Envelhecimento e Cuidado: uma abordagem antropológica centrada na visão de agentes comunitários de saúde

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Magalhães, Kelly Alves
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/10757
Resumo: O envelhecimento populacional, usualmente, vem acompanhado de uma carga elevada de doenças crônicas, que repercutem sobre a funcionalidade do idoso, podendo resultar em incapacidade e em demandas crescentes por serviços sociais e de saúde. Neste contexto, a Estratégia de Saúde da Família é fundamental no processo de cuidado, devendo representar para o idoso a porta de entrada e o vínculo com o sistema de saúde. Este trabalho objetivou compreender os elementos que participam da construção dos significados e ações relacionados ao envelhecimento pelos ACS inseridos na ESF, considerando o processo de Cuidado face à incapacidade funcional, no serviço e no domicílio. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa e antropológica, sustentado na corrente interpretativa da antropologia geertziana e no modelo Signos, Significados e Ações proposto por Corin et al (1992) para guiar a coleta e análise dos dados. Foram realizadas entrevistas guiadas por roteiro semiestruturado, com agentes comunitários, entre fevereiro e abril 2011 no município de Bambuí, MG. Todas foram gravadas, transcritas e analisadas. No processo de trabalho das agentes – todas mulheres – destacava-se a visita domiciliária, que ocorria em resposta a demandas imediatas de grupos de risco, com foco na doença e na oferta de insumos e procedimentos. Como não recebiam orientações para atuar junto às famílias com idosos, intuitivamente estabeleciam critérios “equitativos” ancorados em uma dimensão solidária, mas que reforçava o modelo biomédico e a visão fatalista da velhice, inexoravelmente associada à incapacidade. O significado de ser idoso relacionava-se a diversas perdas, inclusive da autonomia, negada pela infantilização da velhice. O envelhecimento era percebido como um processo “natural” de incapacitação e sofrimento, impossível de ser evitado, minimizado ou retardado. O cuidado prestado a idosos, predominantemente informal, ocorria de forma integral (24 horas), intuitiva, improvisada, solitária e por obrigação, sem remuneração ou reconhecimento. E era perpassado pelo(a): gênero, sobrecarga do cuidado; despreparo do cuidador; responsabilização da família e do próprio idoso; omissão do Estado; invisibilidade do cuidado ao cuidador; e centralidade no modelo biomédico. Reconhecendo os limites e experiências das agentes no mundo do trabalho, a Saúde Pública precisa enfrentar o próprio despreparo e o das famílias para o cuidado a idosos frágeis e para o apoio aos cuidadores familiares; romper com a centralidade no modelo biomédico; e incluir a funcionalidade como balizadora das ações voltadas à população idosa.
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Neste contexto, a Estratégia de Saúde da Família é fundamental no processo de cuidado, devendo representar para o idoso a porta de entrada e o vínculo com o sistema de saúde. Este trabalho objetivou compreender os elementos que participam da construção dos significados e ações relacionados ao envelhecimento pelos ACS inseridos na ESF, considerando o processo de Cuidado face à incapacidade funcional, no serviço e no domicílio. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa e antropológica, sustentado na corrente interpretativa da antropologia geertziana e no modelo Signos, Significados e Ações proposto por Corin et al (1992) para guiar a coleta e análise dos dados. Foram realizadas entrevistas guiadas por roteiro semiestruturado, com agentes comunitários, entre fevereiro e abril 2011 no município de Bambuí, MG. Todas foram gravadas, transcritas e analisadas. No processo de trabalho das agentes – todas mulheres – destacava-se a visita domiciliária, que ocorria em resposta a demandas imediatas de grupos de risco, com foco na doença e na oferta de insumos e procedimentos. Como não recebiam orientações para atuar junto às famílias com idosos, intuitivamente estabeleciam critérios “equitativos” ancorados em uma dimensão solidária, mas que reforçava o modelo biomédico e a visão fatalista da velhice, inexoravelmente associada à incapacidade. O significado de ser idoso relacionava-se a diversas perdas, inclusive da autonomia, negada pela infantilização da velhice. O envelhecimento era percebido como um processo “natural” de incapacitação e sofrimento, impossível de ser evitado, minimizado ou retardado. O cuidado prestado a idosos, predominantemente informal, ocorria de forma integral (24 horas), intuitiva, improvisada, solitária e por obrigação, sem remuneração ou reconhecimento. E era perpassado pelo(a): gênero, sobrecarga do cuidado; despreparo do cuidador; responsabilização da família e do próprio idoso; omissão do Estado; invisibilidade do cuidado ao cuidador; e centralidade no modelo biomédico. Reconhecendo os limites e experiências das agentes no mundo do trabalho, a Saúde Pública precisa enfrentar o próprio despreparo e o das famílias para o cuidado a idosos frágeis e para o apoio aos cuidadores familiares; romper com a centralidade no modelo biomédico; e incluir a funcionalidade como balizadora das ações voltadas à população idosa.Population aging usually is followed by a high burden of chronic diseases, which have repercussions on the elderly functionality and can result in disability and increasing demands for social and health services. In this context, the Family Health Strategy is fundamental in the care process and shall represent for the elderly the gateway and the bond with the health system. This study aimed to understand the elements involved in the construction of meanings and actions related to aging by community health agents, considering the process of care face with functional disability, in the service and at home. This is a study of qualitative and anthropological approach, supported in the interpretative perspective of anthropology geertzian and in the model Signs, Meanings and Actions proposed by Corin et al (1992) to guide the collection and analysis of data. Semi-structured interviews were conducted with community agents, between February and April 2011 in the city of Bambuí, Minas Gerais, Brazil. All were recorded, transcribed and analyzed. In the work process of agents - all women - stood out home visits, which was in response to immediate demands of risk groups, focusing on the disease and the provision of inputs and procedures. How not received instructions to work with families with elderly, intuitively established "equitable" criteria anchored in a solidarity dimension, but that reinforced the biomedical model and the fatalistic view of aging inexorably associated with disability. The meaning of being elderly was related to several losses, including autonomy, denied by the infantilization of old age. The aging process was perceived as a "natural" process of disability and distress, impossible to be avoided, minimized or delayed. The care provided to elderly, predominantly informal, occurred fully (24 hours), intuitive, improvised, lonely and by obligation without compensation or recognition. And it was permeated by: gender, care overload; caregiver unpreparedness; responsibility of the family and of the elderly; omission of the State; invisibility of care to the caregiver; and centrality in the biomedical model. Recognizing the limits and experiences of agents in the working world, the public health needs to face its own unpreparedness and the families unpreparedness to care for the frail elderly and to support the family caregivers; break away from the centrality in the biomedical model; and include the functionality as a delimiter of actions for the elderly populationFundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.porEnvelhecimentoPessoas com DeficiênciaEstratégia de Saúde da FamíliaAgentes Comunitários de Saúde/utilizaçãoEnvelhecimento e Cuidado: uma abordagem antropológica centrada na visão de agentes comunitários de saúdeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2015Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas René RachouBelo Horizonte/MGPrograma de Pós-Graduação em Ciências da Saúdeinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82352https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/10757/1/license.txtafbdf7d7a9bcf771a1cc7edf5f618413MD51ORIGINALTese Kelly versão final - defesa em 04-02-2015.pdfTese Kelly versão final - defesa em 04-02-2015.pdfapplication/pdf1108565https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/10757/2/Tese%20Kelly%20vers%c3%a3o%20final%20-%20defesa%20em%2004-02-2015.pdf87fc54e9c11c13aeb7656c748ea580beMD52TEXTTese Kelly versão final - defesa em 04-02-2015.pdf.txtTese Kelly versão final - defesa em 04-02-2015.pdf.txtExtracted texttext/plain296448https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/10757/3/Tese%20Kelly%20vers%c3%a3o%20final%20-%20defesa%20em%2004-02-2015.pdf.txt56c63dd09594a6f5331664d6e28b9201MD53icict/107572019-09-09 12:20:53.173oai:www.arca.fiocruz.br:icict/10757Q0VTU8ODTyBOw4NPLUVYQ0xVU0lWQSBERSBESVJFSVRPUyBBVVRPUkFJUwoKQW8gYWNlaXRhciBvcyBURVJNT1MgZSBDT05EScOHw5VFUyBkZXN0YSBDRVNTw4NPLCBvIEFVVE9SIGUvb3UgVElUVUxBUiBkZSBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBzb2JyZSBhIE9CUkEgZGUgcXVlIHRyYXRhIGVzdGUgZG9jdW1lbnRvOgoKQ0VERSBlIFRSQU5TRkVSRSwgdG90YWwgZSBncmF0dWl0YW1lbnRlLCDDoCBGSU9DUlVaIC0gRlVOREHDh8ODTyBPU1dBTERPIENSVVosIGVtIGNhcsOhdGVyIHBlcm1hbmVudGUsIGlycmV2b2fDoXZlbCBlIE7Dg08gRVhDTFVTSVZPLCAKdG9kb3Mgb3MgZGlyZWl0b3MgcGF0cmltb25pYWlzIE7Dg08gQ09NRVJDSUFJUyBkZSB1dGlsaXphw6fDo28gZGEgT0JSQSBhcnTDrXN0aWNhIGUvb3UgY2llbnTDrWZpY2EgaW5kaWNhZGEgYWNpbWEsIGluY2x1c2l2ZSBvcyBkaXJlaXRvcyAKZGUgdm96IGUgaW1hZ2VtIHZpbmN1bGFkb3Mgw6AgT0JSQSwgZHVyYW50ZSB0b2RvIG8gcHJhem8gZGUgZHVyYcOnw6NvIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgZW0gcXVhbHF1ZXIgaWRpb21hIGUgZW0gdG9kb3Mgb3MgcGHDrXNlczsKICAgICAgICAKQUNFSVRBIHF1ZSBhIGNlc3PDo28gdG90YWwgbsOjbyBleGNsdXNpdmEsIHBlcm1hbmVudGUgZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhdHJpbW9uaWFpcyBuw6NvIGNvbWVyY2lhaXMgZGUgdXRpbGl6YcOnw6NvIApkZSBxdWUgdHJhdGEgZXN0ZSBkb2N1bWVudG8gaW5jbHVpLCBleGVtcGxpZmljYXRpdmFtZW50ZSwgb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgZGlzcG9uaWJpbGl6YcOnw6NvIGUgY29tdW5pY2HDp8OjbyBww7pibGljYSBkYSBPQlJBLCBlbSBxdWFscXVlciAKbWVpbyBvdSB2ZcOtY3VsbywgaW5jbHVzaXZlIGVtIFJlcG9zaXTDs3Jpb3MgRGlnaXRhaXMsIGJlbSBjb21vIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIHJlcHJvZHXDp8OjbywgZXhpYmnDp8OjbywgZXhlY3XDp8OjbywgZGVjbGFtYcOnw6NvLCBleHBvc2nDp8OjbywgCmFycXVpdmFtZW50bywgaW5jbHVzw6NvIGVtIGJhbmNvIGRlIGRhZG9zLCBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLCBkaWZ1c8OjbywgZGlzdHJpYnVpw6fDo28sIGRpdnVsZ2HDp8OjbywgZW1wcsOpc3RpbW8sIHRyYWR1w6fDo28sIGluY2x1c8OjbyBlbSBub3ZhcyAKb2JyYXMgb3UgY29sZXTDom5lYXMsIHJldXRpbGl6YcOnw6NvLCBlZGnDp8OjbywgcHJvZHXDp8OjbyBkZSBtYXRlcmlhbCBkaWTDoXRpY28gZSBjdXJzb3Mgb3UgcXVhbHF1ZXIgZm9ybWEgZGUgdXRpbGl6YcOnw6NvIG7Do28gY29tZXJjaWFsOwogICAgICAgIApSRUNPTkhFQ0UgcXVlIGEgY2Vzc8OjbyBhcXVpIGVzcGVjaWZpY2FkYSBjb25jZWRlIMOgIEZJT0NSVVogLSBGVU5EQcOHw4NPIE9TV0FMRE8gQ1JVWiBvIGRpcmVpdG8gZGUgYXV0b3JpemFyIHF1YWxxdWVyIHBlc3NvYSDigJMgZsOtc2ljYSAKb3UganVyw61kaWNhLCBww7pibGljYSBvdSBwcml2YWRhLCBuYWNpb25hbCBvdSBlc3RyYW5nZWlyYSDigJMgYSBhY2Vzc2FyIGUgdXRpbGl6YXIgYW1wbGFtZW50ZSBhIE9CUkEsIHNlbSBleGNsdXNpdmlkYWRlLCBwYXJhIHF1YWlzcXVlciAKZmluYWxpZGFkZXMgbsOjbyBjb21lcmNpYWlzOwogICAgICAgIApERUNMQVJBIHF1ZSBhIG9icmEgw6kgY3JpYcOnw6NvIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIMOpIG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXF1aSBjZWRpZG9zIGUgYXV0b3JpemFkb3MsIHJlc3BvbnNhYmlsaXphbmRvLXNlIGludGVncmFsbWVudGUgCnBlbG8gY29udGXDumRvIGUgb3V0cm9zIGVsZW1lbnRvcyBxdWUgZmF6ZW0gcGFydGUgZGEgT0JSQSwgaW5jbHVzaXZlIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIHZveiBlIGltYWdlbSB2aW5jdWxhZG9zIMOgIE9CUkEsIG9icmlnYW5kby1zZSBhIAppbmRlbml6YXIgdGVyY2Vpcm9zIHBvciBkYW5vcywgYmVtIGNvbW8gaW5kZW5pemFyIGUgcmVzc2FyY2lyIGEgRklPQ1JVWiAtIEZVTkRBw4fDg08gT1NXQUxETyBDUlVaIGRlIGV2ZW50dWFpcyBkZXNwZXNhcyBxdWUgdmllcmVtIGEgCnN1cG9ydGFyLCBlbSByYXrDo28gZGUgcXVhbHF1ZXIgb2ZlbnNhIGEgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgb3UgZGlyZWl0b3MgZGUgdm96IG91IGltYWdlbSwgcHJpbmNpcGFsbWVudGUgbm8gcXVlIGRpeiByZXNwZWl0byBhIHBsw6FnaW8gCmUgdmlvbGHDp8O1ZXMgZGUgZGlyZWl0b3M7CiAgICAgICAgCkFGSVJNQSBxdWUgY29uaGVjZSBhIFBvbMOtdGljYSBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRlIEFjZXNzbyBBYmVydG8gZGEgSW5zdGl0dWnDp8OjbyBlIGFzIGRpcmV0cml6ZXMgcGFyYSBvIGZ1bmNpb25hbWVudG8gZG8gcmVwb3NpdMOzcmlvIAppbnN0aXR1Y2lvbmFsIEFSQ0EKRepositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352019-09-09T15:20:53Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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