Necropolítica bucal: Jesus não tem dentes no país dos Banguelas - um ensaio autoetnográfico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souza, Rodrigo Neves Amaral de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59912
Resumo: Este estudo busca desnudar os aspectos das relações coloniais e raciais como dimensões do complexo processo de determinação social da saúde. Mais especificamente, buscaremos analisar relações de poder – marcadamente racistas na sociedade brasileira – no processo de trabalho em saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família, a partir de um ensaio autoetnográfico. Entendemos que o enfoque da determinação social da saúde, no qual se inserem análises do papel das condições históricas e materiais de existência como classe e processo de trabalho, comporta também uma análise das relações de raça e poder, que podem ser estudadas através dos conceitos fundamentais da decolonialidade e da necropolítica. Para isso utilizaremos na dissertação a autoetnografia como suporte metodológico, com o uso de diários reflexivos do autor escritos durante um período de dois anos como residente multiprofissional em saúde da família, associadas a lembranças e outros escritos de um segundo período de dois anos, como dentista responsável por duas equipes e dando suporte ao consultório na rua (já como trabalhador contratado por Organização Social (OS). Procuraremos identificar dinâmicas de poder que se desenvolvem no curso do trabalho e/ou de sua organização. O uso dos diários reflexivos permite, a partir do estranhamento causado pelas suas releituras, uma reconexão com o referencial teórico utilizado no trabalho e o surgimento de linhas de pensamento não observadas antes. Desconfio que durante minha estada na CFVV mais do que praticar o deixar morrer, pratiquei o fazer morrer de diversas formas, seja nas mutilações físicas ou nas de outras dimensões como a dos sonhos e desejos. No cenário atual da sociedade brasileira, com seus racismos cada vez mais óbvios e atuantes, é necessário, cada vez mais, que o setor saúde não se furte deste assunto, sendo este o compromisso da presente dissertação.
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Entendemos que o enfoque da determinação social da saúde, no qual se inserem análises do papel das condições históricas e materiais de existência como classe e processo de trabalho, comporta também uma análise das relações de raça e poder, que podem ser estudadas através dos conceitos fundamentais da decolonialidade e da necropolítica. Para isso utilizaremos na dissertação a autoetnografia como suporte metodológico, com o uso de diários reflexivos do autor escritos durante um período de dois anos como residente multiprofissional em saúde da família, associadas a lembranças e outros escritos de um segundo período de dois anos, como dentista responsável por duas equipes e dando suporte ao consultório na rua (já como trabalhador contratado por Organização Social (OS). Procuraremos identificar dinâmicas de poder que se desenvolvem no curso do trabalho e/ou de sua organização. O uso dos diários reflexivos permite, a partir do estranhamento causado pelas suas releituras, uma reconexão com o referencial teórico utilizado no trabalho e o surgimento de linhas de pensamento não observadas antes. Desconfio que durante minha estada na CFVV mais do que praticar o deixar morrer, pratiquei o fazer morrer de diversas formas, seja nas mutilações físicas ou nas de outras dimensões como a dos sonhos e desejos. No cenário atual da sociedade brasileira, com seus racismos cada vez mais óbvios e atuantes, é necessário, cada vez mais, que o setor saúde não se furte deste assunto, sendo este o compromisso da presente dissertação.In this study, I will seek to explore the aspects of race relations as one of the dimensions of a complex process of social determination of health. More specifically, I intend to analyze power relations wich are markedly racist in Brazilian society - in the oral health work process in the Family Health Strategy. For doing so, I will perform an autoetnography. We understand that the focus of social determination of health, which includes analyzes of the role of historical and material conditions of existence as a class and work process, also includes an analysis of the relations of race and power, which can be studied through the fundamental concept of necropolitics. For this purpose, we will use autoethnography in the dissertation as methodological support, with the use of reflective diaries of the author written during a period of two years (taking a multidisciplinary residency) associated with memories and other writings from a second period of two years (already as a worker hired by social organization), seeking to identify power dynamics that develop in the course of work and / or its organization, in addition to other observations that we deem relevant. The use of reflective diaries allows, from the strangeness caused by their reinterpretations, a new connection with the theoretical framework used in the work and the appearance of lines of thought not observed before. I suspect that during my stay at the CFVV, more than practicing letting die, I practiced making die in different ways, wheter in physical mutilations or in other dimensions such as Dreams and desires. In the current scenario of Brazilian society, with its structural racism increasingly obvious and active, it is increasingly necessary that the health sector does not shy away from talking about certain issues, such as the genocide of the black population that we currently have in the municipality of Rio de Janeiro.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porColonialidadeNecropolíticaAutoetnografiaSaúde Bucal ColetivaSaúde ColetivaSUSOdontologia e Saúde PúblicaRacismoOdontology and Public HealthSUSColonialityNecropoliticsRacismAutoethnographyCollective Oral HealthCollective HealthOdontologiaSaúde PúblicaSistema Único de SaúdeRacismoSaúde BucalNecropolítica bucal: Jesus não tem dentes no país dos Banguelas - um ensaio autoetnográficoOral necropolitics: Jesus has no teeth in the land of the toothless - an autoetnographic essayinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2022-04-27Escola Nacional de Saúde Pública Sergio AroucaFundação Oswaldo CruzMestrado AcadêmicoRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/59912/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALrodrigo_neves_amaral_souza_ensp_mest_2022.pdfapplication/pdf1095727https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/59912/2/rodrigo_neves_amaral_souza_ensp_mest_2022.pdf6010a45de1788959028f718953acf060MD52icict/599122023-08-07 14:37:15.677oai:www.arca.fiocruz.br:icict/59912Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-08-07T17:37:15Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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