Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Abreu, Filipe Vieira Santos de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43251
Resumo: Tem-se observado expansão territorial da febre amarela silvestre da área endêmica (Amazônia e parte do Centro-oeste) para o sul e leste no Brasil. Paralelamente, a região serrana do Rio de Janeiro (RJ), onde a malária foi erradicada há décadas, registrava casos humanos autóctones de terçã benigna onde o caso índice não era identificado, sendo a hipótese de origem simiana do parasito aventada por pesquisadores. Entre 2015-2017, o RJ registrou surto de malária e a reemergência do vírus amarílico (YFV), este último se alastrando na Mata Atlântica, considerada indene por quase 80 anos. Registrou-se o maior surto silvestre do YFV no país. Estas situações sanitárias estimularam a realização deste estudo, onde buscamos esclarecer aspectos da transmissão desses agravos a partir de amostragens em primatas não-humanos (PNHs) e mosquitos. Após padronização das técnicas de captura, foi possível coletar e examinar, entre 2015 e 2019, 146 PNHs de seis espécies e 17.940 mosquitos de 89 espécies, em 44 municípios de cinco estados brasileiros sob influência da Mata Atlântica. A única espécie de PNH infectada com Plasmodium sp. foi Alouatta guariba clamitans (N=11), sendo cinco com P. simium/vivax, quatro com P. brasilianum/malariae e dois co-infectados. Polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) específicos de P. simium foram encontrados em todos os bugios infectados, e em todos os casos humanos autóctones fluminense, o que, aliado à sobreposição geográfica dos humanos e PNHs infectados, reforça a hipótese da transmissão zoonótica Antes do surto de YFV, a região se mostrava receptiva, com detecção de vetores silvestres tradicionais (Haemagogus e Sabethes) em 82% dos municípios amostrados e PNHs susceptíveis em 100% deles. Após a reemergência do YFV, detectou-se o vírus em duas espécies de PNHs, Callithrix jacchus e A. g. clamitans, e em cinco espécies de mosquitos, Hg. leucocelaenus, Hg. janthinomys, Sa. chloropterus, Aedes scapularis e Ae. taeniorhynchus, os dois primeiros considerados os vetores primários devido às altas taxas de infecção e larga distribuição geográfica nos focos. Mosquitos urbanos ou periurbanos não estavam infectados, reforçando o caráter silvestre do surto. O vírus circulante pertence ao genótipo Sul Americano I, subclado 1E, e apresenta assinatura molecular representada por nove alterações de aminoácidos. O sequenciamento do genoma de 30 YFV obtidos de mosquitos, PNHs e humanos, revelou a circulação recente de duas sub-linhagens em Goiás, uma delas tendo chegado ao RJ e se dividindo em duas cadeias de transmissão \2013 uma costeira e uma continental \2013 separadas pela Serra do Mar. Demonstrou-se que o YFV é capaz de permanecer numa mesma área por três estações de transmissão consecutivas independentemente de nova introdução. Não houve evidência de reemergência da febre amarela urbana a partir do surto de caráter silvestre e nem de circulação silvestre do vírus ZIKV e de outros arbovírus no RJ. Em conjunto, nossos resultados alargam o conhecimento acerca da epidemiologia destas duas zoonoses na Mata Atlântica, confirmam o papel central dos bugios na epidemiologia destes dois agravos e contribuem com informações originais úteis na otimização de processos para vigilância e controle.
id CRUZ_a228c7da62ed838812a9ad5a803e4e93
oai_identifier_str oai:www.arca.fiocruz.br:icict/43251
network_acronym_str CRUZ
network_name_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
repository_id_str 2135
spelling Abreu, Filipe Vieira Santos deOliveira, Ricardo Lourenço de2020-09-08T20:00:43Z2020-09-08T20:00:43Z2019ABREU, Filipe Vieira Santos de. Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro. 2019. 247 f. Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2019.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43251Tem-se observado expansão territorial da febre amarela silvestre da área endêmica (Amazônia e parte do Centro-oeste) para o sul e leste no Brasil. Paralelamente, a região serrana do Rio de Janeiro (RJ), onde a malária foi erradicada há décadas, registrava casos humanos autóctones de terçã benigna onde o caso índice não era identificado, sendo a hipótese de origem simiana do parasito aventada por pesquisadores. Entre 2015-2017, o RJ registrou surto de malária e a reemergência do vírus amarílico (YFV), este último se alastrando na Mata Atlântica, considerada indene por quase 80 anos. Registrou-se o maior surto silvestre do YFV no país. Estas situações sanitárias estimularam a realização deste estudo, onde buscamos esclarecer aspectos da transmissão desses agravos a partir de amostragens em primatas não-humanos (PNHs) e mosquitos. Após padronização das técnicas de captura, foi possível coletar e examinar, entre 2015 e 2019, 146 PNHs de seis espécies e 17.940 mosquitos de 89 espécies, em 44 municípios de cinco estados brasileiros sob influência da Mata Atlântica. A única espécie de PNH infectada com Plasmodium sp. foi Alouatta guariba clamitans (N=11), sendo cinco com P. simium/vivax, quatro com P. brasilianum/malariae e dois co-infectados. Polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) específicos de P. simium foram encontrados em todos os bugios infectados, e em todos os casos humanos autóctones fluminense, o que, aliado à sobreposição geográfica dos humanos e PNHs infectados, reforça a hipótese da transmissão zoonótica Antes do surto de YFV, a região se mostrava receptiva, com detecção de vetores silvestres tradicionais (Haemagogus e Sabethes) em 82% dos municípios amostrados e PNHs susceptíveis em 100% deles. Após a reemergência do YFV, detectou-se o vírus em duas espécies de PNHs, Callithrix jacchus e A. g. clamitans, e em cinco espécies de mosquitos, Hg. leucocelaenus, Hg. janthinomys, Sa. chloropterus, Aedes scapularis e Ae. taeniorhynchus, os dois primeiros considerados os vetores primários devido às altas taxas de infecção e larga distribuição geográfica nos focos. Mosquitos urbanos ou periurbanos não estavam infectados, reforçando o caráter silvestre do surto. O vírus circulante pertence ao genótipo Sul Americano I, subclado 1E, e apresenta assinatura molecular representada por nove alterações de aminoácidos. O sequenciamento do genoma de 30 YFV obtidos de mosquitos, PNHs e humanos, revelou a circulação recente de duas sub-linhagens em Goiás, uma delas tendo chegado ao RJ e se dividindo em duas cadeias de transmissão \2013 uma costeira e uma continental \2013 separadas pela Serra do Mar. Demonstrou-se que o YFV é capaz de permanecer numa mesma área por três estações de transmissão consecutivas independentemente de nova introdução. Não houve evidência de reemergência da febre amarela urbana a partir do surto de caráter silvestre e nem de circulação silvestre do vírus ZIKV e de outros arbovírus no RJ. Em conjunto, nossos resultados alargam o conhecimento acerca da epidemiologia destas duas zoonoses na Mata Atlântica, confirmam o papel central dos bugios na epidemiologia destes dois agravos e contribuem com informações originais úteis na otimização de processos para vigilância e controle.A territorial expansion of wild yellow fever from the endemic area (Amazonia) toward the south and southeast in Brazil has been recently recorded. The mountainous areas of Rio de Janeiro state (RJ), where malaria was eradicated decades ago, have reported autochthonous human cases of benign tertian malaria. Their simian origin has been hypothesized as no index case was identified. Between 2015-2017, RJ registered a malaria outbreak as well as the re-emergence of yellow fever virus (YFV) transmission and spread in the Atlantic forest (AF), considered YFV-free for almost 80 years. Thus, Brazil recorded its most severe sylvatic YFV outbreak. These sanitary circumstances prompted the present study, where we aim to clarify transmission pieces concerning both diseases through sampling nonhuman primates (PNHs) and mosquitoes as well as conducting multidisciplinary analyzes of detected agents. After standardization of capture techniques, 146 PNHs of six species and 17,940 mosquitoes of 89 species were collected and examined between 2015 and 2019 in 44 municipalities of five Brazilian states under the influence of the AF. The only NHP species infected with Plasmodium sp. was Alouatta guariba clamitans (N = 11), five with P. simium/vivax, four with P. brasilianum/malariae and two co-infected. P. simium specific Single Nucleotide Polymorphisms were found in all infected howler monkeys, and in all RJ autochthonous human cases, which, together with the geographical overlap of humans and infected PNH, confirms the zoonotic transmission Before the YFV outbreak, the region was receptive, with traditional sylvatic vectors (Haemagogus and Sabethes) detections in 82% of the sampled municipalities, and susceptible NHPs in 100% of them. After re-emergence of YFV, the virus was detected in two species of NHPs, Callithrix jacchus and A. g. clamitans and in five species of mosquitoes, Hg. leucocelaenus, Hg. janthinomys, Sa. chloropterus, Ae. scapularis and Ae. taeniorhinchus, the first two considered the primary vectors due to their high infection rate and wide geographic distribution in foci. Urban or peri-urban mosquitoes were not found infected, reinforcing the wild character of the YFV outbreak. The circulating virus belongs to the South American genotype I, subclade 1E, and presents a molecular signature represented by nine amino acid changes. Sequencing of 30 YFV genomes obtained from mosquitoes, PNHs and humans revealed the recent essentially simultaneous circulation of two sub-lineages in Goiás, one of them having arrived in RJ and dividing into two transmission chains, one coastal and one continental, separated by Serra do Mar. It was demonstrated that the YFV is able to remain in the same AF area at least for three consecutive transmission seasons without new introduction. There was no evidence of spillovers from the sylvatic outbreak to the urban ecosystem or from the urban to a wild cycle of ZIKA virus or any other arboviruses in RJ. Altogether, our results broaden the knowledge about the transmission features of these two zoonoses in the AF, confirm the central role of howler monkeys in the epidemiology of these two diseases and contribute with original and useful information for optimizing their surveillance and control.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porFebre AmarelaMaláriaCulicidaePrimatasZoonosesFebre AmarelaMaláriaCulicidaePrimatasZoonosesFebre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2019Instituto Oswaldo CruzFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Biologia Parasitáriainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43251/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALfilipe_abreu_ioc_dout_2019.pdfapplication/pdf58108570https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43251/2/filipe_abreu_ioc_dout_2019.pdf95ded94c4f422caa7f8a99e1f9a5bbeaMD52TEXTfilipe_abreu_ioc_dout_2019.pdf.txtfilipe_abreu_ioc_dout_2019.pdf.txtExtracted texttext/plain233548https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43251/3/filipe_abreu_ioc_dout_2019.pdf.txtd4c963c7f6a479768be10e020f682fb0MD53icict/432512020-09-10 02:08:08.191oai:www.arca.fiocruz.br:icict/43251Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352020-09-10T05:08:08Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro
title Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro
spellingShingle Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro
Abreu, Filipe Vieira Santos de
Febre Amarela
Malária
Culicidae
Primatas
Zoonoses
Febre Amarela
Malária
Culicidae
Primatas
Zoonoses
title_short Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro
title_full Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro
title_fullStr Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro
title_full_unstemmed Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro
title_sort Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro
author Abreu, Filipe Vieira Santos de
author_facet Abreu, Filipe Vieira Santos de
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Abreu, Filipe Vieira Santos de
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Oliveira, Ricardo Lourenço de
contributor_str_mv Oliveira, Ricardo Lourenço de
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Febre Amarela
Malária
Culicidae
Primatas
Zoonoses
topic Febre Amarela
Malária
Culicidae
Primatas
Zoonoses
Febre Amarela
Malária
Culicidae
Primatas
Zoonoses
dc.subject.decs.pt_BR.fl_str_mv Febre Amarela
Malária
Culicidae
Primatas
Zoonoses
description Tem-se observado expansão territorial da febre amarela silvestre da área endêmica (Amazônia e parte do Centro-oeste) para o sul e leste no Brasil. Paralelamente, a região serrana do Rio de Janeiro (RJ), onde a malária foi erradicada há décadas, registrava casos humanos autóctones de terçã benigna onde o caso índice não era identificado, sendo a hipótese de origem simiana do parasito aventada por pesquisadores. Entre 2015-2017, o RJ registrou surto de malária e a reemergência do vírus amarílico (YFV), este último se alastrando na Mata Atlântica, considerada indene por quase 80 anos. Registrou-se o maior surto silvestre do YFV no país. Estas situações sanitárias estimularam a realização deste estudo, onde buscamos esclarecer aspectos da transmissão desses agravos a partir de amostragens em primatas não-humanos (PNHs) e mosquitos. Após padronização das técnicas de captura, foi possível coletar e examinar, entre 2015 e 2019, 146 PNHs de seis espécies e 17.940 mosquitos de 89 espécies, em 44 municípios de cinco estados brasileiros sob influência da Mata Atlântica. A única espécie de PNH infectada com Plasmodium sp. foi Alouatta guariba clamitans (N=11), sendo cinco com P. simium/vivax, quatro com P. brasilianum/malariae e dois co-infectados. Polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) específicos de P. simium foram encontrados em todos os bugios infectados, e em todos os casos humanos autóctones fluminense, o que, aliado à sobreposição geográfica dos humanos e PNHs infectados, reforça a hipótese da transmissão zoonótica Antes do surto de YFV, a região se mostrava receptiva, com detecção de vetores silvestres tradicionais (Haemagogus e Sabethes) em 82% dos municípios amostrados e PNHs susceptíveis em 100% deles. Após a reemergência do YFV, detectou-se o vírus em duas espécies de PNHs, Callithrix jacchus e A. g. clamitans, e em cinco espécies de mosquitos, Hg. leucocelaenus, Hg. janthinomys, Sa. chloropterus, Aedes scapularis e Ae. taeniorhynchus, os dois primeiros considerados os vetores primários devido às altas taxas de infecção e larga distribuição geográfica nos focos. Mosquitos urbanos ou periurbanos não estavam infectados, reforçando o caráter silvestre do surto. O vírus circulante pertence ao genótipo Sul Americano I, subclado 1E, e apresenta assinatura molecular representada por nove alterações de aminoácidos. O sequenciamento do genoma de 30 YFV obtidos de mosquitos, PNHs e humanos, revelou a circulação recente de duas sub-linhagens em Goiás, uma delas tendo chegado ao RJ e se dividindo em duas cadeias de transmissão \2013 uma costeira e uma continental \2013 separadas pela Serra do Mar. Demonstrou-se que o YFV é capaz de permanecer numa mesma área por três estações de transmissão consecutivas independentemente de nova introdução. Não houve evidência de reemergência da febre amarela urbana a partir do surto de caráter silvestre e nem de circulação silvestre do vírus ZIKV e de outros arbovírus no RJ. Em conjunto, nossos resultados alargam o conhecimento acerca da epidemiologia destas duas zoonoses na Mata Atlântica, confirmam o papel central dos bugios na epidemiologia destes dois agravos e contribuem com informações originais úteis na otimização de processos para vigilância e controle.
publishDate 2019
dc.date.issued.fl_str_mv 2019
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2020-09-08T20:00:43Z
dc.date.available.fl_str_mv 2020-09-08T20:00:43Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv ABREU, Filipe Vieira Santos de. Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro. 2019. 247 f. Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2019.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43251
identifier_str_mv ABREU, Filipe Vieira Santos de. Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro. 2019. 247 f. Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2019.
url https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43251
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron:FIOCRUZ
instname_str Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron_str FIOCRUZ
institution FIOCRUZ
reponame_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
collection Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
bitstream.url.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43251/1/license.txt
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43251/2/filipe_abreu_ioc_dout_2019.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43251/3/filipe_abreu_ioc_dout_2019.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33
95ded94c4f422caa7f8a99e1f9a5bbea
d4c963c7f6a479768be10e020f682fb0
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
repository.mail.fl_str_mv repositorio.arca@fiocruz.br
_version_ 1813008824227856384