Desigualdades raciais na ocorrência de multimorbidade entre adultos e idosos brasileiros: 10 anos do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Fernanda Esthefane Garrides
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/58591
Resumo: A multimorbidade, coexistência de duas ou mais condições crônicas, relaciona-se a piores desfechos de saúde. Grupos raciais socialmente desfavorecidas adoecem mais devido aos efeitos do racismo e das experiências de discriminação e podem estar em maior risco para a multimorbidade. Esta tese investigou desigualdades raciais na multimorbidade entre a linha de base (2008-2010) e a terceira visita de seguimento (2017-2019) do ELSA-Brasil. O primeiro artigo examinou desigualdades raciais na prevalência de multimorbidade e no número de morbidades entre 14.099 participantes na linha de base. A multimorbidade foi definida a partir de 16 morbidades, modelos logísticos estimaram razões de prevalências e modelos quantílicos ilustraram diferenças na distribuição do número de morbidades. A prevalência geral de multimorbidade foi de 70% (brancos: 68,35%, pardos: 70,66% e pretos: 74,69%). Controlandose idade e sexo, a prevalência foi 6% e 9% maior para pardos e pretos em relação aos brancos, respectivamente. As desigualdades foram maiores nos quantis superiores da distribuição de morbidades. O segundo artigo investigou desigualdades raciais no desenvolvimento de multimorbidade entre 4.214 participantes. Foram estimadas medidas de ocorrência e razões das taxas de incidência com modelos de Poisson. Em um seguimento médio de 8,29 anos, 40,79% dos participantes desenvolveram multimorbidade: 57,46 casos para 1.000 pessoas-ano em risco, variando entre 56,34 (brancos) e 63,92 (pretos). Controlando-se idade, sexo e centro de investigação, pardos e pretos apresentaram, respectivamente, 12% e 20% mais incidência de multimorbidade que brancos. O terceiro artigo estimou a idade média em que os grupos raciais alcançaram a multimorbidade e avaliou sua progressão. Foram analisados dados de 14.081 participantes e modelos binomiais negativos de efeitos mistos com intercepto aleatório para indivíduos foram estimados. Pardos e pretos apresentaram contagens de morbidades mais elevadas que brancos em 3% e 8%, respectivamente. Curvas pós-estimação indicaram que a multimorbidade foi alcançada, em média, aos 55 (pretos), 57,5 (pardos) e 59 anos (brancos), mas aos 45 anos para mulheres pretas e 59 anos para homens brancos. Esta tese tem importantes implicações clínicas e de pesquisa ao sugerir que a multimorbidade é mais prevalente, incidente, surge mais cedo e progride mais rápido para grupos historicamente discriminados. É provável que múltiplos mecanismos de racismo e discriminação racial possam interagir no curso de vida produzindo esses resultados. Para mitigar desigualdades em saúde não basta enfrentar causas proximais dos indivíduos sem enfrentar as causas sociais fundamentais dessas desigualdades. Palavras-chave: determinantes sociais da saúde; disparidades nos níveis de saúde; envelhecimento; mensuração das desigualdades em saúde; multimorbidade.
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O primeiro artigo examinou desigualdades raciais na prevalência de multimorbidade e no número de morbidades entre 14.099 participantes na linha de base. A multimorbidade foi definida a partir de 16 morbidades, modelos logísticos estimaram razões de prevalências e modelos quantílicos ilustraram diferenças na distribuição do número de morbidades. A prevalência geral de multimorbidade foi de 70% (brancos: 68,35%, pardos: 70,66% e pretos: 74,69%). Controlandose idade e sexo, a prevalência foi 6% e 9% maior para pardos e pretos em relação aos brancos, respectivamente. As desigualdades foram maiores nos quantis superiores da distribuição de morbidades. O segundo artigo investigou desigualdades raciais no desenvolvimento de multimorbidade entre 4.214 participantes. Foram estimadas medidas de ocorrência e razões das taxas de incidência com modelos de Poisson. 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Esta tese tem importantes implicações clínicas e de pesquisa ao sugerir que a multimorbidade é mais prevalente, incidente, surge mais cedo e progride mais rápido para grupos historicamente discriminados. É provável que múltiplos mecanismos de racismo e discriminação racial possam interagir no curso de vida produzindo esses resultados. Para mitigar desigualdades em saúde não basta enfrentar causas proximais dos indivíduos sem enfrentar as causas sociais fundamentais dessas desigualdades. Palavras-chave: determinantes sociais da saúde; disparidades nos níveis de saúde; envelhecimento; mensuração das desigualdades em saúde; multimorbidade.Multimorbidity, the coexistence of two or more chronic conditions, is associated with worse health outcomes. Socially disadvantaged racial groups experience more illness due to the effects of racism and experiences of discrimination and may be at greater risk for multimorbidity. This thesis investigated racial inequalities in multimorbidity between the baseline (2008-2010) and third follow-up visit (2017-2019) of ELSA-Brasil. The first article examined racial inequalities in the prevalence of multimorbidity and the number of morbidities among 14,099 participants at baseline. Multimorbidity was defined by 16 morbidities, logistic models estimated prevalence ratios, and quantile models illustrated differences in the distribution of the number of morbidities. The overall prevalence of multimorbidity was 70% (whites: 68.35%, pardos: 70.66%, and blacks: 74.69%). Controlling for age and sex, the prevalence was 6% and 9% higher for pardos and black participants, respectively, compared to white participants. Inequalities were greater in the upper quantiles of the morbidity distribution. The second article investigated racial inequalities in the development of multimorbidity among 4,214 participants. Measures of occurrence and incidence rate ratios were estimated using Poisson models. In a mean follow-up of 8.29 years, 40.79% of participants developed multimorbidity: 57.46 cases per 1,000 person-year at risk, ranging from 56.34 (whites) to 63.92 (blacks). Controlling for age, sex, and research center, pardos and black participants had 12% and 20% higher incidence of multimorbidity, respectively, compared to white participants. The third article estimated the average age at which racial groups reached multimorbidity and evaluated its progression. Data from 14,081 participants were analyzed, and mixed negative binomial models with random intercepts for individuals were estimated. Pardos and black participants had higher morbidity counts than white participants by 3% and 8%, respectively. Post-estimation curves indicated that multimorbidity was reached on average at age 55 (blacks), 57.5 (pardos), and 59 (whites), but at age 45 for black women and 59 for white men. This thesis has important clinical and research implications by suggesting that multimorbidity is more prevalent, incident, occurs earlier, and progresses more rapidly for historically discriminated groups. Multiple mechanisms of racism and racial discrimination are likely to interact throughout the life course, producing these results. To mitigate health inequalities, it is not enough to address individuals' proximal causes without addressing the fundamental social causes of these inequalities.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porDeterminantes Sociais da SaúdeDisparidades nos Níveis de SaúdeEnvelhecimentoMensuração das Desigualdades em SaúdeMultimorbidadeSocial Determinants of HealthHealth Status DisparitiesAgingHealth Inequality MonitoringMultimorbidityDeterminantes Sociais da SaúdeDisparidades nos Níveis de SaúdeEnvelhecimentoMensuração das Desigualdades em SaúdeMultimorbidadeSaúde do AdultoRacismoEstudos LongitudinaisDesigualdades raciais na ocorrência de multimorbidade entre adultos e idosos brasileiros: 10 anos do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)Racial inequalities in the occurrence of multimorbidity among Brazilian adults and elderly: 10 years of the Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2023-02-28Escola Nacional de Saúde Pública Sergio AroucaFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/58591/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALfernanda_esthefane_garrides_oliveira_ensp_dout_2023.pdfapplication/pdf5132905https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/58591/2/fernanda_esthefane_garrides_oliveira_ensp_dout_2023.pdf0f5718e05d44c798df0bd7889347ed04MD52icict/585912023-05-23 14:46:03.468oai:www.arca.fiocruz.br:icict/58591Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-05-23T17:46:03Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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