Arte, loucura e ciência no Brasil: as origens do Museu de Imagens do Inconsciente
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Data de Publicação: | 2003 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6086 |
Resumo: | O Museu de Imagens do Inconsciente foi fundado em 20 de maio de 1952 em Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, sob a justificativa de ser uma evolução natural dos trabalhos realizados nos ateliês de pintura e modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional do Centro Psiquiátrico Nacional, sob a direção da psiquiatra Nise da Silveira desde 1946. Nesse sentido, é possível falar em um processo de gênese do Museu de Imagens do Inconsciente que não se limita a data de sua inauguração oficial em 1952. Esta pesquisa visa apreender a história da transformação desses ateliês em um museu, situando-a em um contexto dinâmico onde se encontram os movimentos sociais, a arte e a ciência. Utilizando a metodologia de contextos inter-relacionados – o discursivo, o intelectual e o comunicacional - este trabalho constrói mais uma história sobre as origens do Museu de Imagens do Inconsciente, buscando apreender o significado dessa experiência no momento em que ela estava sendo construída, ou seja entre os anos de 1946 e 1952. A emergência do discurso psicanalítico no Brasil na primeira metade do século XX possibilitou que a idéia do inconsciente manifestado nas expressões artísticas fosse incorporada tanto no meio artístico quanto no científico. Esse contexto propiciou o aparecimento, nos anos 40, das idéias de Nise da Silveira sobre a ocupação terapêutica e a expressão artística dos alienados em uma época em que a terapêutica ocupacional era um método periférico àqueles habitualmente empregados pela psiquiatria brasileira, visto que o discurso orgânico-mecanicista e os métodos biológicos de tratamento das doenças mentais eram hegemônicos. Se a ciência psiquiátrica daquela época não estava tão interessada nas práticas desenvolvidas nos ateliês de pintura e modelagem de uma modesta Seção de Terapêutica Ocupacional, Nise da Silveira encontrou em alguns artistas e críticos de arte um apoio fundamental para a divulgação do trabalho que estava sendo desenvolvido em Engenho de Dentro. Portanto, a arte brasileira ocupou o lugar, primeiramente destinado à ciência, de incentivar e respaldar a expressão artística dos alienados de Engenho de Dentro, principalmente no que se refere à repercussão das primeiras exposições da Seção de Terapêutica Ocupacional, em 1947 e 1949. O impacto dessas primeiras exposições no meio artístico e cultural, alicerçado pela surpresa diante da constatação de que os loucos faziam verdadeiras obras de arte, e a ampla repercussão nos jornais da época foram fatores preponderantes para a divulgação dessa prática que unia arte, loucura e psiquiatria em fins da década de 1940 no Brasil. Tudo isso constrói um contexto dinâmico e propício para o desenvolvimento dos ateliês de pintura e modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional no Centro Psiquiátrico Nacional. Dessa forma, a busca pelo significado dessa experiência que aproximou arte, loucura e ciência no Brasil em fins da década de 1940, acaba construindo uma narrativa sobre as origens do Museu de Imagens do Inconsciente inserido em uma história da psiquiatria brasileira que foi enriquecida por outras visões, tal como a artística, estando, por isso mesmo, influenciada por uma história cultural muito mais ampla. |
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Dias, Paula BarrosLima, Nísia Trindade2013-01-07T15:54:58Z2013-01-07T15:54:58Z2003DIAS, Paula Barros. Arte, loucura e ciência no Brasil: as origens do Museu de Imagens do Inconsciente. 2003. 170 f. Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) - Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2003.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6086O Museu de Imagens do Inconsciente foi fundado em 20 de maio de 1952 em Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, sob a justificativa de ser uma evolução natural dos trabalhos realizados nos ateliês de pintura e modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional do Centro Psiquiátrico Nacional, sob a direção da psiquiatra Nise da Silveira desde 1946. Nesse sentido, é possível falar em um processo de gênese do Museu de Imagens do Inconsciente que não se limita a data de sua inauguração oficial em 1952. Esta pesquisa visa apreender a história da transformação desses ateliês em um museu, situando-a em um contexto dinâmico onde se encontram os movimentos sociais, a arte e a ciência. Utilizando a metodologia de contextos inter-relacionados – o discursivo, o intelectual e o comunicacional - este trabalho constrói mais uma história sobre as origens do Museu de Imagens do Inconsciente, buscando apreender o significado dessa experiência no momento em que ela estava sendo construída, ou seja entre os anos de 1946 e 1952. A emergência do discurso psicanalítico no Brasil na primeira metade do século XX possibilitou que a idéia do inconsciente manifestado nas expressões artísticas fosse incorporada tanto no meio artístico quanto no científico. Esse contexto propiciou o aparecimento, nos anos 40, das idéias de Nise da Silveira sobre a ocupação terapêutica e a expressão artística dos alienados em uma época em que a terapêutica ocupacional era um método periférico àqueles habitualmente empregados pela psiquiatria brasileira, visto que o discurso orgânico-mecanicista e os métodos biológicos de tratamento das doenças mentais eram hegemônicos. Se a ciência psiquiátrica daquela época não estava tão interessada nas práticas desenvolvidas nos ateliês de pintura e modelagem de uma modesta Seção de Terapêutica Ocupacional, Nise da Silveira encontrou em alguns artistas e críticos de arte um apoio fundamental para a divulgação do trabalho que estava sendo desenvolvido em Engenho de Dentro. Portanto, a arte brasileira ocupou o lugar, primeiramente destinado à ciência, de incentivar e respaldar a expressão artística dos alienados de Engenho de Dentro, principalmente no que se refere à repercussão das primeiras exposições da Seção de Terapêutica Ocupacional, em 1947 e 1949. O impacto dessas primeiras exposições no meio artístico e cultural, alicerçado pela surpresa diante da constatação de que os loucos faziam verdadeiras obras de arte, e a ampla repercussão nos jornais da época foram fatores preponderantes para a divulgação dessa prática que unia arte, loucura e psiquiatria em fins da década de 1940 no Brasil. Tudo isso constrói um contexto dinâmico e propício para o desenvolvimento dos ateliês de pintura e modelagem da Seção de Terapêutica Ocupacional no Centro Psiquiátrico Nacional. Dessa forma, a busca pelo significado dessa experiência que aproximou arte, loucura e ciência no Brasil em fins da década de 1940, acaba construindo uma narrativa sobre as origens do Museu de Imagens do Inconsciente inserido em uma história da psiquiatria brasileira que foi enriquecida por outras visões, tal como a artística, estando, por isso mesmo, influenciada por uma história cultural muito mais ampla.The Museum of Images of the Unconscious was established in May 20th,1952, in Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, under the justification of being a natural evolution of the works carried through in the workshops of painting and modeling of the Section of Occupational Therapeutic of the National Psychiatric Center, under the direction of psychiatrist Nise da Silveira since 1946. In this sense, it is possible to talk in a process of creation of the Museum of Images of the Unconscious that is not limited by the date of its official inauguration in 1952. This research aims at to apprehend the history of the transformation of this workshops in a museum, pointing out it in a dynamic context where if they find the social movements, the art and science. Using the methodology of interrelated contexts - the discursive, the intellectual and the comunicational - this work constructs a history about the origins of the Museum of Images of the Unconscious, aiming to apprehend the meaning of this experience at the moment where it was being constructed, it means, between 1946 and 1952. The emergency of the psicanalistc discourse in Brazil in the first half of century XX made possible that the revealed idea of the unconscious in the artistic expressions was incorporated in the artistic as in the scientific medium. This context propitiated the emerging, in years 40, of the Nise da Silveira ideas on the therapeutical occupation and the artistic expression of the mentally ills at a time where occupational therapeutic was a peripheral method to habitually ones used by Brazilian psychiatry, since the organic-mechanist discourse and the biological methods of treatment of the insanities were hegemonic. If the psychiatric science of that age was not so interested in the practices developed in the workshops of painting and modeling of a modest Section of Occupational Therapy, Nise da Silveira found in some artists and critics of art a basic support for the spreading of the work that was being developed in Engenho de Dentro. Therefore, the Brazilian art occupied the place, first destined to science, to stimulate and to endorse the artistic expression of the mentally ills of Engenho de Dentro, mainly what relates to the repercussion of the first expositions of the Section of Occupational Therapy, in 1947 and 1949. The impact of these first expositions in the artistic and cultural media, based in the surprise, face to the fact of that the insane people made really works of art, and the ample repercussion in periodicals of the age had been preponderant factors for the spreading of this practices that joined art, madness and psychiatry in ends of the decade of 40 in Brazil. All of this constructs a dynamic and propitious context for the development of the workshops of painting and modeling of the Section of Occupational Therapy in the National Psychiatric Center. Thus, the search for the meaning of this experience that approached art, madness and science in Brazil at the ends of the decade of 1940, results at constructing a narrative on the origins it Museum of Images of the Unconscious inserted in a history of the Brazilian psychiatry that it was enriched by other visions, such as the artistic one, being, therefore, influenced for a cultural history much more ample.Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz. Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porHistória da psiquiatria no BrasilMuseu de imagens do inconscienteTerapêutica ocupacionalExpressão artística de alienadosHistory of psychiatry in BrazilMuseum of images of the unconsciousOccupational therapeuticArtistic expression of mentally illsPsiquiatria/históriaMuseus/históriaMedicina nas ArtesHistória do Século XXBrasilArte, loucura e ciência no Brasil: as origens do Museu de Imagens do Inconscienteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2003Casa de Oswaldo CruzFundação Oswaldo CruzMestreRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúdeinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/6086/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINAL38.pdfapplication/pdf1101882https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/6086/2/38.pdf635d02cdbfae65bc757f69756c74e473MD52TEXT38.pdf.txt38.pdf.txtExtracted texttext/plain424642https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/6086/5/38.pdf.txt1c74b4375f3210228f8b03f20ff49503MD55THUMBNAIL38.pdf.jpg38.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1147https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/6086/4/38.pdf.jpga05d116dbdd83ae8ade056da71aefb6eMD54icict/60862023-01-05 14:22:36.629oai:www.arca.fiocruz.br:icict/6086Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-01-05T17:22:36Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
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