Desigualdades socioeconômicas no acesso a medicamentos e na adesão à farmacoterapia no Brasil
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43437 |
Resumo: | Introdução: os medicamentos são a intervenção terapêutica mais utilizada e a mais custo efetiva para o tratamento de diversas patologias. O acesso a medicamentos essenciais constitui um dos eixos norteadores das políticas de medicamentos e da assistência farmacêutica e a adesão a farmacoterapia é essencial ao sucesso do tratamento. Objetivo: o objetivo deste estudo foi analisar as mudanças no acesso gratuito a medicamentos e as desigualdades socioeconômicas relacionadas a não adesão à farmacoterapia de doenças crônicas no Brasil. Metodologia: foram realizados dois estudos transversais com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 1998, 2003 e 2008 (primeiro estudo) e da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Uso e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM), realizado em 2014 (segundo estudo). O primeiro estudo foi utilizado para analisar as alterações no acesso gratuito autorreferido a medicamentos prescritos no Sistema Único de Saúde e o segundo, para estudar as desigualdades socioeconômicas na não adesão à farmacoterapia, medida pela adesão menor que 80% da farmacoterapia. As variáveis independentes para o primeiro estudo incluíram: condições demográficas (sexo, idade, cor da pele autodeclarada), condições socioeconômicas (situação censitária da residência, escolaridade, renda familiar), condições de saúde (multimorbidade, autoavaliação de saúde) e acesso a serviços saúde (filiação a plano de saúde). A análise dos dados incluiu a descrição da amostra seguida de análise bivariada, utilizando o teste do qui-quadrado com correção de Rao Scott e regressão logística múltipla. Para avaliar as desigualdades socioeconômicas na não adesão à farmacoterapia, analisou-se uma amostra representativa de adultos brasileiros residentes em áreas urbanas, com diagnóstico médico de pelo menos uma doença crônica e indicação de tratamento farmacológico. As desigualdades socioeconômicas associadas a não adesão foram mensuradas pelos índices de desigualdade absoluto (SII) e relativo (RII), calculados por análise de regressão logística. Resultados: os resultados relacionados às alterações no acesso gratuito ao medicamento prescrito mostraram um aumento na prevalência de acesso gratuito de 39,24% em 1998 para 50,11% em 2003 e 64,72% em 2008. Além disso, observou-se redução na chance de acesso gratuito a medicamentos pelo SUS com o aumento da renda, com diferença significante em relação ao 1° quintil [2º quintil: OR 0,91 (IC95%: 0,84-0,98); 3º quintil: OR 0,86 (IC95%: 0,79-0,93); 4º quintil: OR 0,77 (IC95%: 0,71-0,84), 5° quintil OR 0,73 (IC95%: 0,66-0,80)] e esse cenário permaneceu constante ao longo dos anos analisados. Os resultados do segundo estudo demonstraram que a prevalência de não adesão à farmacoterapia no Brasil foi de 20,2% e para as regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul foi de, respectivamente, 27,8%, 24,2%, 21,5%, 17,5% e 17,0%, com diferenças estatisticamente significantes. Além disso, houve desigualdades socioeconômicas absolutas e relativas na não adesão à farmacoterapia de doenças crônicas no Brasil [SII= -7,4 (IC 95%: -12,9; -1,8); RII=0,69 (IC 95%: 0,50; 0,89)] e a probabilidade de não adesão ao tratamento diminuiu com a melhora do status socioeconômico do indivíduo. Conclusão: os achados confirmam a relevância do SUS para promover o acesso aos medicamentos, principalmente para os mais pobres. No entanto, reduzir a desigualdade continua sendo um desafio. Além disso, é necessário reestruturar e fortalecer políticas públicas voltadas à redução das desigualdades socioeconômicas, a fim de promover a equidade na adesão à farmacoterapia para doenças crônicas. |
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Drummond, Elislene DiasSimões, Taynãna CésarAndrade, Fabíola Bof dePádua, Cristiane Aparecida Menezes deMartins, Maria Auxiliadora ParreirasCamargos, Mirela Castro SantosBoing, Alexandra CrispimAndrade, Fabíola Bof de2020-09-17T18:04:01Z2020-09-17T18:04:01Z2020DRUMMOND, Elislene Dias. Desigualdades socioeconômicas no acesso a medicamentos e na adesão à farmacoterapia no Brasil. 2020. 128 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva – Área de Concentração em Epidemiologia) - Instituto René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Belo Horizonte, 2020.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43437Introdução: os medicamentos são a intervenção terapêutica mais utilizada e a mais custo efetiva para o tratamento de diversas patologias. O acesso a medicamentos essenciais constitui um dos eixos norteadores das políticas de medicamentos e da assistência farmacêutica e a adesão a farmacoterapia é essencial ao sucesso do tratamento. Objetivo: o objetivo deste estudo foi analisar as mudanças no acesso gratuito a medicamentos e as desigualdades socioeconômicas relacionadas a não adesão à farmacoterapia de doenças crônicas no Brasil. Metodologia: foram realizados dois estudos transversais com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 1998, 2003 e 2008 (primeiro estudo) e da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Uso e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM), realizado em 2014 (segundo estudo). O primeiro estudo foi utilizado para analisar as alterações no acesso gratuito autorreferido a medicamentos prescritos no Sistema Único de Saúde e o segundo, para estudar as desigualdades socioeconômicas na não adesão à farmacoterapia, medida pela adesão menor que 80% da farmacoterapia. As variáveis independentes para o primeiro estudo incluíram: condições demográficas (sexo, idade, cor da pele autodeclarada), condições socioeconômicas (situação censitária da residência, escolaridade, renda familiar), condições de saúde (multimorbidade, autoavaliação de saúde) e acesso a serviços saúde (filiação a plano de saúde). A análise dos dados incluiu a descrição da amostra seguida de análise bivariada, utilizando o teste do qui-quadrado com correção de Rao Scott e regressão logística múltipla. Para avaliar as desigualdades socioeconômicas na não adesão à farmacoterapia, analisou-se uma amostra representativa de adultos brasileiros residentes em áreas urbanas, com diagnóstico médico de pelo menos uma doença crônica e indicação de tratamento farmacológico. As desigualdades socioeconômicas associadas a não adesão foram mensuradas pelos índices de desigualdade absoluto (SII) e relativo (RII), calculados por análise de regressão logística. Resultados: os resultados relacionados às alterações no acesso gratuito ao medicamento prescrito mostraram um aumento na prevalência de acesso gratuito de 39,24% em 1998 para 50,11% em 2003 e 64,72% em 2008. Além disso, observou-se redução na chance de acesso gratuito a medicamentos pelo SUS com o aumento da renda, com diferença significante em relação ao 1° quintil [2º quintil: OR 0,91 (IC95%: 0,84-0,98); 3º quintil: OR 0,86 (IC95%: 0,79-0,93); 4º quintil: OR 0,77 (IC95%: 0,71-0,84), 5° quintil OR 0,73 (IC95%: 0,66-0,80)] e esse cenário permaneceu constante ao longo dos anos analisados. Os resultados do segundo estudo demonstraram que a prevalência de não adesão à farmacoterapia no Brasil foi de 20,2% e para as regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul foi de, respectivamente, 27,8%, 24,2%, 21,5%, 17,5% e 17,0%, com diferenças estatisticamente significantes. Além disso, houve desigualdades socioeconômicas absolutas e relativas na não adesão à farmacoterapia de doenças crônicas no Brasil [SII= -7,4 (IC 95%: -12,9; -1,8); RII=0,69 (IC 95%: 0,50; 0,89)] e a probabilidade de não adesão ao tratamento diminuiu com a melhora do status socioeconômico do indivíduo. Conclusão: os achados confirmam a relevância do SUS para promover o acesso aos medicamentos, principalmente para os mais pobres. No entanto, reduzir a desigualdade continua sendo um desafio. Além disso, é necessário reestruturar e fortalecer políticas públicas voltadas à redução das desigualdades socioeconômicas, a fim de promover a equidade na adesão à farmacoterapia para doenças crônicas.Introduction: medicines are the most used therapeutic intervention and the most cost effective for the treatment of several pathologies. Access to essential medicines is one of the guiding principles of drug policies and pharmaceutical assistance, and adherence to pharmacotherapy is essential to the success of treatment. Objective: the aim of this study was to analyze the changes in free access to medicines and socioeconomic inequalities related to non-adherence to chronic disease pharmacotherapy in Brazil. Methodology: two cross-sectional studies were conducted with data from the National Household Sample Surveys, conducted in 1998, 2003 and 2008 (first study) and the National Survey on Access, Use and Promotion of Rational Use of Medicines (PNAUM), conducted in 2014 (second study). The former study was used to analyze the changes in the self-reported free access to medicines prescribed at the Brazilian Unified Health System and the latter to study the socioeconomic inequalities in non-adherence to pharmacotherapy, measured by adherence of less than 80% to drug therapy. Independent variables for the first study included: demographic conditions (gender, age, self-declared skin color), socioeconomic conditions (census status of residence, education, family income), health conditions (multimorbidity, self-rated health) and access to services health (health insurance membership). Data analyses included the description of the sample followed by bivariate analysis using chi-square test with Rao Scott correction and multivariate logistic regression. In order to access the socioeconomic inequalities in the nonadherence to pharmacotherapy, we analyzed a representative sample of the Brazilian adults residents in urban areas, with at least one medical diagnosis of chronic diseases and indication for pharmacological treatment. The socioeconomic inequality associated the non-adherence were assessed by absolute (SII) and relative (RII) inequality indices, calculated by logistic regression analysis. Results: results related to the changes in the free access to prescribed medicine showed an increased prevalence of free access of 39.24% in 1998 to 50.11% in 2003 and 60.72% in 2008. In addition, there was a reduction in the chance of free access to medicines by SUS with increased income, with a significant difference in relation to the 1st quintile [2nd quintile: OR 0.91 (CI 95%: 0.84-0.98 ); 3rd quintile: OR 0.86 (CI 95%: 0.79-0.93); 4th quintile: OR 0.77 (CI: 95% 0.71-0.84), 5th quintile OR 0.73 (CI 95%: 0.66-0.80)] and this scenario remained constant over the years evaluated. The results of the second study found that the prevalence of non-adherence to pharmacotherapy in Brazil was 20.2% and for the Northeast, North, Midwest, Southeast and South regions, respectively, 27.8%, 24.2%, 21, 5%, 17.5% and 17.0%, with statistically significant differences. In addition, found found that there were absolute and relative socioeconomic inequalities in the non-adherence to pharmacotherapy of chronic diseases in Brazil [(SII= -7,4 (CI 95%: -12.9; -1,8); RII=0.69 (CI 95%: 0.50; 0.89)], and the likelihood of non-adherence to treatment decreased with the improvement of the individual's socioeconomic status. Conclusion: the findings confirm the relevance of SUS to promote access to medicines, especially for the poorest. However, reducing inequality remains a challenge. In addition, there is a need to restructure and strengthen public policies aimed at reducing socioeconomic inequalities, in order to promote equity in adherence to pharmacotherapy for chronic diseases.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Rene Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.porAssistência FarmacêuticaFatores socioeconômicosAcesso a medicamentosAdesão à farmacoterapiaEpidemiologiaAdesão à medicaçãoDesigualdades socioeconômicas no acesso a medicamentos e na adesão à farmacoterapia no Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2020Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Rene Rachou. Belo Horizonte, MG, BrasilUniversidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG, BrasilUniversidade Federal de São Carlos. São Carlos, SP, BrasilBelo Horizonte, MG, BrasilFundação Oswaldo Cruz. Instituto Rene Rachou. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletivainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-83082https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43437/1/license.txt9193a7c197bc67acd023525e72a03240MD51ORIGINALT_2020_Elislene Dias Drummond.pdfT_2020_Elislene Dias Drummond.pdfapplication/pdf1285819https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43437/2/T_2020_Elislene%20Dias%20Drummond.pdf30462ef3eb1712c3c1836c7cb7dd330aMD52TEXTT_2020_Elislene Dias Drummond.pdf.txtT_2020_Elislene Dias Drummond.pdf.txtExtracted texttext/plain204210https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43437/3/T_2020_Elislene%20Dias%20Drummond.pdf.txt6a7bd8e15ea5b0a388eee0cca8af4f63MD53icict/434372023-08-23 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Introdução: os medicamentos são a intervenção terapêutica mais utilizada e a mais custo efetiva para o tratamento de diversas patologias. O acesso a medicamentos essenciais constitui um dos eixos norteadores das políticas de medicamentos e da assistência farmacêutica e a adesão a farmacoterapia é essencial ao sucesso do tratamento. Objetivo: o objetivo deste estudo foi analisar as mudanças no acesso gratuito a medicamentos e as desigualdades socioeconômicas relacionadas a não adesão à farmacoterapia de doenças crônicas no Brasil. Metodologia: foram realizados dois estudos transversais com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 1998, 2003 e 2008 (primeiro estudo) e da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Uso e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM), realizado em 2014 (segundo estudo). O primeiro estudo foi utilizado para analisar as alterações no acesso gratuito autorreferido a medicamentos prescritos no Sistema Único de Saúde e o segundo, para estudar as desigualdades socioeconômicas na não adesão à farmacoterapia, medida pela adesão menor que 80% da farmacoterapia. As variáveis independentes para o primeiro estudo incluíram: condições demográficas (sexo, idade, cor da pele autodeclarada), condições socioeconômicas (situação censitária da residência, escolaridade, renda familiar), condições de saúde (multimorbidade, autoavaliação de saúde) e acesso a serviços saúde (filiação a plano de saúde). A análise dos dados incluiu a descrição da amostra seguida de análise bivariada, utilizando o teste do qui-quadrado com correção de Rao Scott e regressão logística múltipla. Para avaliar as desigualdades socioeconômicas na não adesão à farmacoterapia, analisou-se uma amostra representativa de adultos brasileiros residentes em áreas urbanas, com diagnóstico médico de pelo menos uma doença crônica e indicação de tratamento farmacológico. As desigualdades socioeconômicas associadas a não adesão foram mensuradas pelos índices de desigualdade absoluto (SII) e relativo (RII), calculados por análise de regressão logística. Resultados: os resultados relacionados às alterações no acesso gratuito ao medicamento prescrito mostraram um aumento na prevalência de acesso gratuito de 39,24% em 1998 para 50,11% em 2003 e 64,72% em 2008. Além disso, observou-se redução na chance de acesso gratuito a medicamentos pelo SUS com o aumento da renda, com diferença significante em relação ao 1° quintil [2º quintil: OR 0,91 (IC95%: 0,84-0,98); 3º quintil: OR 0,86 (IC95%: 0,79-0,93); 4º quintil: OR 0,77 (IC95%: 0,71-0,84), 5° quintil OR 0,73 (IC95%: 0,66-0,80)] e esse cenário permaneceu constante ao longo dos anos analisados. Os resultados do segundo estudo demonstraram que a prevalência de não adesão à farmacoterapia no Brasil foi de 20,2% e para as regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul foi de, respectivamente, 27,8%, 24,2%, 21,5%, 17,5% e 17,0%, com diferenças estatisticamente significantes. Além disso, houve desigualdades socioeconômicas absolutas e relativas na não adesão à farmacoterapia de doenças crônicas no Brasil [SII= -7,4 (IC 95%: -12,9; -1,8); RII=0,69 (IC 95%: 0,50; 0,89)] e a probabilidade de não adesão ao tratamento diminuiu com a melhora do status socioeconômico do indivíduo. Conclusão: os achados confirmam a relevância do SUS para promover o acesso aos medicamentos, principalmente para os mais pobres. No entanto, reduzir a desigualdade continua sendo um desafio. Além disso, é necessário reestruturar e fortalecer políticas públicas voltadas à redução das desigualdades socioeconômicas, a fim de promover a equidade na adesão à farmacoterapia para doenças crônicas. |
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