A hora instável entre mãe e mulher

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gilbert, Ana Cristina Bohrer
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/44457
Resumo: A base dos conhecimentos e práticas da medicina, e da ciência em geral, está estreitamente vinculada à cultura, da mesma forma que a história que a paciente constrói sobre sua doença, os significados a ela atribuídos, ao seu corpo e ao seu sofrimento. Ao se escolher como objeto de estudo desta pesquisa os discursos médicos dos residentes em obstetrícia/Ginecologia do Instituto Fernandes Figueira sobre mulheres doentes, buscou-se, por um lado, explicitar os significados culturais que estão presentes nesse discurso sobre o ser mulher e seu processo de saúde-doença, e o uso de linguagem figurada para exprimir a prática de assistência à mulher; e por outro, reconstruir os caminhos de escolha da especialidade e entender como os residentes percebem o processo de "corporificação" da doença num corpo de mulher - a articulação entre o geral e o singular- nesse momento de transição, onde convivem duas dimensões: a do ensino e a da assistência. A pesquisa foi realizada sob a forma de um estudo de caso institucional e constou de duas etapas: observação-participante das reuniões de obstetrícia (Clube do Feto) e de Ginecologia (Confirmação de Indicação Cirúrgica - CIC); e aplicação do método para construção de fontes orais (Cardoso, 1989) com os residentes em Obstetrícia/Ginecologia ao final do segundo ano da Residência Médica. A interpretação do material foi feita de acordo com o modelo indiciário proposto por Ginzburg (2001a), que prioriza as sutilezas, os indícios, os detalhes, enfim, o material implícito na leitura das falas dos depoentes. O procedimento técnico-metodológico utilizado nessa leitura incluiu uma codificação qualitativa analítica das entrevistas e posterior análise semiótica. Os resultados apontam para : a) a percepção da mulher como essencialmente mãe, cujo processo de adoecimento é focado prioritariamente em sua função reprodutiva, sendo a doenças vista como lesão e desvio de um padrão de normalidade; b) o crescente aumento de tecnologia, sobretudo no uso de exames por imagem, que provoca um distanciamento do eixo semiológico, como percurso indiciário de interpretação de sinais e sintomas; c) a necessidade de especialização crescente como estratégia de mercado e segurança e d) a medicalização, inserida no contexto cyborg, como envolvendo práticas materiais-semióticas de produção de significados.
id CRUZ_73823430cf906b31cd0a67187ab86187
oai_identifier_str oai:www.arca.fiocruz.br:icict/44457
network_acronym_str CRUZ
network_name_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
repository_id_str 2135
spelling Gilbert, Ana Cristina BohrerCardoso, Maria Helena Cabral de Almeida2020-11-17T13:59:41Z2020-11-17T13:59:41Z2005GILBERT, Ana Cristina Bohrer. A hora instável entre mãe e mulher. 2005. 130 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2005.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/44457A base dos conhecimentos e práticas da medicina, e da ciência em geral, está estreitamente vinculada à cultura, da mesma forma que a história que a paciente constrói sobre sua doença, os significados a ela atribuídos, ao seu corpo e ao seu sofrimento. Ao se escolher como objeto de estudo desta pesquisa os discursos médicos dos residentes em obstetrícia/Ginecologia do Instituto Fernandes Figueira sobre mulheres doentes, buscou-se, por um lado, explicitar os significados culturais que estão presentes nesse discurso sobre o ser mulher e seu processo de saúde-doença, e o uso de linguagem figurada para exprimir a prática de assistência à mulher; e por outro, reconstruir os caminhos de escolha da especialidade e entender como os residentes percebem o processo de "corporificação" da doença num corpo de mulher - a articulação entre o geral e o singular- nesse momento de transição, onde convivem duas dimensões: a do ensino e a da assistência. A pesquisa foi realizada sob a forma de um estudo de caso institucional e constou de duas etapas: observação-participante das reuniões de obstetrícia (Clube do Feto) e de Ginecologia (Confirmação de Indicação Cirúrgica - CIC); e aplicação do método para construção de fontes orais (Cardoso, 1989) com os residentes em Obstetrícia/Ginecologia ao final do segundo ano da Residência Médica. A interpretação do material foi feita de acordo com o modelo indiciário proposto por Ginzburg (2001a), que prioriza as sutilezas, os indícios, os detalhes, enfim, o material implícito na leitura das falas dos depoentes. O procedimento técnico-metodológico utilizado nessa leitura incluiu uma codificação qualitativa analítica das entrevistas e posterior análise semiótica. Os resultados apontam para : a) a percepção da mulher como essencialmente mãe, cujo processo de adoecimento é focado prioritariamente em sua função reprodutiva, sendo a doenças vista como lesão e desvio de um padrão de normalidade; b) o crescente aumento de tecnologia, sobretudo no uso de exames por imagem, que provoca um distanciamento do eixo semiológico, como percurso indiciário de interpretação de sinais e sintomas; c) a necessidade de especialização crescente como estratégia de mercado e segurança e d) a medicalização, inserida no contexto cyborg, como envolvendo práticas materiais-semióticas de produção de significados.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porInternato e ResidênciaSaúde da MulherObstetríciaGinecologiaA hora instável entre mãe e mulherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2005Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes FigueiraFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulherinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/44457/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALana_gilbert_iff_mest_2005.pdfapplication/pdf1557404https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/44457/2/ana_gilbert_iff_mest_2005.pdf1c79ed8f471b5f209d0f7b42e2d1d142MD52icict/444572021-01-05 10:24:30.963oai:www.arca.fiocruz.br:icict/44457Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352021-01-05T13:24:30Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A hora instável entre mãe e mulher
title A hora instável entre mãe e mulher
spellingShingle A hora instável entre mãe e mulher
Gilbert, Ana Cristina Bohrer
Internato e Residência
Saúde da Mulher
Obstetrícia
Ginecologia
title_short A hora instável entre mãe e mulher
title_full A hora instável entre mãe e mulher
title_fullStr A hora instável entre mãe e mulher
title_full_unstemmed A hora instável entre mãe e mulher
title_sort A hora instável entre mãe e mulher
author Gilbert, Ana Cristina Bohrer
author_facet Gilbert, Ana Cristina Bohrer
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Gilbert, Ana Cristina Bohrer
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Cardoso, Maria Helena Cabral de Almeida
contributor_str_mv Cardoso, Maria Helena Cabral de Almeida
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Internato e Residência
topic Internato e Residência
Saúde da Mulher
Obstetrícia
Ginecologia
dc.subject.decs.pt_BR.fl_str_mv Saúde da Mulher
Obstetrícia
Ginecologia
description A base dos conhecimentos e práticas da medicina, e da ciência em geral, está estreitamente vinculada à cultura, da mesma forma que a história que a paciente constrói sobre sua doença, os significados a ela atribuídos, ao seu corpo e ao seu sofrimento. Ao se escolher como objeto de estudo desta pesquisa os discursos médicos dos residentes em obstetrícia/Ginecologia do Instituto Fernandes Figueira sobre mulheres doentes, buscou-se, por um lado, explicitar os significados culturais que estão presentes nesse discurso sobre o ser mulher e seu processo de saúde-doença, e o uso de linguagem figurada para exprimir a prática de assistência à mulher; e por outro, reconstruir os caminhos de escolha da especialidade e entender como os residentes percebem o processo de "corporificação" da doença num corpo de mulher - a articulação entre o geral e o singular- nesse momento de transição, onde convivem duas dimensões: a do ensino e a da assistência. A pesquisa foi realizada sob a forma de um estudo de caso institucional e constou de duas etapas: observação-participante das reuniões de obstetrícia (Clube do Feto) e de Ginecologia (Confirmação de Indicação Cirúrgica - CIC); e aplicação do método para construção de fontes orais (Cardoso, 1989) com os residentes em Obstetrícia/Ginecologia ao final do segundo ano da Residência Médica. A interpretação do material foi feita de acordo com o modelo indiciário proposto por Ginzburg (2001a), que prioriza as sutilezas, os indícios, os detalhes, enfim, o material implícito na leitura das falas dos depoentes. O procedimento técnico-metodológico utilizado nessa leitura incluiu uma codificação qualitativa analítica das entrevistas e posterior análise semiótica. Os resultados apontam para : a) a percepção da mulher como essencialmente mãe, cujo processo de adoecimento é focado prioritariamente em sua função reprodutiva, sendo a doenças vista como lesão e desvio de um padrão de normalidade; b) o crescente aumento de tecnologia, sobretudo no uso de exames por imagem, que provoca um distanciamento do eixo semiológico, como percurso indiciário de interpretação de sinais e sintomas; c) a necessidade de especialização crescente como estratégia de mercado e segurança e d) a medicalização, inserida no contexto cyborg, como envolvendo práticas materiais-semióticas de produção de significados.
publishDate 2005
dc.date.issued.fl_str_mv 2005
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2020-11-17T13:59:41Z
dc.date.available.fl_str_mv 2020-11-17T13:59:41Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv GILBERT, Ana Cristina Bohrer. A hora instável entre mãe e mulher. 2005. 130 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2005.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/44457
identifier_str_mv GILBERT, Ana Cristina Bohrer. A hora instável entre mãe e mulher. 2005. 130 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2005.
url https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/44457
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron:FIOCRUZ
instname_str Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron_str FIOCRUZ
institution FIOCRUZ
reponame_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
collection Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
bitstream.url.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/44457/1/license.txt
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/44457/2/ana_gilbert_iff_mest_2005.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33
1c79ed8f471b5f209d0f7b42e2d1d142
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
repository.mail.fl_str_mv repositorio.arca@fiocruz.br
_version_ 1813008889754419200