Juventude e AIDS: um estudo qualitativo sobre a gestão de risco entre homens autodeclarados gays ou bissexuais no Rio de Janeiro

• Autor(a) principal: Silva, Marcos Gleison Araujo
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
• Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/61138
• topic: Gays; Gestão de Riscos; HIV; AIDS; Adulto Jovem; Risk Management; HIV; AIDS; Young Adult; Gays; Gestão de Riscos; HIV; Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Adulto Jovem; Rede Social; Pesquisa Qualitativa; Entrevistas como Assunto

Nas últimas décadas tem havido avanços no enfrentamento da AIDS no campo biomédico, político e dos diretos das pessoas vivendo com HIV. Todavia, ainda existem desafios no controle da epidemia. No contexto brasileiro, um dos desafios refere-se ao aumento de infecções na faixa de 15 a 24 anos; ademais, de 2007 a 2022, 42,9% dos casos de HIV ocorreram entre homens por meio de relações gays ou bissexuais. Diante deste cenário e do lugar da testagem nas atuais políticas de controle da AIDS, o presente trabalho analisou a gestão de risco ao HIV entre um grupo de homens jovens que fazem sexo com homens e que realizam o teste para detecção do HIV ao menos uma vez ao ano, a partir de um estudo qualitativo. Foram realizadas entrevistas individuais com 15 homens autodefinidos como gay ou bissexual, de 18 a 24 anos, contatados durante as ações de testagem para detecção precoce do HIV promovidas por uma organização não governamental, nos municípios do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. A maioria (11) dos entrevistados estava cursando o ensino superior e morava em casa própria; quatro concluíram o ensino médio e tinham menor renda. Grande parte revelou um bom conhecimento sobre os locais de acesso ao diagnóstico do HIV e os meios de prevenção do vírus da AIDS, como o preservativo e as novas tecnologias biomédicas (teste, PrEP e PEP). Na gestão dos riscos da infecção do HIV são utilizados recursos preventivos variados e a realização regular da testagem rápida, como uma prática de autovigilância sorológica. Todavia, tais práticas são influenciadas e definidas em função de fatores contextuais como: conhecimento e acesso às tecnologias de prevenção, situações de compartilhamento da identidade homossexual, redes de sociabilidade, tipos de práticas e relacionamentos sexuais e os acordos estabelecidos entre os parceiros. Os achados apontam para a necessidade de criar espaços de diálogo e aprendizagem sobre os variados recursos de prevenção disponíveis, levando em conta as visões, práticas e tipos de relacionamentos sexuais. Ademais, as estratégias de prevenção devem contemplar campanhas educativas regulares e divulgação e oferta de variadas tecnologias de prevenção, capazes de alcançar todos os segmentos sociais, bem como o enfrentamento do estigma da AIDS e da homossexualidade e as condições de vulnerabilidade ao HIV. Tais recomendações convergem com as análises críticas acerca do predomínio da biomedicalização das respostas à Aids no cenário nacional.