Caracterização Molecular e Funcional de Proteínas Antiofídicas Isoladas do Soro de Didelphis marsupialis da Colômbia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Muñoz Gómez, Luis Miguel
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/44932
Resumo: Na Colômbia, serpentes do complexo Bothrops asper/atrox são responsáveis por mais de 90% dos acidentes, sendo a Bothrops rhombeatus a principal espécie venenosa no norte do estado (\201Cdepartamento\201D) do Cauca. Os venenos deste complexo se caracterizam por serem hemorrágicos, mionecróticos e/ou pró-coagulantes. Embora existam antissoros comerciais com atividade neutralizante contra eles, a inibição dos efeitos locais é pouco eficiente. Alguns marsupiais da família Didelphidae possuem resistência natural a diversos venenos botrópicos. Através de coevolução presa-predador, estes animais selecionaram proteínas séricas que neutralizam metaloendopeptidases hemorrágicas e fosfolipases A2 miotóxicas, principais responsáveis pelos danos teciduais locais. Do soro da espécie brasileira Didelphis aurita foram já isoladas proteínas anti-hemorrágica (DM43) e antimiotóxica (DM64) com alta afinidade por estas toxinas. Neste contexto, esta dissertação teve como objetivos principais: 1) isolar e caracterizar bioquímica- e funcionalmente a(s) proteína(s) com propriedade(s) antiofídica(s) do soro do Didelphis marsupialis do departamento do Cauca, Colômbia; 2) caracterizar o veneno da serpente simpátrica Bothrops rhombeatus segundo suas atividades biológicas e seu conteúdo proteico. Este veneno mostrou intensa atividade pró-coagulante sobre plasma humano citratado, com dose coagulante mínima de 0,68 µg/mL, a menor já descrita na literatura para o gênero Bothrops Esta atividade foi totalmente inibida por 1,10-fenantrolina, indicando a participação de metaloendopeptidase(s). A dose coagulante mínima sobre fibrinogênio, dependente de serinoendopeptidase(s), foi 20 vezes maior. A(s) metaloendopeptidase(s) foram as principais responsáveis pela atividade proteolítica do veneno sobre azocaseína. O soro de D. marsupialis inibiu a proteólise e também a atividade pró-coagulante do veneno sobre plasma, mas não mostrou efeito sobre a indução de coagulação de fibrinogênio nas concentrações testadas. A presença de proteínas similares a DM43 e DM64 no soro do marsupial colombiano foi confirmada através de immunoblotting, utilizando anticorpos anti-DM43 ou anti-DM64. As proteínas DM43-like e DM64-like foram purificadas através de cromatografias em coluna de troca iônica, seguida de afinidade utilizando miotoxina II de B. asper imobilizada. A fração DM43-like contém três bandas proteicas principais, todas ácidas (pI < 3,5) e glicosiladas (\F07E 26% da massa total) A identificação por espectrometria de massas indicou homologia com DM43, dado corroborado pelo ensaio de imunorrevelação. Uma única proteína, menos ácida (pI 4,2) e menos glicosilada (14%) do que a fração DM43-like, foi identificada como DM64-like. DM43-like inibiu o efeito pró-coagulante do veneno de B. rhombeatus e formou complexo com a metaloendopeptidase jararagina. A proteína DM64-like formou complexo com miotoxina II, mas não inibiu a atividade fosfolipásica do veneno de B. asper. Ainda que homólogas, estas proteínas têm especificidades distintas quanto às toxinas-alvo. O veneno de B. rhombeatus é composto principalmente por metaloendopeptidases e fosfolipases A2 e, em menor medida, por L-aminoácido oxidases e serinoendopeptidases, entre outras proteínas minoritárias. Esta composição permite explicar as intensas atividades proteolítica e prócoagulante dependentes de metaloendopeptidases observadas neste trabalho. Em conclusão, DM43-like e DM64-like constituem novos arcabouços moleculares antiveneno que poderão contribuir para o desenvolvimento de tratamentos otimizados para o envenenamento por serpentes colombianas. Como perspectivas, pretendemos aprofundar o estudo da relação estrutura-função dos inibidores e de suas toxinas-alvo em venenos do complexo Bothrops asper/atrox da Colômbia.
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Alguns marsupiais da família Didelphidae possuem resistência natural a diversos venenos botrópicos. Através de coevolução presa-predador, estes animais selecionaram proteínas séricas que neutralizam metaloendopeptidases hemorrágicas e fosfolipases A2 miotóxicas, principais responsáveis pelos danos teciduais locais. Do soro da espécie brasileira Didelphis aurita foram já isoladas proteínas anti-hemorrágica (DM43) e antimiotóxica (DM64) com alta afinidade por estas toxinas. Neste contexto, esta dissertação teve como objetivos principais: 1) isolar e caracterizar bioquímica- e funcionalmente a(s) proteína(s) com propriedade(s) antiofídica(s) do soro do Didelphis marsupialis do departamento do Cauca, Colômbia; 2) caracterizar o veneno da serpente simpátrica Bothrops rhombeatus segundo suas atividades biológicas e seu conteúdo proteico. Este veneno mostrou intensa atividade pró-coagulante sobre plasma humano citratado, com dose coagulante mínima de 0,68 µg/mL, a menor já descrita na literatura para o gênero Bothrops Esta atividade foi totalmente inibida por 1,10-fenantrolina, indicando a participação de metaloendopeptidase(s). A dose coagulante mínima sobre fibrinogênio, dependente de serinoendopeptidase(s), foi 20 vezes maior. A(s) metaloendopeptidase(s) foram as principais responsáveis pela atividade proteolítica do veneno sobre azocaseína. O soro de D. marsupialis inibiu a proteólise e também a atividade pró-coagulante do veneno sobre plasma, mas não mostrou efeito sobre a indução de coagulação de fibrinogênio nas concentrações testadas. A presença de proteínas similares a DM43 e DM64 no soro do marsupial colombiano foi confirmada através de immunoblotting, utilizando anticorpos anti-DM43 ou anti-DM64. 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The venoms of this complex induce hemorrhage, myonecrosis and/or coagulation. Although there are commercial antisera with neutralizing activity against them, the inhibition of local effects is not efficient. Some Didelphidae marsupials have natural resistance to several bothropic venoms. Through prey-predator coevolution, these animals selected serum proteins that neutralize hemorrhagic metalloendopeptidases and myotoxic phospholipases A2, the main toxins inducing local tissue damage. Antihemorrhagic (DM43) and antimiotoxic (DM64) proteins with high affinity for these toxins have been isolated from the serum of the Brazilian species Didelphis aurita. In this context, this dissertation had as main objectives: 1) to isolate and characterize biochemically- and functionally the protein(s) with antiophidic properties from the serum of Didelphis marsupialis from the department of Cauca, Colombia; 2) to characterize the venom of the sympatric snake Bothrops rhombeatus according to its biological activities and its protein content. This venom showed intense pro-coagulant activity on citrated human plasma, with a minimum coagulant dose of 0.68 µg/mL, the lowest ever described in the literature for the Bothrops genus. This activity was completely inhibited by 1,10-phenanthroline, indicating the participation of metalloendopeptidase(s). The minimum coagulant dose on fibrinogen, dependent on serinoendopeptidase(s), was 20 times higher Metalloendopeptidases were the main responsible for the proteolytic activity of the venom on azocasein. The serum of D. marsupialis inhibited the proteolysis and also the pro-coagulant activity of the venom on plasma but did not show any effect on fibrinogen coagulation at the tested concentrations. The presence of proteins similar to DM43 and DM64 in the Colombian marsupial serum was confirmed by immunoblotting, using anti-DM43 or anti-DM64 antibodies. The DM43-like and DM64-like proteins were purified by ion exchange chromatography, followed by affinity using immobilized B. asper myotoxin II. DM43-like fraction contains three main protein bands, all acidic (pI < 3.5) and glycosylated (\F07E 26% of the total mass). Corroborating the immunorevelation assay, identification by mass spectrometry indicated homology with DM43. A single protein, less acidic (pI 4.2) and less glycosylated (14%) than the DM43-like fraction, was identified as DM64-like. DM43-like inhibited the procoagulant effect of B. rhombeatus venom and formed a complex with the metalloendopeptidase jararhagin DM64- like protein formed a complex with myotoxin II but did not inhibit the phospholipase activity of B. asper venom. Although homologous, these proteins have different specificities regarding their target toxins. B. rhombeatus venom is mainly composed of metalloendopeptidases and phospholipases A2 and, to a lesser extent, L-amino acid oxidases and serinoendopeptidases, among others. This composition allows to explain the intense proteolytic and pro-coagulant activities dependent on metalloendopeptidases observed. In conclusion, DM43-like and DM64-like are new antivenom molecular templates that may contribute to the development of optimized treatments for envenomation by Colombian snakes. As perspectives, we intend to deepen the study of the structure-function relationship of these inhibitors and their target toxins in the venoms of Colombia's Bothrops asper/atrox complex.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porDidelphisAntivenenosBothropsDidelphisAntivenenosBothropsCaracterização Molecular e Funcional de Proteínas Antiofídicas Isoladas do Soro de Didelphis marsupialis da Colômbiainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2020Instituto Oswaldo CruzFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecularinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/44932/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALluis_gomez_ioc_mest_2020.pdfapplication/pdf2782564https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/44932/2/luis_gomez_ioc_mest_2020.pdf91a51da3d8a886a614de64124a06d62dMD52TEXTluis_gomez_ioc_mest_2020.pdf.txtluis_gomez_ioc_mest_2020.pdf.txtExtracted texttext/plain273387https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/44932/3/luis_gomez_ioc_mest_2020.pdf.txtdc1e749a58c528dd470248f1309cfb0eMD53icict/449322022-06-24 13:08:50.357oai:www.arca.fiocruz.br:icict/44932Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352022-06-24T16:08:50Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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