RADIS - Número 119 - Julho
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20310 |
Resumo: | À sombra da artilharia diplomática, social, midiática e empresarial que antecedeu e envolveu a Rio+20, um interessante encontro de especialistas dedicou-se a pensar alternativas contra a desnutrição e a alimentação inadequada no mundo.O Congresso Mundial de Nutrição, realizado no Rio em abril, teve pouca atenção da imprensa, até pela proximidade com a Conferência da ONU sobre Sustentabilidade, mas fervilhou em quatro dias de debates em busca de solução para a desnutrição que atinge áreas rurais e periferias urbanas em todo o mundo. Um terço das crianças com menos de cinco anos nos países pobres (178 milhões) apresentam altura inadequada para a idade, indicativo presente em 40% das crianças de 23 dos 40 países da África.O inverso preocupa tanto quanto. Não só nos países ricos, mas naqueles em desenvolvimento, são alarmantes os índices de doenças crônicas decorrentes de alimentação inadequada e hipercalórica. Obesidade e sobrepeso crescem um ponto percentual por ano no Brasil e podem nos levar ao inglório patamar endêmico de obesidade dos americanos em apenas 13 anos. “Alimentação industrializada é parte do problema e não da solução”, entende a Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Sistemas alimentares tradicionais também estão em crise. Entre os indígenas brasileiros, como antecipado em matérias da Radis, a transição nutricional já provoca diabetes e hipertensão.Nos debates, houve poucas avaliações do tipo mais ingênuo, em que o pesquisador bem intencionado prega a responsabilização do indivíduo e a mudança de hábitos alimentares como saída para o problema. Vindos de diversas áreas profissionais e de conhecimento, os participantes fizeram exame e crítica profundos do papel e força de modelos de produção e das estratégias de propaganda, das articulações de interesses do agronegócio e do mercado de alimentos, do poder de indução da indústria de comunicação e da propaganda e, finalmente, da subordinação da atividade política e regulatória a esse conjunto de pressões.Acrescentaríamos uma crítica à fragilidade — e nela incluiríamos o próprio Programa RADIS — dos sistemas de pensamento reflexivo e crítico, ou educacional e das ações de mobilização e participação social e de controle e interferência em políticas públicas em construir estratégias eficazes frente ao poderio do mercado de alimentos, que tem o lucro e não a saúde das pessoas como referência.Rogério Lannes RochaCoordenador do Programa RADIS |
id |
CRUZ_b92470fe90d807681df65906397427a2 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.arca.fiocruz.br:icict/20310 |
network_acronym_str |
CRUZ |
network_name_str |
Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
repository_id_str |
2135 |
spelling |
2017-07-24T16:00:09Z2017-07-24T16:00:09Z2012RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 119, jul 2012. 24 p. Mensal.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20310À sombra da artilharia diplomática, social, midiática e empresarial que antecedeu e envolveu a Rio+20, um interessante encontro de especialistas dedicou-se a pensar alternativas contra a desnutrição e a alimentação inadequada no mundo.O Congresso Mundial de Nutrição, realizado no Rio em abril, teve pouca atenção da imprensa, até pela proximidade com a Conferência da ONU sobre Sustentabilidade, mas fervilhou em quatro dias de debates em busca de solução para a desnutrição que atinge áreas rurais e periferias urbanas em todo o mundo. Um terço das crianças com menos de cinco anos nos países pobres (178 milhões) apresentam altura inadequada para a idade, indicativo presente em 40% das crianças de 23 dos 40 países da África.O inverso preocupa tanto quanto. Não só nos países ricos, mas naqueles em desenvolvimento, são alarmantes os índices de doenças crônicas decorrentes de alimentação inadequada e hipercalórica. Obesidade e sobrepeso crescem um ponto percentual por ano no Brasil e podem nos levar ao inglório patamar endêmico de obesidade dos americanos em apenas 13 anos. “Alimentação industrializada é parte do problema e não da solução”, entende a Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Sistemas alimentares tradicionais também estão em crise. Entre os indígenas brasileiros, como antecipado em matérias da Radis, a transição nutricional já provoca diabetes e hipertensão.Nos debates, houve poucas avaliações do tipo mais ingênuo, em que o pesquisador bem intencionado prega a responsabilização do indivíduo e a mudança de hábitos alimentares como saída para o problema. Vindos de diversas áreas profissionais e de conhecimento, os participantes fizeram exame e crítica profundos do papel e força de modelos de produção e das estratégias de propaganda, das articulações de interesses do agronegócio e do mercado de alimentos, do poder de indução da indústria de comunicação e da propaganda e, finalmente, da subordinação da atividade política e regulatória a esse conjunto de pressões.Acrescentaríamos uma crítica à fragilidade — e nela incluiríamos o próprio Programa RADIS — dos sistemas de pensamento reflexivo e crítico, ou educacional e das ações de mobilização e participação social e de controle e interferência em políticas públicas em construir estratégias eficazes frente ao poderio do mercado de alimentos, que tem o lucro e não a saúde das pessoas como referência.Rogério Lannes RochaCoordenador do Programa RADISporFundação Oswaldo Cruz/ENSPRADIS - Número 119 - Julhoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleFundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Aroucainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/20310/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINAL2012_Julho_119.pdfapplication/pdf6645497https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/20310/2/2012_Julho_119.pdf1d87f5de9c039ac29b533bace235e1dfMD52TEXT2012_Julho_119.pdf.txt2012_Julho_119.pdf.txtExtracted texttext/plain94141https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/20310/3/2012_Julho_119.pdf.txt31473cb098169f6a92b1eb865736219bMD53icict/203102018-08-15 02:22:10.766oai:www.arca.fiocruz.br:icict/20310Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352018-08-15T05:22:10Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
RADIS - Número 119 - Julho |
title |
RADIS - Número 119 - Julho |
spellingShingle |
RADIS - Número 119 - Julho Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca |
title_short |
RADIS - Número 119 - Julho |
title_full |
RADIS - Número 119 - Julho |
title_fullStr |
RADIS - Número 119 - Julho |
title_full_unstemmed |
RADIS - Número 119 - Julho |
title_sort |
RADIS - Número 119 - Julho |
author |
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca |
author_facet |
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca |
description |
À sombra da artilharia diplomática, social, midiática e empresarial que antecedeu e envolveu a Rio+20, um interessante encontro de especialistas dedicou-se a pensar alternativas contra a desnutrição e a alimentação inadequada no mundo.O Congresso Mundial de Nutrição, realizado no Rio em abril, teve pouca atenção da imprensa, até pela proximidade com a Conferência da ONU sobre Sustentabilidade, mas fervilhou em quatro dias de debates em busca de solução para a desnutrição que atinge áreas rurais e periferias urbanas em todo o mundo. Um terço das crianças com menos de cinco anos nos países pobres (178 milhões) apresentam altura inadequada para a idade, indicativo presente em 40% das crianças de 23 dos 40 países da África.O inverso preocupa tanto quanto. Não só nos países ricos, mas naqueles em desenvolvimento, são alarmantes os índices de doenças crônicas decorrentes de alimentação inadequada e hipercalórica. Obesidade e sobrepeso crescem um ponto percentual por ano no Brasil e podem nos levar ao inglório patamar endêmico de obesidade dos americanos em apenas 13 anos. “Alimentação industrializada é parte do problema e não da solução”, entende a Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Sistemas alimentares tradicionais também estão em crise. Entre os indígenas brasileiros, como antecipado em matérias da Radis, a transição nutricional já provoca diabetes e hipertensão.Nos debates, houve poucas avaliações do tipo mais ingênuo, em que o pesquisador bem intencionado prega a responsabilização do indivíduo e a mudança de hábitos alimentares como saída para o problema. Vindos de diversas áreas profissionais e de conhecimento, os participantes fizeram exame e crítica profundos do papel e força de modelos de produção e das estratégias de propaganda, das articulações de interesses do agronegócio e do mercado de alimentos, do poder de indução da indústria de comunicação e da propaganda e, finalmente, da subordinação da atividade política e regulatória a esse conjunto de pressões.Acrescentaríamos uma crítica à fragilidade — e nela incluiríamos o próprio Programa RADIS — dos sistemas de pensamento reflexivo e crítico, ou educacional e das ações de mobilização e participação social e de controle e interferência em políticas públicas em construir estratégias eficazes frente ao poderio do mercado de alimentos, que tem o lucro e não a saúde das pessoas como referência.Rogério Lannes RochaCoordenador do Programa RADIS |
publishDate |
2012 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2012 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2017-07-24T16:00:09Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2017-07-24T16:00:09Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.citation.fl_str_mv |
RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 119, jul 2012. 24 p. Mensal. |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20310 |
identifier_str_mv |
RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 119, jul 2012. 24 p. Mensal. |
url |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20310 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Fundação Oswaldo Cruz/ENSP |
publisher.none.fl_str_mv |
Fundação Oswaldo Cruz/ENSP |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) instacron:FIOCRUZ |
instname_str |
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) |
instacron_str |
FIOCRUZ |
institution |
FIOCRUZ |
reponame_str |
Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
collection |
Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/20310/1/license.txt https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/20310/2/2012_Julho_119.pdf https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/20310/3/2012_Julho_119.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 1d87f5de9c039ac29b533bace235e1df 31473cb098169f6a92b1eb865736219b |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) |
repository.mail.fl_str_mv |
repositorio.arca@fiocruz.br |
_version_ |
1798324828363554816 |