Marcas do cuidado: território da narratividade em saúde da família
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/54865 |
Resumo: | Esta conversa nos transporta às esquinas poéticas que brotam dessa troca que vivenciamos ao deitar os sofreres em versos de dor, versos que ouvimos e que nos afetam no cotidiano do trabalho em saúde. Médico da Estratégia que sou, gostaria de trazer um pouco dessas estórias; cuidar e contar aqui se entrelaçam como uma máquina: desenhando as marcas desse território narrativo e produzindo as amarras (os vínculos) que nos atam nessa teia de viver, e atravessam os capítulos de nossas vidas na intensidade do campo onde produzimos saúde. Essas afetações coletivas demonstram uma crise nascente ante os olhos dos trabalhadores da saúde da família: tensões do acesso, medo de não ser ouvido e anestesias do sentir são produtos do tecnicismo excessivo, do foco no procedimento, dos não-olhares como defesas contra essa dor do outro, que também nos toca. Proponho que realizemos o mergulho no encontro, nas estórias compartilhadas nascentes nesse entreolhar, nesse instante meio técnico, meio mágico em que se desenrolam frente aos nossos olhos os sofreres que nos trazem. Se formos capazes de enxergá-los, desfazendo as metáforas profissionais com que nos protegemos de seus afetos, rememoraremos tais encontros, e recontaremos suas esquinas, como se as palavras conformassem esse equipamento; não um escudo contra o outro, mas um aparelho de verdades que nos auxiliam nos momentos difíceis do cuidado, precisamente quando nos afetamos, atravessados por inquietações. Também falo da solidão nas decisões duras, da difícil escolha entre acolher e bloquear a queixa; somos deparados com os sofrimentos mais variados: a dor parida pela miséria, a complexidade traduzida em doença (que não é a do livro, mas a do viver). Como lidamos com esses sofrimentos? Seria possível furar essas anestesias, esses bloqueios por um conjunto de tecnologias? Ou dependeria da transformação nos próprios sujeitos envolvidos no cuidado? Trago para nossa conversa contações do cotidiano dessa arena do cuidado. E ofereço-as entrecortadas de soluços e de risos, na tarefa de brotar nos cuidadores para quem falo as sementes das marcas do cuidado, para que juntos possamos produzir um ensinaprendimento que nos sirva a encarar a nós mesmos como sujeitos produtores de encontros transformadores para as vidas com as quais nos deparamos. |
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Tritany, Guilherme FernandesRomano, Valéria FerreiraLacerda, Alda2022-09-23T18:49:00Z2022-09-23T18:49:00Z2020TRITANY, Guilherme Fernandes. Marcas do cuidado: território da narratividade em saúde da família. 2020. 104 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2020.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/54865Esta conversa nos transporta às esquinas poéticas que brotam dessa troca que vivenciamos ao deitar os sofreres em versos de dor, versos que ouvimos e que nos afetam no cotidiano do trabalho em saúde. Médico da Estratégia que sou, gostaria de trazer um pouco dessas estórias; cuidar e contar aqui se entrelaçam como uma máquina: desenhando as marcas desse território narrativo e produzindo as amarras (os vínculos) que nos atam nessa teia de viver, e atravessam os capítulos de nossas vidas na intensidade do campo onde produzimos saúde. Essas afetações coletivas demonstram uma crise nascente ante os olhos dos trabalhadores da saúde da família: tensões do acesso, medo de não ser ouvido e anestesias do sentir são produtos do tecnicismo excessivo, do foco no procedimento, dos não-olhares como defesas contra essa dor do outro, que também nos toca. Proponho que realizemos o mergulho no encontro, nas estórias compartilhadas nascentes nesse entreolhar, nesse instante meio técnico, meio mágico em que se desenrolam frente aos nossos olhos os sofreres que nos trazem. Se formos capazes de enxergá-los, desfazendo as metáforas profissionais com que nos protegemos de seus afetos, rememoraremos tais encontros, e recontaremos suas esquinas, como se as palavras conformassem esse equipamento; não um escudo contra o outro, mas um aparelho de verdades que nos auxiliam nos momentos difíceis do cuidado, precisamente quando nos afetamos, atravessados por inquietações. Também falo da solidão nas decisões duras, da difícil escolha entre acolher e bloquear a queixa; somos deparados com os sofrimentos mais variados: a dor parida pela miséria, a complexidade traduzida em doença (que não é a do livro, mas a do viver). Como lidamos com esses sofrimentos? Seria possível furar essas anestesias, esses bloqueios por um conjunto de tecnologias? Ou dependeria da transformação nos próprios sujeitos envolvidos no cuidado? Trago para nossa conversa contações do cotidiano dessa arena do cuidado. E ofereço-as entrecortadas de soluços e de risos, na tarefa de brotar nos cuidadores para quem falo as sementes das marcas do cuidado, para que juntos possamos produzir um ensinaprendimento que nos sirva a encarar a nós mesmos como sujeitos produtores de encontros transformadores para as vidas com as quais nos deparamos.This conversation takes us to the poetic corners that spring from the changes that we experience as laid sufferrings in verses of pain, verses that we hear and that affect us in the daily work of healthcare. As a Family Health Strategy doctor, I would like to bring some of these stories; care and its narratives here intertwine like a machine: drawing the marks of this narrative territory and produce the bonds that bind us in this tissue of life, and cross the chapters of our lives with the intensity of the territories where we together produce health. These collective affections demonstrate a nascent crisis in front of the eyes of family health strategy workers: tension of access, fear of not being heard and anesthesia of feelings are products of excessive technicality, focus on the procedure, non-looks as defenses against this pain on the other, which also touches us. I propose that we take the plunge into the encounter, in the shared stories emerging at a glance, in this instant half technical, half magical in which the sufferings brought to us unfold before our eyes. If we are able to see them, undoing the professional metaphors by which we protect ourselves from these affections, we will remember those encounters, and retell their corners, as if the words conformed this equipment; not a shield against the other, but a device of truths that help us in difficult moments of care, precisely when we are affected, crossed by concerns. I also speak of loneliness in tough decisions, of the difficult choice between accepting or blocking a complaint; we are faced with the most varied sufferings: pain born from misery, complexity translated into disease (which is not that of the book, but that of living). How do we deal with these sufferings? Would it be possible to pierce these anesthesias, these blockades, by a set of technologies? Or would it depend on the transformation of the subjects involved in care? I bring to our conversation narratives from this arena of care. And I offer them broken by hiccups and laughter, in the task of sprouting in the caregivers to whom I speak the seeds of the care marks, so that together we can produce a teaching that helps us to see ourselves as subjects of transformative encounters with the lives of the people that we face.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porSaúde da FamíliaNarrativasEncontrosHumanização em SaúdeFamily HealthNarrativesEncounterHumanization of AssistanceSaúde da FamíliaHumanização da AssistênciaEquipe de Assistência ao PacienteEstratégia de Saúde da FamíliaRelações Profissional-PacienteDorNarrativasEncontrosMarcas do cuidado: território da narratividade em saúde da famíliaCare marks: territory of narrativity in family halth strategyinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2020-06-04Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.Mestrado AcadêmicoRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/54865/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALguilherme_fernandes_tritany_ensp_mest_2020.pdfapplication/pdf503309https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/54865/2/guilherme_fernandes_tritany_ensp_mest_2020.pdfd454444d305e802708aca4a3e74cbc54MD52icict/548652022-09-23 15:49:01.889oai:www.arca.fiocruz.br:icict/54865Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352022-09-23T18:49:01Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
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