Determinantes socioambientais da produção da leishmaniose tegumentar americana no município de Ji-Paraná - RO, no período de 2002 a 2008

• Autor(a) principal: Ferreira, Jussara da Silva Barcelos
• Data de Publicação: 2010
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
• Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24633
• topic: Leishmaniose Tegumentar Americana; Deslocamento; Tipo; Determinantes Socioambientais; Leishmaniose American Tegumentar; Displacement; Type; Determinative Social and Environmental; Leishmaniose Cutânea; Descentralização; Meio Ambiente

Em Ji-Paraná a intensidade de transmissão da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) está associada às atividades laborais, nas quais os indivíduos deslocam para frentes de trabalho situadas em outros municípios de Rondônia ou para outros estados vizinhos, cujas condições de receptividade são favoráveis à transmissão da doença. Esse trabalho teve como objetivo analisar as principais características do processo endêmicoepidêmico da LTA no Município de Ji-Paraná, no período de 2002 a 2008, considerando as transformações socioambientais ocorridas em função dos processos produtivos e de trabalho instalados na região. Foi realizado um estudo descritivo através de dados secundários. Foram georreferenciados os endereços de residência dos doentes e construídos mapas de fluxo dos casos de LTA. Foi realizada uma estratificação considerando os locais de infecção dos pacientes. No período estudado foram notificados 458 casos novos de LTA, onde somente 8,1% acometeram mulheres e 99,1%, atingiram pessoas acima de 10 anos de idade. A forma cutânea da doença prevaleceu (87,8 %). A distribuição dos casos por local de infecção mostrou que 16,4% se infectaram no próprio município, sendo a área rural responsável pela totalidade desses registros. Outros 38 municípios de Rondônia foram citados como provável fonte de infecção, correspondendo a 33% dos casos. Já 41,9% das notificações foi no estado do Mato Grosso, resultado das atividades laborais ligadas diretamente à floresta, evidenciando mudanças na dinâmica de transmissão da doença, que antes se dava em decorrência da ocupação do solo no próprio município. Foram selecionados três principais municípios do Mato Grosso, citados como local de infecção da LTA dos residentes em Ji-Paraná, para estudo dos padrões de transmissão, Aripuanã, Rondolândia e Colniza, por terem contribuído com 87,6% dos casos. Este estudo sugere que o processo de ocupação e organização do espaço em Ji-Paraná, nos últimos 40 anos, propiciou o deslocamento dos indivíduos para locais onde a transmissão da LTA é mais intensa. O desconhecimento sobre a doença e os cuidados necessários para evitá-la, contribuem para manutenção dos casos. Ações de educação em saúde e a descentralização do diagnóstico e tratamento da LTA são indispensáveis para a redução da doença no município de Ji-Paraná.