Avaliação das recorrências de Malária em infecções por Plasmodium vivax na Amazônia Brasileira em três cenários de incidência

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Balieiro, Antonio Alcirley da Silva
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/53310
Resumo: No Brasil, a malária causada por Plasmodium vivax ocasiona maior dificuldade de controle. Essa espécie apresenta uma forma evolutiva hepática (hipnozoíto) que permanece em latência por determinados períodos de tempo, sendo responsável pela ocorrência de episódios tardios da doença (recaída). Além disso, tem sido demonstrada resistência dessa espécie ao antimalárico utilizado como droga esquizonticida de primeira linha (CQ). Do mesmo modo, existem questões que ainda precisam ser respondidas sobre a resistência da CQ à malária por P. vivax, como: a descrição e distribuição espacial em cenários epidemiológicos diversos nos municípios da região Amazônica; o aumento das recorrências com a elevação dos casos de malária por P. vivax; a carência de formas ou indicadores para monitoramento dessa resistência e; a avaliação de antimaláricos para substituir a CQ. Com base nesse contexto, foi realizado um estudo espaço-temporal que utilizou dados do SIVEP-malária, abrangendo toda a Amazônia brasileira, com o objetivo de descrever as recorrências em indivíduos que foram registrados com malária por P. vivax em três cenários de incidência: alta (2005), intermediária (2010) e baixa (2015). Utilizaram-se técnicas de linkage para a busca de registros dos mesmos pacientes e, assim, calcular o tempo decorrido entre o primeiro episódio de infecção e o seguinte. As recorrências foram divididas em 3 grupos: 1) do 5º ao 28º dia; 2) do 29º ao 60º dia e; 3) acima de 60 dias, representando respectivamente prováveis recrudescências, recaídas e reinfecções. Adicionalmente, foram classificadas as recorrências entre o 29º e o 42º dia, representando aqui potenciais recrudescências tardias. Os resultados demonstram que crianças ≤ 3 anos tendem a ter mais recorrências que as demais idades. As recorrências até 28 dias tiveram um leve aumento em relação à incidência. A análise de cluster demonstrou uma distribuição espacial não constante no tempo, provavelmente relacionada a medidas de controle ineficientes ou questões logísticas, ao invés de características genéticas do parasito. Com base nas informações das recorrências, foi construído um modelo de compartimentos epidemiológicos baseado em equações diferenciais, onde foram incluídas as probabilidades das recorrências segundo dois grupos etários (≤ 3 anos e > 3 anos) e a densidade de mosquitos e sazonalidade. As estratégias voltadas para eliminação da malária por P. vivax devem considerar, além da aplicação de novas terapias com antimaláricos (ACT’s), maior vigilância entomológica e construção de indicadores de falha do tratamento do P. vivax devido à resistência a CQ, visando contornar problemas como as recorrências até 28 dias, principalmente em crianças menores de 4 anos
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Além disso, tem sido demonstrada resistência dessa espécie ao antimalárico utilizado como droga esquizonticida de primeira linha (CQ). Do mesmo modo, existem questões que ainda precisam ser respondidas sobre a resistência da CQ à malária por P. vivax, como: a descrição e distribuição espacial em cenários epidemiológicos diversos nos municípios da região Amazônica; o aumento das recorrências com a elevação dos casos de malária por P. vivax; a carência de formas ou indicadores para monitoramento dessa resistência e; a avaliação de antimaláricos para substituir a CQ. Com base nesse contexto, foi realizado um estudo espaço-temporal que utilizou dados do SIVEP-malária, abrangendo toda a Amazônia brasileira, com o objetivo de descrever as recorrências em indivíduos que foram registrados com malária por P. vivax em três cenários de incidência: alta (2005), intermediária (2010) e baixa (2015). Utilizaram-se técnicas de linkage para a busca de registros dos mesmos pacientes e, assim, calcular o tempo decorrido entre o primeiro episódio de infecção e o seguinte. As recorrências foram divididas em 3 grupos: 1) do 5º ao 28º dia; 2) do 29º ao 60º dia e; 3) acima de 60 dias, representando respectivamente prováveis recrudescências, recaídas e reinfecções. Adicionalmente, foram classificadas as recorrências entre o 29º e o 42º dia, representando aqui potenciais recrudescências tardias. Os resultados demonstram que crianças ≤ 3 anos tendem a ter mais recorrências que as demais idades. As recorrências até 28 dias tiveram um leve aumento em relação à incidência. A análise de cluster demonstrou uma distribuição espacial não constante no tempo, provavelmente relacionada a medidas de controle ineficientes ou questões logísticas, ao invés de características genéticas do parasito. Com base nas informações das recorrências, foi construído um modelo de compartimentos epidemiológicos baseado em equações diferenciais, onde foram incluídas as probabilidades das recorrências segundo dois grupos etários (≤ 3 anos e > 3 anos) e a densidade de mosquitos e sazonalidade. As estratégias voltadas para eliminação da malária por P. vivax devem considerar, além da aplicação de novas terapias com antimaláricos (ACT’s), maior vigilância entomológica e construção de indicadores de falha do tratamento do P. vivax devido à resistência a CQ, visando contornar problemas como as recorrências até 28 dias, principalmente em crianças menores de 4 anosIn Brazil, malaria caused by Plasmodium vivax is more difficult to control. This species has an evolutionary form of the liver (hypnozoite) that remains in latency periods being responsible for the occurrence in some cases of late episodes of the disease (relapse). Furthermore, resistance of this species to the antimalarial drug used as a first-line schizonticidal drug (CQ) has been demonstrated. Likewise, some questions still need to be answered about the resistance of CQ to vivax malaria, such as the description and spatial distribution in different epidemiological scenarios in the municipalities of the Amazon region; increase in recurrences with the increase in vivax malaria cases; lack of indicators to monitor this resistance and evaluation of antimalarials to replace CQ. Based on this context, a spatiotemporal study was carried out using data from SIVEP-malaria, covering the entire Brazilian Amazon, to describe the recurrences in individuals who were registered with vivax malaria in three incidence scenarios: high (2005), intermediate (2010), and low (2015). Linkage techniques were used to search for pairs of records from the same patients, and thus calculate the time elapsed between the first episode of infection and the next. The recurrences were divided into 3 groups: 1) from the 5th to the 28th day, 2) from the 29th to the 60th day, and 3) over 60 days, representing respectively probable recrudescence, relapses, and reinfections. Additionally, recurrences were classified between the 29th and 42nd days, representing here potential late recrudescence. The results show that children ≤ 3 years old tend to have more recurrences than other ages. Recurrence up to 28 days had a slight increase in incidence. Cluster analysis demonstrated a spatial distribution that was not constant over time, probably related to inefficient control measures or logistical issues, rather than genetic characteristics of the parasite. Based on the recurrence information, an epidemiological compartment model was built based on deterministic differential equations, which included the recurrence probabilities according to two age groups (≤ 3 years and > 3 years), mosquito density, and seasonality. Strategies aimed at eliminating vivax malaria should consider, in addition to the application of new antimalarial therapies (ACT's), greater entomological surveillance, and construction of indicators of treatment failure of P. vivax due to resistance to CQ, to circumvent problems such as recurrences up to 28 days, especially for children under 4 years of ageFundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. 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