Entre o SUS e os planos privados: acesso, valores e aspirações dos trabalhadores da periferia urbana do Rio de Janeiro com relação aos serviços de saúde

• Autor(a) principal: Pereira, Ingrid D'avilla Freire
• Data de Publicação: 2018
• Outros Autores: Vaitsman, Jeni
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
• Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/38172
• topic: Direito à saúde; Serviços de saúde; Estratégias de acesso; Periferia urbana; Determinantes políticos; Determinantes sociais; Ações governamentais

As estratégias de acesso aos serviços de saúde possuem determinantes políticos e sociais. Representam as ações governamentais e conformam experiências pessoais e coletivas. Esta pesquisa discute as estratégias de acesso, os valores e as aspirações que permeiam as relações entre os trabalhadores da periferia urbana e os serviços públicos e privados de saúde no Brasil. Seu objetivo foi analisar as trajetórias de busca, acesso e utilização de serviços de saúde de trabalhadores que viviam na periferia urbana do Rio de Janeiro (2003-2014) e as repercussões destas experiências para a efetivação do direito à saúde. Realizou-se uma pesquisa qualitativa. Os dados foram coletados por meio de 18 entrevistas com trabalhadores que residiam em um bairro da zona oeste do município do Rio de Janeiro-RJ, que tiveram melhoria de renda no período do estudo e que possuíam algum membro familiar com plano privado de saúde. A abordagem sócioantropológica priorizou as narrativas, seus sentidos e aspectos da vida cotidiana, bem como os valores, as crenças e as atitudes dos entrevistados. O roteiro das entrevistas contemplou aspectos recordatórios (experiências anteriores na utilização dos serviços) e prospectivos (aspirações das gerações atuais e futuras com relação aos serviços públicos e privados). As estratégias de acesso aos serviços se dão com base na utilização simultânea do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos planos privados. A ampliação de adesão aos planos de saúde ocorreu, prioritariamente, como expressão da ampliação da formalização do trabalho. Sobre o SUS houve destaque na utilização dos serviços de atenção primária, tratamentos oncológicos, transplantes e cirurgias. O principal problema mencionado foi a dificuldade de realizar exames e consultas especializadas. A respeito da compra de serviços privados, destacam-se as restrições de cobertura dos planos que conseguem pagar, a ausência de serviços na região onde residem e as implicações das despesas no orçamento familiar. A insatisfação com os serviços de saúde teve caráter generalizado entre serviços públicos e privados. Ainda assim, a experiência de materialização do direito à saúde a partir de experiências exitosas em serviços públicos tem sido fundamental para a construção da consciência sanitária. Isto é particularmente relevante para os trabalhadores que vivem na periferia dos grandes centros, cuja referência do Estado tem sido a ausência e a discriminação.