Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pimentel, Ana Cristina de Lima
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34716
Resumo: Esta tese apresenta a vida social de implantes hormonais subdérmicos produzidos e comercializados unicamente no Brasil desde a década de 1990 por uma empresa de manipulação de medicamentos denominada Elmeco. Esses objetos farmacológicos são compostos por dois elementos fundamentais: um tubo de silicone e uma substância química derivada dos chamados hormônios sexuais. Desde essa composição tecnológica podem ser manejados em distintas combinações através da realização de procedimento de inserção sob a pele. A ascendência destes objetos biomédicos está relacionada às políticas demográficas internacionais nas décadas de 1960 e 1970, quando um consórcio político-científico, coordenado pelo Population Council, buscava sistemas de administração de contraceptivos hormonais eficazes para controlar a fertilidade de mulheres de países periféricos na geopolítica global. Desde os primórdios da preparação deste sistema de administração de hormônios, pesquisadores brasileiros estiveram envolvidos nas pesquisas clínicas, com destacada contribuição do médico e pesquisador Elsimar Coutinho na cidade de Salvador, Bahia. Mesmo diante de vigorosas reações de pesquisadores brasileiros, durante a década de 1980, os ensaios clínicos com a primeira marca registrada de implante hormonal subdérmico no mundo, o Norplant®, foram proibidas no país e a vida desta forma farmacêutica foi provisoriamente encerrada localmente. Este episódio, entretanto, não significou o fim da vida dos implantes subdérmicos no Brasil. Desde a década de 1990, com o engajamento de Elsimar Coutinho, foi edificada uma empresa-laboratório de manipulação de medicamentos com o nome Elmeco Assumindo a chave metodológica proposta por Geest e Whyte (1996) esta tese delineia três fases na vida social dos implantes hormonais subdérmicos produzidos pela Elmeco: a) fase de fabricação, produção e comercialização: destaca-se o processamento da cadeia produtiva operada na Elmeco, b) a fase intermediária: apresenta-se o processo de distribuição dos produtos aos seus consumidores que, no caso dos implantes, processa-se centralmente na clínica, que é, ao mesmo tempo, o espaço físico e um tipo de prática sobre o corpo hormonal; c)a fase final: analisa-se as eficácias farmacológicas destes pequenos fármacos, tomando os diferentes atores envolvidos em seu transcurso existencial: as mulheres, as farmacêuticas e os médicos. Cada estágio do ciclo de vida dos implantes possui atores, espacialidades, temporalidades e um regime de valores e normas, que são apresentadas na tese. Ainda que se procure delinear as singularidades de cada fase, um interesse comum permaneceu ao longo de toda a tese: as modificações nas relações entre corpo e objeto que se estabelecem a partir das práticas através das quais os implantes nucleiam associações e relações farmacopolíticas e, ao fazê-lo, customiza corpos sexualizados e formas de vida com distinções de classe nos cenários da biomedicina contemporânea que se enseja dentro da racionalidade neoliberal do século XXI. A eficácia farmacêutica é o último e decisivo estágio de vida, pois ela enseja o próprio sentido da existência de objetos farmacológicos. Nos contextos estudados, as relações corpo-objeto se orientam em direção à finalidade de existência deste objeto farmacológico, que são as modificações corporais possibilitadas pelos imaginários farmacêuticos dos hormônios sexuais androgênicos. Hibridizados, corpo-objeto, fazem-se um tipo de ciborgue farmacoquímico empresa cujos atributos valorizados são as atitudes enérgicas.
id CRUZ_999609d9cfd5ce25eae39dcff17d28c8
oai_identifier_str oai:www.arca.fiocruz.br:icict/34716
network_acronym_str CRUZ
network_name_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
repository_id_str 2135
spelling Pimentel, Ana Cristina de LimaGaudenzi, Paula.Teixeira, Luiz Antonio.Jannotti, Cláudia Bonan2019-08-12T12:51:14Z2019-08-12T12:51:14Z2018PIMENTEL, Ana Cristina de Lima. Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos. 2018. 355 f. Tese (Doutorado em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher)-Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2018.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34716Esta tese apresenta a vida social de implantes hormonais subdérmicos produzidos e comercializados unicamente no Brasil desde a década de 1990 por uma empresa de manipulação de medicamentos denominada Elmeco. Esses objetos farmacológicos são compostos por dois elementos fundamentais: um tubo de silicone e uma substância química derivada dos chamados hormônios sexuais. Desde essa composição tecnológica podem ser manejados em distintas combinações através da realização de procedimento de inserção sob a pele. A ascendência destes objetos biomédicos está relacionada às políticas demográficas internacionais nas décadas de 1960 e 1970, quando um consórcio político-científico, coordenado pelo Population Council, buscava sistemas de administração de contraceptivos hormonais eficazes para controlar a fertilidade de mulheres de países periféricos na geopolítica global. Desde os primórdios da preparação deste sistema de administração de hormônios, pesquisadores brasileiros estiveram envolvidos nas pesquisas clínicas, com destacada contribuição do médico e pesquisador Elsimar Coutinho na cidade de Salvador, Bahia. Mesmo diante de vigorosas reações de pesquisadores brasileiros, durante a década de 1980, os ensaios clínicos com a primeira marca registrada de implante hormonal subdérmico no mundo, o Norplant®, foram proibidas no país e a vida desta forma farmacêutica foi provisoriamente encerrada localmente. Este episódio, entretanto, não significou o fim da vida dos implantes subdérmicos no Brasil. Desde a década de 1990, com o engajamento de Elsimar Coutinho, foi edificada uma empresa-laboratório de manipulação de medicamentos com o nome Elmeco Assumindo a chave metodológica proposta por Geest e Whyte (1996) esta tese delineia três fases na vida social dos implantes hormonais subdérmicos produzidos pela Elmeco: a) fase de fabricação, produção e comercialização: destaca-se o processamento da cadeia produtiva operada na Elmeco, b) a fase intermediária: apresenta-se o processo de distribuição dos produtos aos seus consumidores que, no caso dos implantes, processa-se centralmente na clínica, que é, ao mesmo tempo, o espaço físico e um tipo de prática sobre o corpo hormonal; c)a fase final: analisa-se as eficácias farmacológicas destes pequenos fármacos, tomando os diferentes atores envolvidos em seu transcurso existencial: as mulheres, as farmacêuticas e os médicos. Cada estágio do ciclo de vida dos implantes possui atores, espacialidades, temporalidades e um regime de valores e normas, que são apresentadas na tese. Ainda que se procure delinear as singularidades de cada fase, um interesse comum permaneceu ao longo de toda a tese: as modificações nas relações entre corpo e objeto que se estabelecem a partir das práticas através das quais os implantes nucleiam associações e relações farmacopolíticas e, ao fazê-lo, customiza corpos sexualizados e formas de vida com distinções de classe nos cenários da biomedicina contemporânea que se enseja dentro da racionalidade neoliberal do século XXI. A eficácia farmacêutica é o último e decisivo estágio de vida, pois ela enseja o próprio sentido da existência de objetos farmacológicos. Nos contextos estudados, as relações corpo-objeto se orientam em direção à finalidade de existência deste objeto farmacológico, que são as modificações corporais possibilitadas pelos imaginários farmacêuticos dos hormônios sexuais androgênicos. Hibridizados, corpo-objeto, fazem-se um tipo de ciborgue farmacoquímico empresa cujos atributos valorizados são as atitudes enérgicas.This thesis presents the social life of subdermal hormonal implants produced and marketed only in Brazil since the 1990s by a drug-handling company called Elmeco.They are composed of two fundamental elements: a silicone tube and a chemical substance derived from the so-called sex hormones. The ascendancy of these biomedical objects is related to international demographic policies in the 1960s and 1970s when a political-scientific consortium, coordinated by the Population Council, sought effective hormonal contraceptive delivery systems to control the fertility of women from peripheral countries in global geopolitics. Since the beginning of the preparation of this system of hormone administration, Brazilian researchers have been involved in clinical research, with a distinguished contribution by the physician and researcher Elsimar Coutinho in the city of Salvador, Bahia. Even in the face of vigorous reactions from Brazilian researchers during the 1980s, clinical trials with the world's first brand of subdermal hormone implant Norplant® were banned in the country and life in this pharmaceutical form was provisionally closed locally. This episode, however, did not mean the end of life of the subdermal implants in Brazil. Since the 1990s, Elsimar Coutinho has been involved in the development of a drug-handling laboratory with the name Elmeco. Assuming the methodological key proposed by Geest and Whyte (1996), this thesis delineates three phases in the social life of the subdermal hormonal implants produced by Elmeco: a) manufacturing phase, production and commercialization: we highlight the processing of the production chain operated at Elmeco, b) the intermediate phase: the process of distribution of the products to its consumers is presented, which in the case of implants, is processed centrally in the clinic, which is both physical space and a type of practice on the body hormonal; c) the final phase: the pharmacological efficacies of these small drugs are analyzed, taking the different actors involved in their existential course: women, pharmacists and doctors. Each stage of the implant life cycle has actors, spatiality, temporalities, and a regime of values and norms, which are presented in the thesis. Although one tries to delineate the singularities of each phase, a common interest remained throughout the thesis: the modifications in the relations between body and object that are established from the practices through which the implants nucleate associations and pharmacopolitical relations and, at the same time, to do so, customizes sexualized bodies and life forms with class distinctions in the scenarios of contemporary biomedicine that comes within the neoliberal rationality of the 21st century. Pharmaceutical efficacy is the ultimate and decisive stage of life, since it gives rise to the very meaning of pharmacological objects. In the contexts studied, body-object relations are oriented toward the purpose of existence of this pharmacological object, which are the bodily modifications made possible by the pharmaceutical imaginaries of the androgenic sex hormones. Hybridized, body-object, they become a type of cyborg pharmacoquimico company whose valued attributes are energetic, productive, vibrant, sexualized, strong and beautiful attitudes that are possible through a unique ordering of practicality, effectiveness, continuous functioning and excitement and continuous stimuli.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porHormônios sexuaisSexualidadePolíticas de saúdeMedicalizaçãoAprimoramento biomédicoUma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2018Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes FigueiraFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulherinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34716/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALana_pimentel_iff_dout_2018.pdfapplication/pdf2307682https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34716/2/ana_pimentel_iff_dout_2018.pdf8f33ac9ef41d48c1b05fba049089ef5eMD52TEXTana_pimentel_iff_dout_2018.pdf.txtana_pimentel_iff_dout_2018.pdf.txtExtracted texttext/plain696988https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34716/3/ana_pimentel_iff_dout_2018.pdf.txt94989b1483592086c077944016641956MD53icict/347162019-08-13 02:03:09.216oai:www.arca.fiocruz.br:icict/34716Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352019-08-13T05:03:09Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos
title Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos
spellingShingle Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos
Pimentel, Ana Cristina de Lima
Hormônios sexuais
Sexualidade
Políticas de saúde
Medicalização
Aprimoramento biomédico
title_short Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos
title_full Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos
title_fullStr Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos
title_full_unstemmed Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos
title_sort Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos
author Pimentel, Ana Cristina de Lima
author_facet Pimentel, Ana Cristina de Lima
author_role author
dc.contributor.advisorco.pt_BR.fl_str_mv Gaudenzi, Paula.
Teixeira, Luiz Antonio.
dc.contributor.author.fl_str_mv Pimentel, Ana Cristina de Lima
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Jannotti, Cláudia Bonan
contributor_str_mv Jannotti, Cláudia Bonan
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Hormônios sexuais
Sexualidade
Políticas de saúde
Medicalização
Aprimoramento biomédico
topic Hormônios sexuais
Sexualidade
Políticas de saúde
Medicalização
Aprimoramento biomédico
description Esta tese apresenta a vida social de implantes hormonais subdérmicos produzidos e comercializados unicamente no Brasil desde a década de 1990 por uma empresa de manipulação de medicamentos denominada Elmeco. Esses objetos farmacológicos são compostos por dois elementos fundamentais: um tubo de silicone e uma substância química derivada dos chamados hormônios sexuais. Desde essa composição tecnológica podem ser manejados em distintas combinações através da realização de procedimento de inserção sob a pele. A ascendência destes objetos biomédicos está relacionada às políticas demográficas internacionais nas décadas de 1960 e 1970, quando um consórcio político-científico, coordenado pelo Population Council, buscava sistemas de administração de contraceptivos hormonais eficazes para controlar a fertilidade de mulheres de países periféricos na geopolítica global. Desde os primórdios da preparação deste sistema de administração de hormônios, pesquisadores brasileiros estiveram envolvidos nas pesquisas clínicas, com destacada contribuição do médico e pesquisador Elsimar Coutinho na cidade de Salvador, Bahia. Mesmo diante de vigorosas reações de pesquisadores brasileiros, durante a década de 1980, os ensaios clínicos com a primeira marca registrada de implante hormonal subdérmico no mundo, o Norplant®, foram proibidas no país e a vida desta forma farmacêutica foi provisoriamente encerrada localmente. Este episódio, entretanto, não significou o fim da vida dos implantes subdérmicos no Brasil. Desde a década de 1990, com o engajamento de Elsimar Coutinho, foi edificada uma empresa-laboratório de manipulação de medicamentos com o nome Elmeco Assumindo a chave metodológica proposta por Geest e Whyte (1996) esta tese delineia três fases na vida social dos implantes hormonais subdérmicos produzidos pela Elmeco: a) fase de fabricação, produção e comercialização: destaca-se o processamento da cadeia produtiva operada na Elmeco, b) a fase intermediária: apresenta-se o processo de distribuição dos produtos aos seus consumidores que, no caso dos implantes, processa-se centralmente na clínica, que é, ao mesmo tempo, o espaço físico e um tipo de prática sobre o corpo hormonal; c)a fase final: analisa-se as eficácias farmacológicas destes pequenos fármacos, tomando os diferentes atores envolvidos em seu transcurso existencial: as mulheres, as farmacêuticas e os médicos. Cada estágio do ciclo de vida dos implantes possui atores, espacialidades, temporalidades e um regime de valores e normas, que são apresentadas na tese. Ainda que se procure delinear as singularidades de cada fase, um interesse comum permaneceu ao longo de toda a tese: as modificações nas relações entre corpo e objeto que se estabelecem a partir das práticas através das quais os implantes nucleiam associações e relações farmacopolíticas e, ao fazê-lo, customiza corpos sexualizados e formas de vida com distinções de classe nos cenários da biomedicina contemporânea que se enseja dentro da racionalidade neoliberal do século XXI. A eficácia farmacêutica é o último e decisivo estágio de vida, pois ela enseja o próprio sentido da existência de objetos farmacológicos. Nos contextos estudados, as relações corpo-objeto se orientam em direção à finalidade de existência deste objeto farmacológico, que são as modificações corporais possibilitadas pelos imaginários farmacêuticos dos hormônios sexuais androgênicos. Hibridizados, corpo-objeto, fazem-se um tipo de ciborgue farmacoquímico empresa cujos atributos valorizados são as atitudes enérgicas.
publishDate 2018
dc.date.issued.fl_str_mv 2018
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-12T12:51:14Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-12T12:51:14Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv PIMENTEL, Ana Cristina de Lima. Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos. 2018. 355 f. Tese (Doutorado em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher)-Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2018.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34716
identifier_str_mv PIMENTEL, Ana Cristina de Lima. Uma via periférica para os hormônios sexuais: empresariamento, biologias, classe e corpos femininos. 2018. 355 f. Tese (Doutorado em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher)-Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2018.
url https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34716
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron:FIOCRUZ
instname_str Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron_str FIOCRUZ
institution FIOCRUZ
reponame_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
collection Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
bitstream.url.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34716/1/license.txt
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34716/2/ana_pimentel_iff_dout_2018.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34716/3/ana_pimentel_iff_dout_2018.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33
8f33ac9ef41d48c1b05fba049089ef5e
94989b1483592086c077944016641956
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
repository.mail.fl_str_mv repositorio.arca@fiocruz.br
_version_ 1813009041359634432