Prevalência de Infecções Maláricas Submicroscópicas em uma População de Assentamento Agrícola na Amazônia Brasileira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Guimarães, Luiz Felipe Ferreira
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48370
Resumo: O diagnóstico eficiente de malária é um dos principais desafios enfrentados pelos programas de controle e eliminação da doença, sendo necessária a correta identificação do parasito, em nível de espécie, para definição do esquema terapêutico e consequente interrupção do ciclo de transmissão. Entretanto, estima se que a maior parte das infecções maláricas apresenta carga parasitária abaixo do limite de detecção do diagnóstico de rotina, a microscopia óptica. Achados recentes sugerem que as infecções submicroscópicas são mais prevalentes em áreas de baixa transmissão com predomínio de P. vivax, como é o caso da Amazônia Brasileira. O presente trabalho propôs determinar, retrospectivamente, a prevalência de malária microscópica e submicroscópica em uma população de assentamento agrícola da Amazônia Brasileira com histórico de longa exposição à doença. Para isto, o desenho experimental incluiu seis cortes transversais (2008 a 2017), correspondendo a períodos de alta e baixa transmissão de malária na área de estudo. O diagnóstico parasitológico foi conduzido por microscopistas experientes e os ensaios moleculares foram realizado através de protocolos de PCR em tempo real (qPCR) baseados em alvos ribossomais (18S SSU rRNA – R-qPCR) e não ribossomais (Pvr47/Pfr364 – NR-qPCR). No total de amostras estudadas (n=689) foi possível demonstrar que o uso de ferramentas moleculares aumentou em aproximadamente seis vezes a prevalência de infecções maláricas, sendo que as infecções submicroscópicas corresponderam à, aproximadamente, 85% do total de casos de malária diagnosticadas no estudo. O P. vivax foi a espécie predominante, seguido por P. falciparum e, em menor extensão, o P. malariae, que foi detectado apenas pelos protocolos moleculares. Embora o uso simultâneo de dois protocolos moleculares não tenha aumentado significativamente as chances de se detectar malária submicroscópica, a NR-qPCR apresentou maior sensibilidade, particularmente no diagnóstico de infecções mistas por P. falciparum e P. vivax. A flutuação nos níveis de transmissão de malária na área estudada não influenciou na proporção entre malária submicroscópica e microscópica ao longo do estudo. De relevância, infecções submicroscópicas foram detectadas mesmo no período de baixa transmissão quando nenhuma infecção microscópica foi diagnosticada na área. A estratificação da população de acordo com características demográficas e epidemiológicas sugere que indivíduos de ambos os sexos estavam igualmente expostos à transmissão de malária, sendo a infecção mais prevalente na população ribeirinha quando comparado aos não ribeirinhos. De interesse, os resultados aqui encontrados reforçam que na população estudada a exposição contínua a níveis relativamente baixos de transmissão de malária, levou ao desenvolvimento de imunidade contra os parasitos, caracterizada aqui pela diminuição da parasitemia com o aumento da idade e o tempo de residência na Amazônia. Em conjunto os dados aqui apresentados confirmam a importância de se avaliar infecções submicroscópicas nas áreas endêmicas brasileiras, particularmente onde exista predominância do P. vivax.
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Entretanto, estima se que a maior parte das infecções maláricas apresenta carga parasitária abaixo do limite de detecção do diagnóstico de rotina, a microscopia óptica. Achados recentes sugerem que as infecções submicroscópicas são mais prevalentes em áreas de baixa transmissão com predomínio de P. vivax, como é o caso da Amazônia Brasileira. O presente trabalho propôs determinar, retrospectivamente, a prevalência de malária microscópica e submicroscópica em uma população de assentamento agrícola da Amazônia Brasileira com histórico de longa exposição à doença. Para isto, o desenho experimental incluiu seis cortes transversais (2008 a 2017), correspondendo a períodos de alta e baixa transmissão de malária na área de estudo. O diagnóstico parasitológico foi conduzido por microscopistas experientes e os ensaios moleculares foram realizado através de protocolos de PCR em tempo real (qPCR) baseados em alvos ribossomais (18S SSU rRNA – R-qPCR) e não ribossomais (Pvr47/Pfr364 – NR-qPCR). No total de amostras estudadas (n=689) foi possível demonstrar que o uso de ferramentas moleculares aumentou em aproximadamente seis vezes a prevalência de infecções maláricas, sendo que as infecções submicroscópicas corresponderam à, aproximadamente, 85% do total de casos de malária diagnosticadas no estudo. O P. vivax foi a espécie predominante, seguido por P. falciparum e, em menor extensão, o P. malariae, que foi detectado apenas pelos protocolos moleculares. Embora o uso simultâneo de dois protocolos moleculares não tenha aumentado significativamente as chances de se detectar malária submicroscópica, a NR-qPCR apresentou maior sensibilidade, particularmente no diagnóstico de infecções mistas por P. falciparum e P. vivax. A flutuação nos níveis de transmissão de malária na área estudada não influenciou na proporção entre malária submicroscópica e microscópica ao longo do estudo. De relevância, infecções submicroscópicas foram detectadas mesmo no período de baixa transmissão quando nenhuma infecção microscópica foi diagnosticada na área. A estratificação da população de acordo com características demográficas e epidemiológicas sugere que indivíduos de ambos os sexos estavam igualmente expostos à transmissão de malária, sendo a infecção mais prevalente na população ribeirinha quando comparado aos não ribeirinhos. De interesse, os resultados aqui encontrados reforçam que na população estudada a exposição contínua a níveis relativamente baixos de transmissão de malária, levou ao desenvolvimento de imunidade contra os parasitos, caracterizada aqui pela diminuição da parasitemia com o aumento da idade e o tempo de residência na Amazônia. Em conjunto os dados aqui apresentados confirmam a importância de se avaliar infecções submicroscópicas nas áreas endêmicas brasileiras, particularmente onde exista predominância do P. vivax.The efficient diagnosis of malaria is one of the main challenges faced by the disease control and elimination programs, requiring the correct identification of the parasite, at the species level, to define the therapeutic scheme and consequent interruption of the transmission cycle. However, it is estimated that most malarial infections have a parasitic load below the detection limit of routine diagnosis, optical microscopy. Recent findings suggest that submicroscopic infections are more prevalent in areas of low transmission with a predominance of P. vivax, like the Brazilian Amazon. The present work proposed to determine, retrospectively, the prevalence of microscopic and submicroscopic malaria in an agricultural settlement population in the Brazilian Amazon with a history of long exposure to the disease. For this, the experimental design included six cross-sections (2008 to 2017), corresponding to periods of high and low malaria transmission in the study area. Parasitological diagnosis was conducted by experienced microscopists and molecular assays were performed using real-time PCR (qPCR) protocols based on ribosomal targets (18S SSU rRNA - R-qPCR) and non-ribosomal targets (Pvr47 / Pfr364 - NR-qPCR). In the total of samples studied (n = 689) it was possible to demonstrate that the use of molecular tools increased the prevalence of malarial infections by approximately six-fold, with submicroscopic infections corresponding to approximately 85% of the total malaria cases diagnosed in the study. Plasmodium vivax was the predominant species, followed by P. falciparum and P. malariae, which was detected only by molecular protocols. Although the simultaneous use of two molecular protocols did not significantly increase the chances of detecting submicroscopic malaria, NR-qPCR was more sensitive, particularly in the diagnosis of mixed infections by P. falciparum and P. vivax. The fluctuation in the levels of malaria transmission in the studied area did not influence the proportion between submicroscopic and microscopic malaria throughout the study. Of relevance, submicroscopic infections were detected even in the low transmission period when no microscopic infections were diagnosed in the area. The stratification of the population according to demographic and epidemiological characteristics suggests that individuals of both gender were equally exposed to the transmission of malaria, being the most prevalent infection in the riverine population when compared to nonriverine populations. Of interest, the results found here reinforce that in the studied population, continuous exposure to relatively low levels of malaria transmission led to the development of immunity against parasites, characterized here by the decrease in parasitemia with increasing age and residence time in Amazon. Together, the data presented here confirm the importance of assessing submicroscopic infections in endemic areas in Brazil, particularly where P. vivax predominates.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Belo Horizonte, MG, Brasil.porMaláriaPlasmodiumInfecções submicroscópicasDiagnóstico molecularPCRMaláriaPlasmodiumSubmicroscopic infectionsMolecular diagnosisPCRMalariaMolecular diagnosisMalária/diagnósticoMalária/complicaçõesPCR/métodosPrevalência de Infecções Maláricas Submicroscópicas em uma População de Assentamento Agrícola na Amazônia Brasileirainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2020Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, BrasilMestrado AcadêmicoBelo Horizonte, MG, BrasilPrograma de Pós-Graduação em Ciências da Saúdeinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-83082https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48370/1/license.txt9193a7c197bc67acd023525e72a03240MD51ORIGINALD_2020_ Luiz Felipe Guimarães.pdfD_2020_ Luiz Felipe Guimarães.pdfapplication/pdf3171779https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48370/2/D_2020_%20Luiz%20Felipe%20Guimar%c3%a3es.pdfdae38e277107f9e384a98d7e71b36ea2MD52TEXTD_2020_ Luiz Felipe Guimarães.pdf.txtD_2020_ Luiz Felipe Guimarães.pdf.txtExtracted texttext/plain133360https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48370/3/D_2020_%20Luiz%20Felipe%20Guimar%c3%a3es.pdf.txtcbf1478a5c76ab34bc2809d5ae04cf60MD53icict/483702021-09-03 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