Os discursos de risco como prática educativa no trabalho: uma análise da campanha operação Caça Benzeno (1991-1994)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Deivson Mendes
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/39943
Resumo: Esta dissertação trata de uma campanha de saúde no mundo do trabalho: a Operação Caça Benzeno. Desenvolvida entre os anos de 1991 e 1994, a campanha fez parte de um projeto de formação em saúde no trabalho, coordenado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em parceria com algumas organizações nacionais e com a Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL), maior entidade sindical da Itália naquela época. Tinha por finalidade instruir os trabalhadores quanto aos cuidados de si considerados prudentes e saudáveis e a exercerem a vigilância em saúde no trabalho. O problema é que os discursos e práticas de saúde podem reforçar os processos de culpabilização destes sujeitos, caso não sejam observados os múltiplos fatores que objetivamente caracterizam os processos de trabalho e subjetivamente são administrados por estes indivíduos nas escolhas para adotar comportamentos e cobrar responsabilidades patronais. A hipótese é que as responsabilidades individuais de risco são dialeticamente construídas entre os discursos e práticas desenvolvidas por sindicatos e órgãos públicos para representar os trabalhadores que atuam na cadeia de produção, processamento, distribuição e comercialização de benzeno e seus derivados no Brasil. O objetivo desta pesquisa foi compreender como as responsabilidades individuais de risco são construídas através dos discursos de prescrição comportamental das campanhas de promoção da saúde e prevenção de doenças. Observamos como uma cartilha, um jornal e uma revista integraram um conjunto de práticas comunicativas desenvolvidas pela CUT e órgãos públicos para ensinar os trabalhadores a lidar com a epidemia de benzenismo. Verificamos que os gêneros educativos se constituíram entre textos, práticas discursivas e os eventos realizados por estas instituições para abordar o benzenismo como tema de campanha. A convocação feita por sindicatos e órgãos públicos aos trabalhadores na Operação Caça Benzeno nos apontou a proposição de um protagonismo a ser exercido por esses sujeitos para cuidar da própria saúde, mas desconsiderando os recursos e contextos específicos que constituem os processos trabalho e determinam as condições para a tomada de decisões e à adoção de comportamentos no cotidiano laboral.
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Tinha por finalidade instruir os trabalhadores quanto aos cuidados de si considerados prudentes e saudáveis e a exercerem a vigilância em saúde no trabalho. O problema é que os discursos e práticas de saúde podem reforçar os processos de culpabilização destes sujeitos, caso não sejam observados os múltiplos fatores que objetivamente caracterizam os processos de trabalho e subjetivamente são administrados por estes indivíduos nas escolhas para adotar comportamentos e cobrar responsabilidades patronais. A hipótese é que as responsabilidades individuais de risco são dialeticamente construídas entre os discursos e práticas desenvolvidas por sindicatos e órgãos públicos para representar os trabalhadores que atuam na cadeia de produção, processamento, distribuição e comercialização de benzeno e seus derivados no Brasil. O objetivo desta pesquisa foi compreender como as responsabilidades individuais de risco são construídas através dos discursos de prescrição comportamental das campanhas de promoção da saúde e prevenção de doenças. Observamos como uma cartilha, um jornal e uma revista integraram um conjunto de práticas comunicativas desenvolvidas pela CUT e órgãos públicos para ensinar os trabalhadores a lidar com a epidemia de benzenismo. Verificamos que os gêneros educativos se constituíram entre textos, práticas discursivas e os eventos realizados por estas instituições para abordar o benzenismo como tema de campanha. A convocação feita por sindicatos e órgãos públicos aos trabalhadores na Operação Caça Benzeno nos apontou a proposição de um protagonismo a ser exercido por esses sujeitos para cuidar da própria saúde, mas desconsiderando os recursos e contextos específicos que constituem os processos trabalho e determinam as condições para a tomada de decisões e à adoção de comportamentos no cotidiano laboral.This dissertation is about a health campaign in the world of work: the Operação Caça Benzeno. Developed between 1991 and 1994, the campaign was part of an occupational health training project, coordinated by the Central Unica dos Trabalhadores (CUT) in partnership with some national organizations and the Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL), largest trade union in Italy at the time. Its purpose was to educate workers about the care they considered to be prudent and healthy and to exercise health surveillance at work. The problem is that health discourses and practices can reinforce the blame processes of these subjects if the multiple factors that objectively characterize work processes are subjectively observed and are subjectively administered by these individuals in the choices to adopt behaviors and to take on employer responsibilities. The hypothesis is that individual risk responsibilities are dialectically constructed between the discourses and practices developed by unions and public agencies to represent workers working in the chain of production, processing, distribution and commercialization of benzene and its derivatives in Brazil 000085321 520 L $$aThe objective of this research was to understand how individual risk responsibilities are built through behavioral prescription discourses of health promotion and disease prevention campaigns. We observed how a booklet, a newspaper and a journal integrated a set of communicative practices developed by CUT and public agencies to teach workers how to deal with the benzene epidemic. We verified that the educational genres were constituted between texts, discursive practices and the events carried out by these institutions to approach benzenism as a campaign theme. The call made by unions and public agencies to the workers in the Operação Caça Benzeno pointed us to the proposition of a protagonism to be exercised by these subjects to take care of their own health, but disregarding the specific resources and contexts that structure the work processes and determine the conditions for decision making and the adoption of behaviors in daily work.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porComunicaçãoCampanhasSaúde dos trabalhadoresRiscoBenzenoComunicaçãoSaúde do trabalhadorRisco à saúde humanaBenzenoOs discursos de risco como prática educativa no trabalho: uma análise da campanha operação Caça Benzeno (1991-1994)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2019Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em SaúdeFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúdeinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/39943/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALdeivson_santos_icict_mest_2019.pdfapplication/pdf5219453https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/39943/2/deivson_santos_icict_mest_2019.pdf01fe916679f6c67a965a8cf8bc38cd93MD52TEXTdeivson_santos_icict_mest_2019.pdf.txtdeivson_santos_icict_mest_2019.pdf.txtExtracted texttext/plain1118615https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/39943/3/deivson_santos_icict_mest_2019.pdf.txtd4f61d20f80bded643ac0bee2dff56e0MD53icict/399432020-02-16 09:54:35.13oai:www.arca.fiocruz.br:icict/39943Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352020-02-16T12:54:35Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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