveis para este estudo foram aqueles com esporotricose confirmada pelo isolamento de Sporothrix spp. em cultura; ausência de terapia antifúngica prévia, e peso >= 3 kg. Os gatos foram submetidos a exame clínico e a exames laboratoriais uma vez por mês de acordo com o protocolo de atendimento. O critério para definir acura clínica foi a cicatrização completa das lesões cutâneas/mucosas e remissão dos sinais clínicos inicialmente apresentados Após a cura clínica, a terapia foi mantida por um período adicional de quatro semanas, o que correspondeu à consulta de alta. Todos os procedimentos e fármacos foram fornecidos gratuitamente. Gatos que apresentaram reações adversas clínicas (hiporexia ou anorexia combinada com a perda de > 10% do peso corporal), associadas ou não a alterações das transaminases, tiveram a terapia suspensa temporariamente por um período mínimo de sete dias (ITZ) e 10 dias (KI). A reintrodução de cada fármaco aconteceu em tempos alternados e diferentes na tentativa de descobrir qual fármaco estava causando a reação adversa. Além disso, gatos que apresentaram alteração leva das transaminases hepáticas receberam silimarina 30 mg/kg por via oral, uma vez ao dia. A cura foi observada em 42 (50,6%) gatos do grupo ITZ e73 (88%) do grupo ITZ+ KI, com tempo de tratamento semelhante (15 semanas cada). O Hazard Ratio ajustado pelo modelo logístico demonstrou que o tratamento com ITZ + KI foi associado a cura clínica (HR 1,77, IC95% 1,2- 2,62), mesmo quando controlado por sinais extracutâneos. Incrementos na dose de KI foram necessários em 28 gatos devido à resposta clínica insatisfatória. As reações adversas foram igualmente frequentes entre os gatos que receberam ITZ (33,7%), e ITZ + KI (39,7%) e foram manejados com a suspensão temporária do(s) fármaco(s), e/ou terapia hepatoprotetora. A associação de ITZ e KI é mais efetiva que a monoterapia com ITZ e emerge como a primeira opção para o tratamento da esporotricose felina.Feline sporotrichosis is an endemic disease in Rio de Janeiro, Brazil, where zoonotic transmission of Sporothrix has been reported since 1998. Itraconazole (ITZ) remains the first choice for treating this disease in cats. However, there have been reports of therapeutic failure and a long-term endeavor. Potassium iodide (KI), considered in the past as a drug with variable effectiveness in cats with sporotrichosis, arises as an important option in the treatment of cats from the endemic area of Rio de Janeiro. In order to evaluate the effectiveness and safety of ITZ associated with KI, a randomized clinical trial was performed on 166 cats receiving ITZ 100 mg/day orITZ 100 mg/day +KI 2.5-20 mg/kg/day. The study was conducted in cats assisted at the Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-Dermzoo), Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI)/Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz), duringthe period of 2013-2016. The cats considered eligible for this study were those with sporotrichosis confirmed by isolation of Sporothrix spp. in culture, no previous systemic antifungal therapy, and weight > 3 kg. The cats underwent a clinical examination and laboratory tests once a month according to the standard care protocol. The criteria for clinical cure were complete healing of the skin/mucosal lesions and remission of clinical signs initially presented. After clinical cure, the therapy was maintained for an additional period of four weeks, which corresponded to the discharge assessment. All procedures and drugs were supplied free-of-charge for the cats\2019 owners Cats presenting hyporexia or anorexia combined with loss of > 10% of body weight, or the association of clinical adverse reactions and an elevation of transaminases levels had a temporary suspension of the drugs (minimum seven days [ITZ] and ten days [KI]). The reintroduction of each drug happened in alternated and different times in the attempt to discover which drug was causing the unwanted effect. Moreover, cats with a mild elevation in transaminases levels received a hepatoprotective therapy with oral silymarin 30 mg/kg, once a day. Cure was observed in 42 (50.6%) cats of the ITZ group and 73 (88%) of the ITZ+KI group within a similar median period of time (15 weeks each). Furthermore, the HR adjusted by the logistic model showed that the ITZ+KI treatment was associated with clinical cure (HR 1.77, 95 per cent CI 1.2 to 2.62), even when controlled for extracutaneous signs. An increase in the KI dose was necessary in 28 cats due to the slow improvement of the lesions. The adverse reactions were equally frequent among cats receiving ITZ (33.7%), and ITZ+KI (39.7%) and were managed with a temporary drug suspension and/or a hepatoprotective therapy. The association of ITZ and KI ismore effective as ITZ monotherapy and arises as a first option for the treatment of feline sporotrichosis.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porGatosSporothrixItraconazolIodeto de PotássioCombinação de MedicamentosEnsaio clínico comparativo entre Itraconazol e associação de Itraconazol e iodeto de potássio no tratamento da esporotricose felinainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2016Instituto Nacional de Infectologia Evandro ChagasFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosasinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/26519/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALerica_reis_ini_dout_2016.pdfapplication/pdf7177288https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/26519/2/erica_reis_ini_dout_2016.pdf3ad6c2b9b9ad7ba5a23160d2cccdd836MD52TEXTerica_reis_ini_dout_2016.pdf.txterica_reis_ini_dout_2016.pdf.txtExtracted texttext/plain0https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/26519/3/erica_reis_ini_dout_2016.pdf.txtd41d8cd98f00b204e9800998ecf8427eMD53icict/265192019-04-26 09:31:22.472oai:www.arca.fiocruz.br:icict/26519Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352019-04-26T12:31:22Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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