A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MG

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Kullok, Alcione Tavora
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/8038
Resumo: O envelhecimento é um processo universal e o crescimento da população idosa tem chamado a atenção de diferentes setores da sociedade com repercussões sócio-econômicas em nível individual e coletivo. No Brasil, onde os dados censitários revelam uma crescente urbanização do país e um componente de mulheres idosas cada vez maiores em relação aos homens, esse estudo propôs a abordar os processos do envelhecimento das mulheres em dois campos de discussão: o envelhecimento na perspectiva de gênero e a condição rural. O estudo não tem a pretensão do produzir uma analise cultural totalizante, mas de conhecer e registrar as histórias dessas idosas, num contexto rural, muitas vezes esquecido-se da sociedade e do poder público. A metodologia utilizada foi a etnografia, ou seja, fui viver, conviver e registrar os fatos do cotidiano e seus significados através da reinterpretação de 27 idosas com idades acima de sessenta anos até 92 anos. Através de observações participantes, participantes observações, entrevistas, grupos de “causos”, pude tomar ciência de que, embora pareça uma tendência da sociedade atual homogeneizar os espaços geográficos descaracterizando-os de suas referências naturais, e (re) caracterizando-os com referências produtivas e econômicas, as culturas locais permanecem. O Distrito de Caratinga, denominado Dom Modesto onde o trabalho etnográfico foi realizado, mantém suas particularidades e muitas vezes pude senti-las como um processo contra-hegemônico das tendências massificantes: trata-se de um espaço bastante fechado e com seus códigos próprios. Em muitos momentos senti-me excluída, não por ser uma pesquisadora, mas por não ser nativa: foi difícil o processo de imersão nesse terreno distante de minha vida social. Lá, as terras são vendidas entre os familiares. Como em toda a sociedade, o contexto estudado possui uma estratificação social e geográfica, as fazendeiras idosas moram nos Córregos e as ex-ajudantes ou meeiras, no núcleo do Distrito (vila). Todas as idosas participantes professam o catolicismo. Pude comparar suas histórias com o que diz o meu acervo bibliográfico, e dentro do contexto estudado, encontrei certas idosas como verdadeiras protagonistas de algumas obras literárias. Observei a quase inexistência das grades etárias e os acontecimentos demarcados por elas como uma linha da vida quase seqüencial. Pude visualizar e rever traços de paradigmas da Antiguidade que ainda persistem em imutável e infindável repetição e desigualdades perenes e naturalizadas da divisão sexual do trabalho tanto nos processos de produção como de reprodução dessas mulheres rurais. Pude ver um rural decadente na monocultura do café e o seu renascimento na horticultura familiar. Mas pude constatar também que as idosas participantes estão todas ativas, não com o vigor da juventude, mas cada uma com sua particularidade e em seu tempo, não se consideram velhas. Os vocábulos “idoso” e “terceira idade” nesse contexto não são muito reconhecidos, pois são palavras utilizadas pelo povo da rua[cidade]. Já o termo “véia [velha]” não é visto como uma conotação pejorativa e sim como uma etapa natural da vida. As construções e reconstruções sociais, a todo o momento estiveram presentes nesse estudo, numa circularidade dinâmica em que as idosas não temem e nem vêem a morte como um fim, mas como uma passagem. Mas nem por isso a desejam. Esperam e pedem a Deus mais alguns anos de vida, porém com independência e autonomia, pois sua perda sim, é considerada a morte em vida.
id CRUZ_be7204f8e13070868d89d5a3d0e46bbe
oai_identifier_str oai:www.arca.fiocruz.br:icict/8038
network_acronym_str CRUZ
network_name_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
repository_id_str 2135
spelling Kullok, Alcione TavoraMinayo, Maria Cecília de Souza2014-07-22T13:16:46Z2014-07-22T13:16:46Z2012KULLOK, Alcione Tavora. A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em dom modesto, Caratininga-MG. 2012. 226 f. Tese (Doutorado em Saúde da Criança e da Mulher)-Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2012.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/8038O envelhecimento é um processo universal e o crescimento da população idosa tem chamado a atenção de diferentes setores da sociedade com repercussões sócio-econômicas em nível individual e coletivo. No Brasil, onde os dados censitários revelam uma crescente urbanização do país e um componente de mulheres idosas cada vez maiores em relação aos homens, esse estudo propôs a abordar os processos do envelhecimento das mulheres em dois campos de discussão: o envelhecimento na perspectiva de gênero e a condição rural. O estudo não tem a pretensão do produzir uma analise cultural totalizante, mas de conhecer e registrar as histórias dessas idosas, num contexto rural, muitas vezes esquecido-se da sociedade e do poder público. A metodologia utilizada foi a etnografia, ou seja, fui viver, conviver e registrar os fatos do cotidiano e seus significados através da reinterpretação de 27 idosas com idades acima de sessenta anos até 92 anos. Através de observações participantes, participantes observações, entrevistas, grupos de “causos”, pude tomar ciência de que, embora pareça uma tendência da sociedade atual homogeneizar os espaços geográficos descaracterizando-os de suas referências naturais, e (re) caracterizando-os com referências produtivas e econômicas, as culturas locais permanecem. O Distrito de Caratinga, denominado Dom Modesto onde o trabalho etnográfico foi realizado, mantém suas particularidades e muitas vezes pude senti-las como um processo contra-hegemônico das tendências massificantes: trata-se de um espaço bastante fechado e com seus códigos próprios. Em muitos momentos senti-me excluída, não por ser uma pesquisadora, mas por não ser nativa: foi difícil o processo de imersão nesse terreno distante de minha vida social. Lá, as terras são vendidas entre os familiares. Como em toda a sociedade, o contexto estudado possui uma estratificação social e geográfica, as fazendeiras idosas moram nos Córregos e as ex-ajudantes ou meeiras, no núcleo do Distrito (vila). Todas as idosas participantes professam o catolicismo. Pude comparar suas histórias com o que diz o meu acervo bibliográfico, e dentro do contexto estudado, encontrei certas idosas como verdadeiras protagonistas de algumas obras literárias. Observei a quase inexistência das grades etárias e os acontecimentos demarcados por elas como uma linha da vida quase seqüencial. Pude visualizar e rever traços de paradigmas da Antiguidade que ainda persistem em imutável e infindável repetição e desigualdades perenes e naturalizadas da divisão sexual do trabalho tanto nos processos de produção como de reprodução dessas mulheres rurais. Pude ver um rural decadente na monocultura do café e o seu renascimento na horticultura familiar. Mas pude constatar também que as idosas participantes estão todas ativas, não com o vigor da juventude, mas cada uma com sua particularidade e em seu tempo, não se consideram velhas. Os vocábulos “idoso” e “terceira idade” nesse contexto não são muito reconhecidos, pois são palavras utilizadas pelo povo da rua[cidade]. Já o termo “véia [velha]” não é visto como uma conotação pejorativa e sim como uma etapa natural da vida. As construções e reconstruções sociais, a todo o momento estiveram presentes nesse estudo, numa circularidade dinâmica em que as idosas não temem e nem vêem a morte como um fim, mas como uma passagem. Mas nem por isso a desejam. Esperam e pedem a Deus mais alguns anos de vida, porém com independência e autonomia, pois sua perda sim, é considerada a morte em vida.Growing old is a universal process and the increase of the elderly population has caught the attention of different areas of society with socioeconomic repercussions on an individual and collective level. In Brazil, where census data reveal a growing urbanization in the country and a bigger proportion of elderly women over men, this study proposes to approach the process of growing old for women in two fields of discussion: the aging process in a perspective of genre and rural condition. The study does not have the ambition of producing a totalizing cultural analysis, but to know and register the history of these elderly women, in a rural context, often forgotten by the society and the government. The methodology used was ethnography, which means I lived and registered the facts of their daily life and their meaning through the interpretations of 27 elderly women ranging from 60 years old to 92. Through participatory observation, interviews and groups, I became aware that, although it seems like a tendency of today’s society to homogenize the geographic spaces, depriving them of their natural references and characterizing them with productive and economic references, the local culture prevails. The District of Caratinga, called Dom Modesto where the ethnographic research was done, keeps its particularities and I could feel them several times as a counter-hegemonic of the massifying tendencies: it is a closed off space with its own codes. During several moments, I felt left out, not for being a researcher, but for not being a native: the immersion process was hard in this place so distant from my social life. There, the land is sold among family members. As throughout society, the context studied has a social and geographic stratification, the elderly female farmers live in the Córregos and the ex-helpers in the village. Every elderly woman participating is catholic. I could compare their stories with my bibliographic collection and, within the context being studied, I found certain ladies like real heroes of some of the literary works. I observed a near inexistence of age groups and the events marked by them are almost like a sequential life line. I could see traces of an ancient era that still prevails in unchangeable and endless repetition, and enduring and naturalized inequalities of work gender division in both reproduction and production processes with these rural women. I could see a countryside lacking in coffee monoculture and its rebirth in homegrown horticulture. However, I could also see that these elderly ladies are all active; maybe not with the energy of youth, but each one with their own particularity and time, they don’t consider themselves old. The terms “elderly” and “seniors” in this context are not really recognized because they are generally used by people in the city. The term “véia” (oldie) is not seen with a pejorative connotation, but as a natural phase in life. The social constructions and reconstructions have been present at all times in this study, in a dynamic circularity in which the elderly women don’t fear nor see death as an end, but as a passage. But that doesn’t mean they wish for it. They hope and ask God for a few more years of life, but with independence and autonomy, for their loss is considered death in life.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Fernandes Figueira. Departamento de Ensino. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porInstituto Fernandes FigueiraAntropologia RuralEnvelhecimentoMulher IdosaRural AnthropologyAgingElderly WomanAntropologia CulturalAntropologia FísicaEnvelhecimentoSaúde do IdosoA força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MGinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2012-03Departamento de EnsinoFundação Oswaldo Cruz. Instituto Fernandes FigueiraRio de Janeiro/RJPrograma de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulherinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZORIGINALAlcione Tavora Kullok.pdfapplication/pdf901995https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/8038/1/Alcione%20Tavora%20Kullok.pdfbf33e66b5aeda6ea638f7b57980b50e6MD51LICENSElicense.txttext/plain1914https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/8038/2/license.txt7d48279ffeed55da8dfe2f8e81f3b81fMD52TEXTAlcione Tavora Kullok.pdf.txtAlcione Tavora Kullok.pdf.txtExtracted texttext/plain388157https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/8038/3/Alcione%20Tavora%20Kullok.pdf.txt77ee1f4142fd75cd72ad2d3ab36368deMD53icict/80382018-04-06 08:48:43.004oai:www.arca.fiocruz.br:icict/8038TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkFvIGNvbmNvcmRhciBlIGFjZWl0YXIgZXN0YSBsaWNlbsOnYSB2b2PDqiAoYXV0b3Igb3UgZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzKToKCmEpIERlY2xhcmEgcXVlIGNvbmhlY2UgYSBwb2zDrXRpY2EgZGUgY29weXJpZ2h0IGRhIGVkaXRvcmEgZG8gc2V1IGRvY3VtZW50by4KCmIpIERlY2xhcmEgcXVlIGNvbmhlY2UgZSBhY2VpdGEgYXMgRGlyZXRyaXplcyBwYXJhIG8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgRnVuZGHDp8OjbyBPc3dhbGRvIENydXogKEZJT0NSVVopLgoKYykgQ29uY2VkZSDDoCBGSU9DUlVaIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSBhcnF1aXZhciwgcmVwcm9kdXppciwgY29udmVydGVyIChjb21vIGRlZmluaWRvIGEgc2VndWlyKSwgY29tdW5pY2FyCiAKZS9vdSBkaXN0cmlidWlyIG5vIFJlcG9zaXTDs3JpbyBkYSBGSU9DUlVaLCBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSAoaW5jbHVpbmRvIG8gcmVzdW1vL2Fic3RyYWN0KSBlbSBmb3JtYXRvIGRpZ2l0YWwgb3UgCgpwb3IgcXVhbHF1ZXIgb3V0cm8gbWVpby4KCmQpIERlY2xhcmEgcXVlIGF1dG9yaXphIGEgRklPQ1JVWiBhIGFycXVpdmFyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZXN0ZSBkb2N1bWVudG8gZSBjb252ZXJ0w6otbG8sIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gc2V1IGNvbnRlw7pkbywgCgpwYXJhIHF1YWxxdWVyIGZvcm1hdG8gZGUgYXJxdWl2bywgbWVpbyBvdSBzdXBvcnRlLCBwYXJhIGVmZWl0b3MgZGUgc2VndXJhbsOnYSwgcHJlc2VydmHDp8OjbyAoYmFja3VwKSBlIGFjZXNzby4KCmUpIERlY2xhcmEgcXVlIG8gZG9jdW1lbnRvIHN1Ym1ldGlkbyDDqSBvIHNldSB0cmFiYWxobyBvcmlnaW5hbCwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBhIHRlcmNlaXJvcyBvcyBkaXJlaXRvcyAKCmNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBEZWNsYXJhIHRhbWLDqW0gcXVlIGEgZW50cmVnYSBkbyBkb2N1bWVudG8gbsOjbyBpbmZyaW5nZSBvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBxdWFscXVlciBvdXRyYSBwZXNzb2Egb3UgZW50aWRhZGUuCgpmKSBEZWNsYXJhIHF1ZSwgbm8gY2FzbyBkbyBkb2N1bWVudG8gc3VibWV0aWRvIGNvbnRlciBtYXRlcmlhbCBkbyBxdWFsIG7Do28gZGV0w6ltIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yLCBvYnRldmUgYSBhdXRvcml6YcOnw6NvIAoKaXJyZXN0cml0YSBkbyByZXNwZWN0aXZvIGRldGVudG9yIGRlc3NlcyBkaXJlaXRvcywgcGFyYSBjZWRlciBhIEZJT0NSVVogb3MgZGlyZWl0b3MgcmVxdWVyaWRvcyBwb3IgZXN0YSBMaWNlbsOnYSBlIGF1dG9yaXphciBhIAoKdXRpbGl6w6EtbG9zIGxlZ2FsbWVudGUuIERlY2xhcmEgdGFtYsOpbSBxdWUgZXNzZSBtYXRlcmlhbCBjdWpvcyBkaXJlaXRvcyBzw6NvIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIAoKbm8gdGV4dG8gb3UgY29udGXDumRvIGRvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZS4KCmcpIFNFIE8gRE9DVU1FTlRPIEVOVFJFR1VFIMOJIEJBU0VBRE8gRU0gVFJBQkFMSE8gRklOQU5DSUFETyBPVSBBUE9JQURPIFBPUiBPVVRSQSBJTlNUSVRVScOHw4NPIFFVRSBOw4NPIEEgRklPQ1JVWiwgREVDTEFSQSBRVUUgQ1VNUFJJVSAKClFVQUlTUVVFUiBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUEVMTyBSRVNQRUNUSVZPIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4gQSBGSU9DUlVaIGlkZW50aWZpY2Fyw6EgY2xhcmFtZW50ZSBvKHMpIG5vbWUocykgZG8ocykgYXV0b3IoZXMpIGRvcyAKCmRpcmVpdG9zIGRvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIHBhcmEgYWzDqW0gZG8gcHJldmlzdG8gbmEgYWzDrW5lYSBjKS4KRepositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352018-04-06T11:48:43Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MG
title A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MG
spellingShingle A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MG
Kullok, Alcione Tavora
Antropologia Rural
Envelhecimento
Mulher Idosa
Rural Anthropology
Aging
Elderly Woman
Antropologia Cultural
Antropologia Física
Envelhecimento
Saúde do Idoso
title_short A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MG
title_full A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MG
title_fullStr A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MG
title_full_unstemmed A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MG
title_sort A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em Dom Modesto, Caratininga-MG
author Kullok, Alcione Tavora
author_facet Kullok, Alcione Tavora
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Kullok, Alcione Tavora
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Minayo, Maria Cecília de Souza
contributor_str_mv Minayo, Maria Cecília de Souza
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Antropologia Rural
Envelhecimento
Mulher Idosa
topic Antropologia Rural
Envelhecimento
Mulher Idosa
Rural Anthropology
Aging
Elderly Woman
Antropologia Cultural
Antropologia Física
Envelhecimento
Saúde do Idoso
dc.subject.en.pt_BR.fl_str_mv Rural Anthropology
Aging
Elderly Woman
dc.subject.decs.pt_BR.fl_str_mv Antropologia Cultural
Antropologia Física
Envelhecimento
Saúde do Idoso
description O envelhecimento é um processo universal e o crescimento da população idosa tem chamado a atenção de diferentes setores da sociedade com repercussões sócio-econômicas em nível individual e coletivo. No Brasil, onde os dados censitários revelam uma crescente urbanização do país e um componente de mulheres idosas cada vez maiores em relação aos homens, esse estudo propôs a abordar os processos do envelhecimento das mulheres em dois campos de discussão: o envelhecimento na perspectiva de gênero e a condição rural. O estudo não tem a pretensão do produzir uma analise cultural totalizante, mas de conhecer e registrar as histórias dessas idosas, num contexto rural, muitas vezes esquecido-se da sociedade e do poder público. A metodologia utilizada foi a etnografia, ou seja, fui viver, conviver e registrar os fatos do cotidiano e seus significados através da reinterpretação de 27 idosas com idades acima de sessenta anos até 92 anos. Através de observações participantes, participantes observações, entrevistas, grupos de “causos”, pude tomar ciência de que, embora pareça uma tendência da sociedade atual homogeneizar os espaços geográficos descaracterizando-os de suas referências naturais, e (re) caracterizando-os com referências produtivas e econômicas, as culturas locais permanecem. O Distrito de Caratinga, denominado Dom Modesto onde o trabalho etnográfico foi realizado, mantém suas particularidades e muitas vezes pude senti-las como um processo contra-hegemônico das tendências massificantes: trata-se de um espaço bastante fechado e com seus códigos próprios. Em muitos momentos senti-me excluída, não por ser uma pesquisadora, mas por não ser nativa: foi difícil o processo de imersão nesse terreno distante de minha vida social. Lá, as terras são vendidas entre os familiares. Como em toda a sociedade, o contexto estudado possui uma estratificação social e geográfica, as fazendeiras idosas moram nos Córregos e as ex-ajudantes ou meeiras, no núcleo do Distrito (vila). Todas as idosas participantes professam o catolicismo. Pude comparar suas histórias com o que diz o meu acervo bibliográfico, e dentro do contexto estudado, encontrei certas idosas como verdadeiras protagonistas de algumas obras literárias. Observei a quase inexistência das grades etárias e os acontecimentos demarcados por elas como uma linha da vida quase seqüencial. Pude visualizar e rever traços de paradigmas da Antiguidade que ainda persistem em imutável e infindável repetição e desigualdades perenes e naturalizadas da divisão sexual do trabalho tanto nos processos de produção como de reprodução dessas mulheres rurais. Pude ver um rural decadente na monocultura do café e o seu renascimento na horticultura familiar. Mas pude constatar também que as idosas participantes estão todas ativas, não com o vigor da juventude, mas cada uma com sua particularidade e em seu tempo, não se consideram velhas. Os vocábulos “idoso” e “terceira idade” nesse contexto não são muito reconhecidos, pois são palavras utilizadas pelo povo da rua[cidade]. Já o termo “véia [velha]” não é visto como uma conotação pejorativa e sim como uma etapa natural da vida. As construções e reconstruções sociais, a todo o momento estiveram presentes nesse estudo, numa circularidade dinâmica em que as idosas não temem e nem vêem a morte como um fim, mas como uma passagem. Mas nem por isso a desejam. Esperam e pedem a Deus mais alguns anos de vida, porém com independência e autonomia, pois sua perda sim, é considerada a morte em vida.
publishDate 2012
dc.date.issued.fl_str_mv 2012
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2014-07-22T13:16:46Z
dc.date.available.fl_str_mv 2014-07-22T13:16:46Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv KULLOK, Alcione Tavora. A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em dom modesto, Caratininga-MG. 2012. 226 f. Tese (Doutorado em Saúde da Criança e da Mulher)-Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2012.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/8038
identifier_str_mv KULLOK, Alcione Tavora. A força e o vigor da mulher idosa rural: estudo etnográfico sobre envelhecimento em dom modesto, Caratininga-MG. 2012. 226 f. Tese (Doutorado em Saúde da Criança e da Mulher)-Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2012.
url https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/8038
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Instituto Fernandes Figueira
publisher.none.fl_str_mv Instituto Fernandes Figueira
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron:FIOCRUZ
instname_str Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron_str FIOCRUZ
institution FIOCRUZ
reponame_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
collection Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
bitstream.url.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/8038/1/Alcione%20Tavora%20Kullok.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/8038/2/license.txt
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/8038/3/Alcione%20Tavora%20Kullok.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv bf33e66b5aeda6ea638f7b57980b50e6
7d48279ffeed55da8dfe2f8e81f3b81f
77ee1f4142fd75cd72ad2d3ab36368de
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
repository.mail.fl_str_mv repositorio.arca@fiocruz.br
_version_ 1798324756896808960