A pandemia de COVID-19: impactos em comunidades acadêmicas e de saúde brasileiras

• Autor(a) principal: Corrêa, Roberta Pires
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
• Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/61273
• topic: COVID-19; SARS-CoV-2; Profissionais de Saúde; Estudantes; Professores; Coordenadores; Pós-graduação; Necessidades Especiais; COVID-19; SARS-CoV-2; Healthcare Professionals; Students; Teachers; Coordinators; Postgraduation; Special Needs; COVID-19; Pessoal de Saúde; Docentes; Estudantes

A COVID-19 é uma doença viral causada pelo SARS-CoV-2 e oriunda da cidade de Wuhan, na China. Ela se espalhou rapidamente pelo mundo, acometendo milhões de pessoas e levando a milhares de óbitos, sendo classificada como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde e resultando no confinamento social de bilhões de pessoas. De forma oposta à extensa maioria da população mundial, os profissionais de saúde precisaram se expor na linha de frente em um ambiente de alto grau de estresse. Esta situação de estresse também pôde ser inferida para discentes de pós-graduação e seus orientadores e coordenadores, cujos prazos de formação foram adiados continuamente, apesar das bolsas recebidas, requerendo resultados a apresentar futuramente com base nos contratos pré-estabelecidos. Considerando este cenário, o nosso objetivo foi avaliar o impacto da COVID-19 em profissionais de saúde e na comunidade acadêmica de cursos de pós-graduações, incluindo discentes, docentes e coordenadores de diferentes instituições brasileiras. Assim, para atingir este objetivo, elaboramos, validamos e aplicamos três questionários no período de 2020/2021, no qual a pandemia ocorria com alta mortalidade. A pesquisa quanti-qualitativa de natureza descritiva exploratória foi realizada em nível nacional após ter sido aprovada no comitê de ética em pesquisa de humanos da Fiocruz. Os questionários semiabertos aplicados foram respondidos por 1.376 profissionais da área da saúde, 5.985 discentes de pós-graduação e 1.278 docentes e coordenadores de pós-graduação. A análise das respostas dos profissionais de saúde revelou um ambiente estressante com grande exposição à COVID-19, falta de informação, inclusive apontando o respectivo profissional como possível agente transmissor para a sua família, muitas vezes pela desinformação. De forma análoga, os discentes de pós-graduação também foram afetados pela pandemia em suas vidas e trajetórias acadêmicas, relatando não só um ambiente de insegurança e estresse, medo de infecção, mas também o angustiante receio de não cumprir os prazos, apontando prejuízos na saúde mental com desenvolvimento de ansiedade e depressão. Contudo, apesar de enfrentarem a adversidade da pandemia e estarem sob estresse contínuo, os discentes se mostraram comprometidos com sua trajetória acadêmica, unindo esforços com seus orientadores para o cumprimento do que lhes era esperado. Observamos ainda a necessidade de os programas de pós-graduação oferecer atividades acadêmicas mais flexíveis, bem como a implementação de programas de apoio à saúde mental dos alunos em longo prazo. Na análise das respostas dos docentes e coordenadores de pós-graduação, focamos naqueles com necessidades especiais, considerando sua situação diferenciada como gestor em um cenário pandêmico. Do total de 1278 respondentes, 87 participantes apresentavam necessidades especiais, com representação de todas as cinco regiões brasileiras. Dentre estes, 14 eram professores e 73 eram coordenadores dos programas de pós-graduação, incluindo pessoas com cegueira / deficiência visual (n = 35), surdez / deficiência auditiva (n = 15), bem como TDHA / dislexia / autismo (n = 11) ou deficiência física (n = 8), entre outros. A nossa análise revelou que a pandemia não impactou apenas o nível acadêmico, mas também o nível pessoal e psicológico desses profissionais com o desenvolvimento de ansiedade e depressão, semelhantes aos discentes de pós-graduação e profissionais de saúde. Assim, estratégias de atendimento a este grupo nos programas de pós-graduação Lato sensu e Stricto Sensu brasileiros devem ser implementados e mantidos em longo prazo para auxiliar na saúde psicológica e mental e, consequentemente, assegurar seu bom desempenho como professores e pesquisadores em um futuro próximo. Os nossos resultados poderão auxiliar no estabelecimento de estratégias futuras que amenizem o possível impacto negativo do isolamento social e acadêmico vivido na pandemia em nossa sociedade