Aspectos da tuberculose em crianças com e sem comorbidade, em hospital de referência no Rio de Janeiro, 2007-2018

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Bárbara Almeida
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43960
Resumo: A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa, anualmente responsável por mais de 1,5 milhão de mortes, dentre os mais de 10 milhões de casos. Estima-se que 10% de todos os casos de TB ocorra em crianças <15 anos e que 650 vão a óbito todos os dias. Além dos obstáculos no diagnóstico e tratamento em crianças, a presença de comorbidade pode ser fator de risco adicional para o adoecimento, o atraso no diagnóstico, o abandono ao tratamento, a recidiva e a mortalidade. O objetivo deste trabalho é descrever aspectos epidemiológicos, clínicos e terapêuticos em crianças notificadas com TB em um centro de referência terciário, além de comparar os grupos com e sem comorbidade, quanto às variáveis analisadas. Trata-se de um estudo descritivo, tipo série de casos, realizado a partir de dados coletados de prontuários de pacientes notificados com TB e atendidos nas divisões ambulatoriais ou de internação do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, durante o período de 2007 a 2018. Foram analisados 85 casos, 54,1% do sexo masculino, com média de idade de 6,2 anos. Em 49 (57,7%) casos havia história de contato com TB, dos quais 95,1% ocorridos há menos de 2 anos. A forma mais frequente foi a TB intratorácica, seguida pela ganglionar. Estratificando os pacientes de acordo com a presença (cCom, 36,5%) ou ausência de comorbidade (sCom, 65,5%), observou-se que a taxa de PT não reatora foi significativamente maior (69,6% vs 25%, p<0,01), bem como o baixo peso (42,7% vs. 5,8%, p<0,001), no cCom em relação ao sCom A comorbidade mais frequente foi a infecção pelo HIV, seguida por doenças pulmonares crônicas. O sistema de escore foi relevante para o diagnóstico de TB pulmonar em ambos os grupos de pacientes, pois mais de 90% atingiu escore \226530. O esquema básico foi utilizado em todos os casos, exceto em 5 (5,9%), e teve tempo médio de duração de 6,2 meses na TB pulmonar e de 9,6 meses na TB óssea e/ou meníngea, sem diferença significativa entre os grupos (p>0,05). A distribuição dos desfechos foi semelhante no cCom e sCom, com taxa de cura de 93,5% e 90,7% e taxa de abandono de 6,5% e de 9,3%, respectivamente. Nosso estudo reitera a associação entre exposição a um caso índice há <2 anos e o adoecimento em crianças. A baixa reatividade da PT naqueles cCom é fator dificultador para o diagnóstico, necessitando de maior grau de suspeição neste grupo. O esquema básico por 6 meses mostrou-se eficaz, inclusive em pacientes cCom, corroborando as recomendações do MS. Nesta população, na qual a presença de comorbidade foi notavelmente mais elevada do que em outros estudos, não houve diferença na duração do tratamento, nem no desfecho de crianças cCom em relação às sCom. Portanto, estes dados sugerem que crianças cCom necessitam de melhor investigação clínico-epidemiológica e garantia de acesso ao diagnóstico, pois o acompanhamento e tratamento adequados conferem desfecho favorável da TB em crianças cCom ou sCom.
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spelling Ferreira, Bárbara AlmeidaSaad, Maria Helena FeresAurilio, Rafaela Baroni2020-10-13T13:41:58Z2020-10-13T13:41:58Z2020FERREIRA, Bárbara Almeida. Aspectos da tuberculose em crianças com e sem comorbidade, em hospital de referência no Rio de Janeiro, 2007-2018. 2020. 75 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2020.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43960A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa, anualmente responsável por mais de 1,5 milhão de mortes, dentre os mais de 10 milhões de casos. Estima-se que 10% de todos os casos de TB ocorra em crianças <15 anos e que 650 vão a óbito todos os dias. Além dos obstáculos no diagnóstico e tratamento em crianças, a presença de comorbidade pode ser fator de risco adicional para o adoecimento, o atraso no diagnóstico, o abandono ao tratamento, a recidiva e a mortalidade. O objetivo deste trabalho é descrever aspectos epidemiológicos, clínicos e terapêuticos em crianças notificadas com TB em um centro de referência terciário, além de comparar os grupos com e sem comorbidade, quanto às variáveis analisadas. Trata-se de um estudo descritivo, tipo série de casos, realizado a partir de dados coletados de prontuários de pacientes notificados com TB e atendidos nas divisões ambulatoriais ou de internação do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, durante o período de 2007 a 2018. Foram analisados 85 casos, 54,1% do sexo masculino, com média de idade de 6,2 anos. Em 49 (57,7%) casos havia história de contato com TB, dos quais 95,1% ocorridos há menos de 2 anos. A forma mais frequente foi a TB intratorácica, seguida pela ganglionar. Estratificando os pacientes de acordo com a presença (cCom, 36,5%) ou ausência de comorbidade (sCom, 65,5%), observou-se que a taxa de PT não reatora foi significativamente maior (69,6% vs 25%, p<0,01), bem como o baixo peso (42,7% vs. 5,8%, p<0,001), no cCom em relação ao sCom A comorbidade mais frequente foi a infecção pelo HIV, seguida por doenças pulmonares crônicas. O sistema de escore foi relevante para o diagnóstico de TB pulmonar em ambos os grupos de pacientes, pois mais de 90% atingiu escore \226530. O esquema básico foi utilizado em todos os casos, exceto em 5 (5,9%), e teve tempo médio de duração de 6,2 meses na TB pulmonar e de 9,6 meses na TB óssea e/ou meníngea, sem diferença significativa entre os grupos (p>0,05). A distribuição dos desfechos foi semelhante no cCom e sCom, com taxa de cura de 93,5% e 90,7% e taxa de abandono de 6,5% e de 9,3%, respectivamente. Nosso estudo reitera a associação entre exposição a um caso índice há <2 anos e o adoecimento em crianças. 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In addition to the obstacles to diagnosis and treatment in children, the presence of comorbidity can be an additional risk factor for sickening, delay in diagnosis, abandonment of treatment, relapse, and mortality. The objective of this study is to describe epidemiological, clinical, and therapeutic aspects in children notified with TB at a tertiary referral center, in addition to comparing the groups with and without comorbidity, regarding the analyzed variables. This is a descriptive, case series study, carried out based on data collected from medical records of patients notified with TB and treated in the outpatient or inpatient divisions of the Institute of Childcare and Pediatrics Martagão Gesteira, from 2007 to 2018. 85 cases were analyzed, 54.1% were male, with a mean age of 6.2 years. In 49 (57.7%) cases, contact with a TB case was reported, of which 95.1% occurred less than 2 years ago. The most frequent form was intrathoracic TB, followed by lymph node TB. Stratifying patients according to the presence (cCom, 36.5%) or absence of comorbidity (sCom, 65.5%), it was observed that the rate of non-reactive tuberculin skin test (TST) was significantly higher (69.6% vs 25%, p <0.01), as well as low weight (42.7% vs. 5.8%, p <0.001), in cCom compared to sCom The most frequent comorbidity was HIV infection, followed by chronic lung diseases. The scoring system was relevant for the diagnosis of pulmonary TB in both groups of patients, since more than 90% reached a score \226530. The first line treatment was used in all cases, except for 5 (5.9%), and had an average duration of 6.2 months in pulmonary TB and 9.6 months in bone and/or meningeal TB, with no difference between groups (p> 0.05). The distribution of outcomes was similar in cCom and sCom, with a cure rate of 93.5% and 90.7% and an abandonment rate of 6.5% and 9.3%, respectively. Our study reiterates the association between exposure to an index case <2 years ago and illness in children. The low reactivity of TST in those cCom is a challenge for the diagnosis, requiring a higher index of suspicion in this group. The first line treatment for 6 months proved to be effective, even in cCom patients, corroborating the recommendations of the Ministry of Health. In this population, in which the presence of comorbidity was noticeably higher than in other studies, there was no difference in the duration of treatment or in the outcome of cCom children in relation to sCom. Therefore, these data suggest that cCom children need better clinical-epidemiological investigation and guaranteed access to diagnosis, as adequate management, monitoring, and treatment provide a favorable outcome for TB in cCom or sCom children.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porTuberculoseCriançaComorbidadeTuberculoseCriançaComorbidadeAspectos da tuberculose em crianças com e sem comorbidade, em hospital de referência no Rio de Janeiro, 2007-2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2020Instituto Oswaldo CruzFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Medicina Tropicalinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43960/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALbarbara_ferreira_ioc_mest_2020.pdfapplication/pdf1613984https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43960/2/barbara_ferreira_ioc_mest_2020.pdf72d8732807264e084e083037a95dda17MD52TEXTbarbara_ferreira_ioc_mest_2020.pdf.txtbarbara_ferreira_ioc_mest_2020.pdf.txtExtracted texttext/plain142705https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/43960/3/barbara_ferreira_ioc_mest_2020.pdf.txt32cd3540ac9f973bc15e7f24b91997acMD53icict/439602020-10-14 02:11:12.997oai:www.arca.fiocruz.br:icict/43960Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352020-10-14T05:11:12Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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