Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barbosa, Valéria Raquel Alcantara
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49243
Resumo: Esta tese analisa os itinerários terapêuticos agenciados por pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí. Trata-se de estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo e exploratório, realizado mediante entrevistas semiestruturadas com 13 participantes adultos, entre setembro e dezembro de 2019, em pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) local. A análise de dados firmou-se nos aportes da análise de conteúdo temática. Evidenciou-se que o uso prejudicial de álcool e outras drogas remete a perdas familiares, de moradia, trabalho, dignidade; às acepções de destruição e fracasso. A recaída é tida como falha e pecado, ecoando por culpa, impotência, auto-estigma. O sofrimento trespassa a corda bamba da vida e as tentativas malogradas de busca por cuidado; reverbera na perda do sentido da vida e no comportamento suicida; ou, na exibição de fé e resiliência (com feitio de resistência, re-existência), vivificando a esperança-equilibrista. Na tessitura dos itinerários, amiúde os indivíduos enfrentam barreiras de acesso estruturais, geográficas, culturais e atitudinais (por parte dos profissionais); empreendem movimentos caóticos e aleatórios, na busca por cuidado, convergentes com a lógica da heteronomia. Particularmente à RAPS de Teresina, evidenciou-se que os serviços de base comunitária coexistem com o hospital psiquiátrico e as comunidades terapêuticas, preponderando a cultura orientada pelos vieses do paradigma biomédico e do modelo asilar/manicomial, em detrimento da valorização da redução de danos. Descortinou-se uma rede rígida, hermética, fragmentada, heterogênea, de parcas articulações; em que as altas taxas de recidiva se sobrepõem às lacunas na assistência, às fragilidades na coordenação do cuidado, à escassa tomada de responsabilidade e interlocução pelos pontos de atenção, e à inexistência de um efetivo acompanhamento longitudinal. A produção do cuidado acontece de forma aleatória e caótica, em que a família participa timidamente do projeto terapêutico singular. No olho do furacão antimanicomial, o cuidado na RAPS a pessoas em uso prejudicial de álcool e outras drogas urge uma visão caleidoscópica, holística; égide na integralidade, humanização e amorosidade; postura ética-estética-crítica-política-emancipatória, que honre a pessoa como cidadão, protagonista, detentor de voz e vez, de fato. É imperativo expandir a itinerância, em vista do fortalecimento da luta antimanicomial em ato e da produção de uma ética do agir e do cuidado a favor da potência política do movimento, da florescência e do fortalecimento da defesa da vida.
id CRUZ_baa1f60c80f4ce1d17ab3f27899ba872
oai_identifier_str oai:www.arca.fiocruz.br:icict/49243
network_acronym_str CRUZ
network_name_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
repository_id_str 2135
spelling Barbosa, Valéria Raquel AlcantaraEngstrom, Elyne Montenegro2021-10-03T21:07:02Z2021-10-03T21:07:02Z2021BARBOSA, Valéria Raquel Alcantara. Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí. 2021. 215 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2021.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49243Esta tese analisa os itinerários terapêuticos agenciados por pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí. Trata-se de estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo e exploratório, realizado mediante entrevistas semiestruturadas com 13 participantes adultos, entre setembro e dezembro de 2019, em pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) local. A análise de dados firmou-se nos aportes da análise de conteúdo temática. Evidenciou-se que o uso prejudicial de álcool e outras drogas remete a perdas familiares, de moradia, trabalho, dignidade; às acepções de destruição e fracasso. A recaída é tida como falha e pecado, ecoando por culpa, impotência, auto-estigma. O sofrimento trespassa a corda bamba da vida e as tentativas malogradas de busca por cuidado; reverbera na perda do sentido da vida e no comportamento suicida; ou, na exibição de fé e resiliência (com feitio de resistência, re-existência), vivificando a esperança-equilibrista. Na tessitura dos itinerários, amiúde os indivíduos enfrentam barreiras de acesso estruturais, geográficas, culturais e atitudinais (por parte dos profissionais); empreendem movimentos caóticos e aleatórios, na busca por cuidado, convergentes com a lógica da heteronomia. Particularmente à RAPS de Teresina, evidenciou-se que os serviços de base comunitária coexistem com o hospital psiquiátrico e as comunidades terapêuticas, preponderando a cultura orientada pelos vieses do paradigma biomédico e do modelo asilar/manicomial, em detrimento da valorização da redução de danos. Descortinou-se uma rede rígida, hermética, fragmentada, heterogênea, de parcas articulações; em que as altas taxas de recidiva se sobrepõem às lacunas na assistência, às fragilidades na coordenação do cuidado, à escassa tomada de responsabilidade e interlocução pelos pontos de atenção, e à inexistência de um efetivo acompanhamento longitudinal. A produção do cuidado acontece de forma aleatória e caótica, em que a família participa timidamente do projeto terapêutico singular. No olho do furacão antimanicomial, o cuidado na RAPS a pessoas em uso prejudicial de álcool e outras drogas urge uma visão caleidoscópica, holística; égide na integralidade, humanização e amorosidade; postura ética-estética-crítica-política-emancipatória, que honre a pessoa como cidadão, protagonista, detentor de voz e vez, de fato. É imperativo expandir a itinerância, em vista do fortalecimento da luta antimanicomial em ato e da produção de uma ética do agir e do cuidado a favor da potência política do movimento, da florescência e do fortalecimento da defesa da vida.This thesis analyzes the therapeutic itineraries agencyed by people who make harmful use of alcohol and other drugs in the municipality of Teresina, Piauí. This is a qualitative study, descriptive and exploratory, conducted through semi-structured interviews with 13 adult participants, between September and December 2019, in care points of the local Psychosocial Care Network (RAPS). Data analysis was based on thematic content analysis. It was evident that the harmful use of alcohol and other drugs refers to family losses, housing, work, dignity; to the meanings of destruction and failure. The relapse is seen as a failure and a sin, echoed by guilt, impotence, self-stigma. Suffering goes through the tightrope of life and the unsuccessful attempts to seek care; it reverberates in the loss of the meaning of life and suicidal behavior; or, in the exhibition of faith and resilience (in the form of resistance, re-existence), vivifying hope-equilibrist. In the weaving of itineraries, individuals often face structural, geographical, cultural and attitudinal barriers of access (by professionals); undertake chaotic and random movements in the search for care, convergent with the logic of heteronomy. Particularly to the RAPS of Teresina, it became evident that the community-based services coexist with the psychiatric hospital and therapeutic communities, with a culture guided by the biases of the biomedical paradigm and the asylum/manicomial model, to the detriment of the valorization of harm reduction. A rigid, hermetic, fragmented, heterogeneous network was unveiled, with scarce articulation; in which the high relapse rates overlap the gaps in assistance, the fragilities in the coordination of care, the scarce assumption of responsibility and interlocution by the points of care, and the lack of effective longitudinal follow-up. The production of care happens in a random and chaotic way, in which the family participates timidly in the singular therapeutic project. In the eye of the anti-manicomial hurricane, the care in the RAPS to people in harmful use of alcohol and other drugs urges a kaleidoscopic vision, holistic; aide in integrality, humanization and lovingness; ethical-aesthetic-critical-political-emancipatory posture, which honors the person as a citizen, protagonist, holder of voice and turn, in fact. It is imperative to expand the itinerancy, in view of the strengthening of the anti-asylum struggle in act and of the production of an ethics of action and care in favor of the political potency of the movement, of the flourishing and strengthening of the defense of life.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porItinerário TerapêuticoUsuários de DrogasCuidados de SaúdeServiços de Saúde MentalBarreiras ao Acesso aos Cuidados de SaúdeTherapeutic ItineraryDrug UsersHealth CareServices of Health ServicesBarriers to Access to Health CareItinerário TerapêuticoUsuários de DrogasAtenção à SaúdeServiços de Saúde MentalBarreiras ao Acesso aos Cuidados de SaúdePesquisa QualitativaItinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, PiauíTherapeutic itineraries of people who use alcohol and other drugs in the city of Teresina, Piauíinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2021-08-03Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.Rio de Janeiro/RJPrograma de Pós-Graduação em Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/49243/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALvaléria_raquel_alcantara_barbosa_ensp_dout_2021.pdfapplication/pdf9975597https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/49243/2/val%c3%a9ria_raquel_alcantara_barbosa_ensp_dout_2021.pdf8e49a58021dd32ff8f8a2630deab8362MD52icict/492432021-10-03 18:09:10.583oai:www.arca.fiocruz.br:icict/49243Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352021-10-03T21:09:10Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí
dc.title.alternative.none.fl_str_mv Therapeutic itineraries of people who use alcohol and other drugs in the city of Teresina, Piauí
title Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí
spellingShingle Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí
Barbosa, Valéria Raquel Alcantara
Itinerário Terapêutico
Usuários de Drogas
Cuidados de Saúde
Serviços de Saúde Mental
Barreiras ao Acesso aos Cuidados de Saúde
Therapeutic Itinerary
Drug Users
Health Care
Services of Health Services
Barriers to Access to Health Care
Itinerário Terapêutico
Usuários de Drogas
Atenção à Saúde
Serviços de Saúde Mental
Barreiras ao Acesso aos Cuidados de Saúde
Pesquisa Qualitativa
title_short Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí
title_full Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí
title_fullStr Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí
title_full_unstemmed Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí
title_sort Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí
author Barbosa, Valéria Raquel Alcantara
author_facet Barbosa, Valéria Raquel Alcantara
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Barbosa, Valéria Raquel Alcantara
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Engstrom, Elyne Montenegro
contributor_str_mv Engstrom, Elyne Montenegro
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Itinerário Terapêutico
Usuários de Drogas
Cuidados de Saúde
Serviços de Saúde Mental
Barreiras ao Acesso aos Cuidados de Saúde
topic Itinerário Terapêutico
Usuários de Drogas
Cuidados de Saúde
Serviços de Saúde Mental
Barreiras ao Acesso aos Cuidados de Saúde
Therapeutic Itinerary
Drug Users
Health Care
Services of Health Services
Barriers to Access to Health Care
Itinerário Terapêutico
Usuários de Drogas
Atenção à Saúde
Serviços de Saúde Mental
Barreiras ao Acesso aos Cuidados de Saúde
Pesquisa Qualitativa
dc.subject.en.pt_BR.fl_str_mv Therapeutic Itinerary
Drug Users
Health Care
Services of Health Services
Barriers to Access to Health Care
dc.subject.decs.pt_BR.fl_str_mv Itinerário Terapêutico
Usuários de Drogas
Atenção à Saúde
Serviços de Saúde Mental
Barreiras ao Acesso aos Cuidados de Saúde
Pesquisa Qualitativa
description Esta tese analisa os itinerários terapêuticos agenciados por pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí. Trata-se de estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo e exploratório, realizado mediante entrevistas semiestruturadas com 13 participantes adultos, entre setembro e dezembro de 2019, em pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) local. A análise de dados firmou-se nos aportes da análise de conteúdo temática. Evidenciou-se que o uso prejudicial de álcool e outras drogas remete a perdas familiares, de moradia, trabalho, dignidade; às acepções de destruição e fracasso. A recaída é tida como falha e pecado, ecoando por culpa, impotência, auto-estigma. O sofrimento trespassa a corda bamba da vida e as tentativas malogradas de busca por cuidado; reverbera na perda do sentido da vida e no comportamento suicida; ou, na exibição de fé e resiliência (com feitio de resistência, re-existência), vivificando a esperança-equilibrista. Na tessitura dos itinerários, amiúde os indivíduos enfrentam barreiras de acesso estruturais, geográficas, culturais e atitudinais (por parte dos profissionais); empreendem movimentos caóticos e aleatórios, na busca por cuidado, convergentes com a lógica da heteronomia. Particularmente à RAPS de Teresina, evidenciou-se que os serviços de base comunitária coexistem com o hospital psiquiátrico e as comunidades terapêuticas, preponderando a cultura orientada pelos vieses do paradigma biomédico e do modelo asilar/manicomial, em detrimento da valorização da redução de danos. Descortinou-se uma rede rígida, hermética, fragmentada, heterogênea, de parcas articulações; em que as altas taxas de recidiva se sobrepõem às lacunas na assistência, às fragilidades na coordenação do cuidado, à escassa tomada de responsabilidade e interlocução pelos pontos de atenção, e à inexistência de um efetivo acompanhamento longitudinal. A produção do cuidado acontece de forma aleatória e caótica, em que a família participa timidamente do projeto terapêutico singular. No olho do furacão antimanicomial, o cuidado na RAPS a pessoas em uso prejudicial de álcool e outras drogas urge uma visão caleidoscópica, holística; égide na integralidade, humanização e amorosidade; postura ética-estética-crítica-política-emancipatória, que honre a pessoa como cidadão, protagonista, detentor de voz e vez, de fato. É imperativo expandir a itinerância, em vista do fortalecimento da luta antimanicomial em ato e da produção de uma ética do agir e do cuidado a favor da potência política do movimento, da florescência e do fortalecimento da defesa da vida.
publishDate 2021
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2021-10-03T21:07:02Z
dc.date.available.fl_str_mv 2021-10-03T21:07:02Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2021
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv BARBOSA, Valéria Raquel Alcantara. Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí. 2021. 215 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2021.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49243
identifier_str_mv BARBOSA, Valéria Raquel Alcantara. Itinerários terapêuticos de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas no município de Teresina, Piauí. 2021. 215 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2021.
url https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49243
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron:FIOCRUZ
instname_str Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron_str FIOCRUZ
institution FIOCRUZ
reponame_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
collection Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
bitstream.url.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/49243/1/license.txt
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/49243/2/val%c3%a9ria_raquel_alcantara_barbosa_ensp_dout_2021.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33
8e49a58021dd32ff8f8a2630deab8362
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
repository.mail.fl_str_mv repositorio.arca@fiocruz.br
_version_ 1822792132746805248