Empoemar a reabilitação, deslimitar a deficiência, transver o cuidado: das normativas humanitárias à encantaria contracolonial
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59021 |
Resumo: | A tese foi dedicada à produção da deficiência e da habilitação/reabilitação, mirando as políticas de assistência social e de saúde. Os caminhos teórico-metodológicos ajuntaram saberes diversos: estudos contracoloniais; da ciência, tecnologia e sociedade; da biopolítica; da governamentalidade. Sob as metáforas da contradança e da ginga, o texto se movimentou em duas dimensões. Primeiramente, os direitos humanos inventados nos marcos da modernidade colonial subiram ao palco. Acontecimentos, controvérsias, incertezas e invisibilidades constituíram o norte analítico. A tese descortinou a deficiência como preocupação de governo desabrochada quando marcadora de corpos trabalhadores formais, fazendo minguar capacidades produtivas. Logo, a noção de deficiência (ou limite, ou incapacidade) nesses marcos regulatórios se deu pela concepção de incapacidade laboral. Desabriu-se então a habilitação/reabilitação ocupada com a preparação de corpos produtivos. Tal feito atuou na sua simplificação como problema de seguridade social, mobilizando bichados sentidos de autonomia e independência. Jogos de poder, refinamentos e atualizações conceituais seguiram em rebento, agregando agendas importantes como a avaliação biopsicossocial e a abordagem interseccional da deficiência. Contudo, as bases normativas atuais seguem fixadas em modos acostumados de pensar e instituir direitos, políticas e serviços, sustentadas em referências normalizadoras e neoliberais orientadas pela escassez. Tal conclusão redirecionou a tese. A segunda dimensão da pesquisa escapou desse rumo desenvolvimentista para gingar epistemologias contracoloniais, fazendo Manoel de Barros encontrar Exu. Entra na gira uma crítica ao racismo epistêmico, desencante norteador da produção de saberes no contexto moderno-colonial. A gira girou apoiando o pensar a deficiência como diferença, enfatizando a interdependência e o cuidado balizados em cosmopercepções que os concebem como fontes de ancestralidade e comunalidade, agentes mobilizadores de forças vitais. Encantada pelo encontro Manoel-Exu, a tese aposta no deslimite das percepções ocidentais sobre a deficiência por meio da recuperação de saberes poéticos, ancestrais, afro-indígenas e afrodiaspóricos para empoemar as práticas habilitacionais/reabilitacionais, possibilitando-nos transver o cuidado e reinventar o mundo sob os horizontes da abundância, do axé, do bem viver e da justiça social. |
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Dias, Francine de SouzaSilva, Lenir Nascimento daCastiel, Luis David2023-06-14T17:40:34Z2023-06-14T17:40:34Z2023DIAS, Francine de Souza. Empoemar a reabilitação, deslimitar a deficiência, transver o cuidado: das normativas humanitárias à encantaria contracolonial. 2023. 256 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2023.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59021A tese foi dedicada à produção da deficiência e da habilitação/reabilitação, mirando as políticas de assistência social e de saúde. Os caminhos teórico-metodológicos ajuntaram saberes diversos: estudos contracoloniais; da ciência, tecnologia e sociedade; da biopolítica; da governamentalidade. Sob as metáforas da contradança e da ginga, o texto se movimentou em duas dimensões. Primeiramente, os direitos humanos inventados nos marcos da modernidade colonial subiram ao palco. Acontecimentos, controvérsias, incertezas e invisibilidades constituíram o norte analítico. A tese descortinou a deficiência como preocupação de governo desabrochada quando marcadora de corpos trabalhadores formais, fazendo minguar capacidades produtivas. Logo, a noção de deficiência (ou limite, ou incapacidade) nesses marcos regulatórios se deu pela concepção de incapacidade laboral. Desabriu-se então a habilitação/reabilitação ocupada com a preparação de corpos produtivos. Tal feito atuou na sua simplificação como problema de seguridade social, mobilizando bichados sentidos de autonomia e independência. Jogos de poder, refinamentos e atualizações conceituais seguiram em rebento, agregando agendas importantes como a avaliação biopsicossocial e a abordagem interseccional da deficiência. Contudo, as bases normativas atuais seguem fixadas em modos acostumados de pensar e instituir direitos, políticas e serviços, sustentadas em referências normalizadoras e neoliberais orientadas pela escassez. Tal conclusão redirecionou a tese. A segunda dimensão da pesquisa escapou desse rumo desenvolvimentista para gingar epistemologias contracoloniais, fazendo Manoel de Barros encontrar Exu. Entra na gira uma crítica ao racismo epistêmico, desencante norteador da produção de saberes no contexto moderno-colonial. A gira girou apoiando o pensar a deficiência como diferença, enfatizando a interdependência e o cuidado balizados em cosmopercepções que os concebem como fontes de ancestralidade e comunalidade, agentes mobilizadores de forças vitais. Encantada pelo encontro Manoel-Exu, a tese aposta no deslimite das percepções ocidentais sobre a deficiência por meio da recuperação de saberes poéticos, ancestrais, afro-indígenas e afrodiaspóricos para empoemar as práticas habilitacionais/reabilitacionais, possibilitando-nos transver o cuidado e reinventar o mundo sob os horizontes da abundância, do axé, do bem viver e da justiça social.The thesis devoted itself to the disability and habilitation/rehabilitation production, focusing on social assistance and health policies. The theoretical-methodological pathways integrated different knowledge: counter colonial studies; science, technology, and society; biopolitics; governmentality. Under the metaphors of contra-dance and “ginga”, two dimensions organized the text. First, human rights, that were invented in the framework of colonial modernity. Events, controversies, uncertainties, and invisibilities accounted for the analytical north. The thesis reveals the disability as a concern of the government as far as it marked formal working bodies, making the productive capacities decrease. In these regulatory frameworks, the conception of labor incapacity supports the notion of disability. Then, Habilitation/rehabilitation were launched to deal with the preparation of productive bodies, implying its simplification as a social security problem, still mobilizing senseless notions of autonomy and independence. Power plays, adjustments and conceptual updates kept adding important agendas such as biopsychosocial assessment and the intersectional approach to disability. However, the current normative bases remain fixed in the usual ways of thinking and implementing rights, policies and services, supported by scarcity-oriented neoliberal and normalizing references. This conclusion redirected the thesis. The second dimension of the research escaped from the developmental pathway to talk with counter colonial epistemologies, making Manoel de Barros interact with Exu. The criticism of epistemic racism, a harm framework of the knowledge production in the modern-colonial context, pitches in. The tour revolved around thinking of disability as difference, emphasizing interdependence and care based on Cosmo perceptions that conceive them as sources of ancestry and commonality, mobilizing agents of vital forces. Enchanted by the Manoel-Exu encounter, the thesis stakes on the unbounding of Western perceptions about disability through the recovery of poetic, ancestral, Afro-indigenous, and Afro-diasporic knowledge to give poetry to the habilitation/rehabilitation practices, enabling us to transcend care and reinvent the world under the horizons of abundance, axé, good living and social justice.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porServiços de ReabilitaçãoPessoas com DeficiênciaSaúde da Pessoa com DeficiênciaDireitos HumanosColonialismoRehabilitation ServicesDisabled PeopleHealth of the DisabledHuman RightsColonialismServiços de ReabilitaçãoPessoas com DeficiênciaSaúde da Pessoa com DeficiênciaDireitos HumanosColonialismoEmpoemar a reabilitação, deslimitar a deficiência, transver o cuidado: das normativas humanitárias à encantaria contracolonialPoeming rehabilitation, Dislimiting disability, transviewing care: from humanitarian norms to countercolonial enchantmentinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2023-03-31Escola Nacional de Saúde Pública Sergio AroucaFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/59021/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALfrancine_souza_dias_ensp_dout_2023.pdfapplication/pdf2649381https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/59021/2/francine_souza_dias_ensp_dout_2023.pdf76a99396618cc1dcc3ebdaad3f49ff03MD52icict/590212023-06-14 14:40:35.331oai:www.arca.fiocruz.br:icict/59021Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-06-14T17:40:35Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
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