"O luto é pra sempre, mas a vida continua": ressignificações da experiência paterna diante da perda de um(a) filho(a)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/54314 |
Resumo: | Experiências de pesar são esperadas diante da vivência de uma perda significativa. Os processos de luto correspondem a fenômenos subjetivos e sociais: são vividos de maneira singular, mas os modos pelos quais são erigidos, sentidos e expressados por cada pessoa se associam intimamente à cultura. O árduo trabalho de elaboração com o qual se confrontam os enlutados envolve a construção de outros sentidos para as experiências de vida frente à ausência do ente querido. Estudos voltados às experiências de homens/pais enlutados vêm destacando o seu encontro com um parco acolhimento social em situações dolorosas e marcadas por delicadezas. Isso parece se acentuar nos casos em que se trata da perda precoce de um(a) filho(a). Esta pesquisa de abordagem qualitativa, com um referencial socioantropológico, busca compreender as ressignificações da paternidade vividas por homens que passaram por processos de luto pela perda de um(a) filho(a) ainda no tempo da primeira infância. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas em ambientes digitais com oito pais que frequentavam espaços de trocas sobre a paternidade e/ou o luto. Os resultados foram analisados e organizados em três categorias: representações sobre a paternidade; a experiência do luto; e ressignificações da paternidade. Os resultados mostraram um significativo envolvimento desses pais no cuidado com os(as) filhos(as) e permitiram conhecer mais acerca dos complexos processos de luto vividos por eles. Foi possível constatar também que há efeitos importantes do apoio encontrado, o que evoca a necessidade da construção de uma maior sensibilidade social à dor paterna. As ressignificações evocadas pelos pais abarcaram desde mudanças pessoais a iniciativas de mobilização pública pautadas pela solidariedade. Dentre as repercussões pessoais, destacaram-se: a maior atenção aos filhos no tempo presente; a construção de outro olhar para os próprios sentimentos a partir da paternidade; o seguir com as memórias vivas do(a) filho(a) que se foi. A mobilização pública se associou à ampliação da visibilidade às experiências vividas com os(as) filhos(as) adoecidos e/ou ao próprio luto paterno. Os mandatos culturais da masculinidade incidem na produção da invisibilização social do luto dos pais e, assim, atravessam também as práticas e estudos no campo da Saúde. Diante da escassez de pesquisas dedicadas às interseções entre luto e paternidade, espera-se contribuir para que as equipes e serviços de saúde encontrem elementos que auxiliem na assistência humanizada a esses casos. |
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Estudos voltados às experiências de homens/pais enlutados vêm destacando o seu encontro com um parco acolhimento social em situações dolorosas e marcadas por delicadezas. Isso parece se acentuar nos casos em que se trata da perda precoce de um(a) filho(a). Esta pesquisa de abordagem qualitativa, com um referencial socioantropológico, busca compreender as ressignificações da paternidade vividas por homens que passaram por processos de luto pela perda de um(a) filho(a) ainda no tempo da primeira infância. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas em ambientes digitais com oito pais que frequentavam espaços de trocas sobre a paternidade e/ou o luto. Os resultados foram analisados e organizados em três categorias: representações sobre a paternidade; a experiência do luto; e ressignificações da paternidade. Os resultados mostraram um significativo envolvimento desses pais no cuidado com os(as) filhos(as) e permitiram conhecer mais acerca dos complexos processos de luto vividos por eles. Foi possível constatar também que há efeitos importantes do apoio encontrado, o que evoca a necessidade da construção de uma maior sensibilidade social à dor paterna. As ressignificações evocadas pelos pais abarcaram desde mudanças pessoais a iniciativas de mobilização pública pautadas pela solidariedade. Dentre as repercussões pessoais, destacaram-se: a maior atenção aos filhos no tempo presente; a construção de outro olhar para os próprios sentimentos a partir da paternidade; o seguir com as memórias vivas do(a) filho(a) que se foi. A mobilização pública se associou à ampliação da visibilidade às experiências vividas com os(as) filhos(as) adoecidos e/ou ao próprio luto paterno. Os mandatos culturais da masculinidade incidem na produção da invisibilização social do luto dos pais e, assim, atravessam também as práticas e estudos no campo da Saúde. Diante da escassez de pesquisas dedicadas às interseções entre luto e paternidade, espera-se contribuir para que as equipes e serviços de saúde encontrem elementos que auxiliem na assistência humanizada a esses casos.Grief experiences are expected when experiencing a significant loss. The mourning processes correspond to subjective and social phenomena: they are experienced uniquely, but how they are constructed, felt, and expressed by each person is intimately associated with culture. The arduous work of elaboration faced by the bereaved involves making other meanings for life experiences after losing a loved one. Studies that focused on the experiences of bereaved men/fathers have highlighted their encounter with poor social empathy in painful situations. It seems to be more difficult when the child is a baby. With a socio-anthropological framework, this qualitative approach research seeks to understand the new meanings of fatherhood experienced by men who have gone through mourning processes after the loss of a child during early childhood. For this, semi structured interviews were carried out in digital environments with eight fathers who frequented places for exchanges about paternity and/or grief. The results were analyzed and organized into three categories: representations about fatherhood, the experience of suffering, and resignifications of fatherhood. The results showed a significant involvement of these fathers in caring for their children and allowed us to know more about the complex grieving processes they experience. It was also possible to verify that there are significant effects of the social support, which evokes the need to build greater social sensitivity to paternal pain. The resignifications produced by the parents ranged from personal changes to public mobilization initiatives guided by solidarity. Among the emotional repercussions, the following stood out: greater attention to children in the present time; the construction of another look at one's feelings based on fatherhood; keeping the memories of the deceased child alive. Public mobilization was associated with expanding visibility to the experiences of the ill children and/or the father's grief. The cultural mandates of masculinity produce the social invisibility of paternal grief and permeate the practices and studies in the field of Health. Given the scarcity of research dedicated to the intersections between grief and paternity, it is expected to contribute so that health professionals and services find elements that help in humanized care for these cases.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porLuto PaternoMasculinidadesGênero e SaúdeLutoPaternidadeAcontecimentos que Mudam a VidaMorteHumanização da Assistência"O luto é pra sempre, mas a vida continua": ressignificações da experiência paterna diante da perda de um(a) filho(a)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2021Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes FigueiraFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulherinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/54314/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINAL000250887.pdfapplication/pdf2996037https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/54314/2/000250887.pdff0a092a33263f48bd289b33b3cbd80a9MD52icict/543142022-08-12 23:23:28.268oai:www.arca.fiocruz.br:icict/54314Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352022-08-13T02:23:28Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
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