O medo do Sertão: doenças e ocupação do território na Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas (1907-1915)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Caser, Arthur Torres
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6103
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo analisar as relações entre doenças, conhecimento e ocupação do território na Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas (CLTEMA), que, entre 1907 e 1915, atravessou de sul a norte amplas regiões do que hoje são os estados de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas na faina de instalar uma linha telegráfica que seria responsável pela integração destas regiões às principais cidades brasileiras. Procuro mostrar que a construção de linhas e estações telegráficas foi apenas parte de um projeto mais ambicioso, que previa a defesa das fronteiras brasileiras, contatos com sociedades indígenas, investigações científicas, e, sobretudo, a ocupação produtiva daquela porção do território nacional que os membros da Comissão chamavam de “sertões do noroeste”. No entanto, a Comissão encontrou um sem número de dificuldades para o cumprimento daqueles objetivos, entre os quais a animosidade de alguns grupos indígenas; as dificuldades de transporte numa região bastante acidentada e praticamente inexplorada; as constantes chuvas somadas a períodos de calor inclemente; e, finalmente, as doenças – o grande martírio dos expedicionários – que retardaram e até mesmo interromperam diversos trabalhos em curso nos “sertões do noroeste”. Ao longo do tempo, as doenças – especialmente a malária – forçaram a Comissão a abrir mão de alguns objetivos inicialmente estabelecidos para ela e a retardar a realização de outros. A construção de ramais da linha telegráfica até as sedes das prefeituras do Alto Acre, Alto Purus e Alto Juruá, previstas nas Instruções que deveriam guiar a Comissão, por exemplo, nunca chegou a ser realizada; e o povoamento dos “sertões do noroeste”, que a princípio seria concomitante à instalação das linhas e estações telegráficas, teve de ser adiado. Os relatórios médicos da Comissão, principal documentação utilizada nessa dissertação, nos permitem entrever que o seu fracasso na tarefa de promover a ocupação do noroeste do território brasileiro deveu-se, em grande parte, ao obstáculo representado pelas doenças, que, além de afetarem aqueles que estavam na região, amedrontavam os seus possíveis colonizadores, afastando-os. O resultado dessa combinação foi uma linha 10 telegráfica que, ao invés de simbolizar a integração da região ao restante do país, assumiu o significado de um monumento em forma de ruína ao fracasso da CLTEMA.
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Procuro mostrar que a construção de linhas e estações telegráficas foi apenas parte de um projeto mais ambicioso, que previa a defesa das fronteiras brasileiras, contatos com sociedades indígenas, investigações científicas, e, sobretudo, a ocupação produtiva daquela porção do território nacional que os membros da Comissão chamavam de “sertões do noroeste”. No entanto, a Comissão encontrou um sem número de dificuldades para o cumprimento daqueles objetivos, entre os quais a animosidade de alguns grupos indígenas; as dificuldades de transporte numa região bastante acidentada e praticamente inexplorada; as constantes chuvas somadas a períodos de calor inclemente; e, finalmente, as doenças – o grande martírio dos expedicionários – que retardaram e até mesmo interromperam diversos trabalhos em curso nos “sertões do noroeste”. Ao longo do tempo, as doenças – especialmente a malária – forçaram a Comissão a abrir mão de alguns objetivos inicialmente estabelecidos para ela e a retardar a realização de outros. A construção de ramais da linha telegráfica até as sedes das prefeituras do Alto Acre, Alto Purus e Alto Juruá, previstas nas Instruções que deveriam guiar a Comissão, por exemplo, nunca chegou a ser realizada; e o povoamento dos “sertões do noroeste”, que a princípio seria concomitante à instalação das linhas e estações telegráficas, teve de ser adiado. Os relatórios médicos da Comissão, principal documentação utilizada nessa dissertação, nos permitem entrever que o seu fracasso na tarefa de promover a ocupação do noroeste do território brasileiro deveu-se, em grande parte, ao obstáculo representado pelas doenças, que, além de afetarem aqueles que estavam na região, amedrontavam os seus possíveis colonizadores, afastando-os. O resultado dessa combinação foi uma linha 10 telegráfica que, ao invés de simbolizar a integração da região ao restante do país, assumiu o significado de um monumento em forma de ruína ao fracasso da CLTEMA.This dissertation has the objective of analyzing the relationship among diseases, knowledge and territory occupation at the “Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas” (CLTEMA), which, from 1907 to 1915, crossed from south to north large regions of what are today the states of Mato Grosso, Rondônia and Amazonas, working on installing a telegraph line that would be responsible for the integration of these regions to the main Brazilian cities. My purpose is to show that the construction of telegraph lines and stations was only part of a more ambitious project looking for the defense of the Brazilian borders, contact with indigenous societies, scientific investigations, and, foremost, the productive occupation of that part of the national territory, which the members of the Commission called “sertões do noroeste” (northwest sertões). However, the Commission found innumerous difficulties to achieve those objectives, varying from some indigenous groups animosity, transportation difficulties in a very complex geographically and practically non-explored region, constant rains added to periods of severe heat, to, finally, the diseases – the great suffering of expeditionary people – which retarded and even interrupted several jobs in progress at the “sertões do noroeste”. Throughout the time, the diseases – mainly malaria – forced the Commission to give up some of the objectives originally established, and to retard the execution of others. The construction of the telegraph line branches till the city offices of Alto Acre, Alto Purus and Alto Juruá, defined in the Instructions that should guide the Commission, for example, that was never executed, and the settlement of the “sertões do noroeste”, which initially was scheduled to happen simultaneously to the installation of the telegraph lines and stations, postponed. The Commission medical reports, main documentation used in this dissertation, allow us to observe that its failure in the task of promote occupation of the Brazilian territory northwest occurred, in a great extent, due to the obstacle represented by the diseases, which, besides affecting those that were in the region, scared the possible colonists, distancing them. The result of this combination was a telegraph line that, instead of 12 symbolizing the integration of the region to the reminder of the country, took the meaning of a monument in ruin shape to the failure of CLTEMA.Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz. Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porComissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao AmazonasRondonSertãoMaláriaRelatórios médicosComissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao AmazonasRondonSertãoMalariaMedical reportsEcossistema AmazônicoSaúde PúblicaO medo do Sertão: doenças e ocupação do território na Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas (1907-1915)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisCasa de Oswaldo CruzFundação Oswaldo CruzMestreRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúdeinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/6103/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINAL33.pdfapplication/pdf753084https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/6103/2/33.pdf90a243b4028baa5304fd039d9a2867ddMD52TEXT33.pdf.txt33.pdf.txtExtracted texttext/plain292908https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/6103/5/33.pdf.txtf2bfe5b881c881482e3c1600313beeedMD55THUMBNAIL33.pdf.jpg33.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1030https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/6103/4/33.pdf.jpgf388b0c5cf0c0d930029e4af6ecf416bMD54icict/61032023-01-05 14:22:37.021oai:www.arca.fiocruz.br:icict/6103Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-01-05T17:22:37Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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