Caracterização epidemiológica da morbidade por tuberculose extrapulmonar no Brasil, 2010-2021

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Boza, Kirenia Leyva
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/60071
Resumo: A tuberculose (TB) extrapulmonar (TBEP) se apresenta como consequência da disseminação do Mycobacterium a outros órgãos fora do parênquima pulmonar. Sua gravidade é frequente por apresentar manifestações clínicas geralmente inespecíficas e um diagnostico tardio. Com o advento do vírus da imunodeficiência humana (HIV) os casos extrapulmonares vêm ganhando importância no cenário mundial. Compreendendo que suas sequelas podem limitar de maneira significativa a vida do paciente, este estudo objetivou analisar as características epidemiológicas e sociodemográficas da morbidade por TBEP no Brasil nos últimos 12 anos. Trata-se de estudo transversal dos casos de TBEP notificados no Sistema de Informações de Agravo de Notificação (SINAN) no Brasil entre 2010 e 2021. Foi realizada análise descritiva dos casos confirmados de TBEP nos diferentes sítios de acometimento. Técnicas de estatística descritiva resumiram a distribuição regional das características epidemiológicas e sociodemográficas. Para a análise e representação gráfica da tendência foi usado o modelo de regressão Joinpoint. A correlação bivariada de Pearson e o modelo de regressão de Poisson foram usados para estimar o efeito das variáveis sobre os casos de TBEP. O teste de log de verossimilhança e o critério de informação de Akaike avaliaram o ajuste dos modelos. Durante o período de 2010 a 2021 foram reportados 1.054.793 casos de TBEP. Após aplicar os critérios de exclusão resultou em 151.531 a população final do estudo. O sítio clínico de maior acometimento foi o pleural (40,19%), seguida do ganglionar periférico (20,33%). As regiões mais atingidas foram a Sudeste, seguida da Nordeste, com uma média anual de 5.740 (45,46%) e de 3.007 (23,81%) casos, respectivamente. O percentual de 61,72% refere-se ao sexo masculino, 57,46% são pretos e pardos, sendo de 15 a 59 anos de idade a faixa etária mais atingida com 81,24% dos casos. Entre as doenças associadas teve maior destaque a síndrome da imunodeficiência adquirida as (AIDS) (42,43%), seguido de outras doenças não especificadas (30,08%). As taxas de incidência de TBEP mostraram uma queda acentuada entre 2019 e 2021 nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul, mantendo-se estável nas regiões Nordeste e Sudeste. A tendência apresentou uma queda de TBEP, ao longo do período, com os maiores declínios nas regiões Sul para o sexo feminino (=-3,5*[IC95%: -4,7 a -2,4]) e masculino (=-2,9*[IC95%: -4,2; a 1,6]), assim como para o sexo feminino (-1,6*[IC95%: -1,6; -1,6]) no Sudeste. No Brasil houve pouca variação da tendência com um aumento não significativo em crianças de 0-14 anos do sexo masculino e significativo no feminino após queda até 2019 (APC= 35,5* [2019-2021]). Considerando a relevância do serviço no controle da TBEP, se faz necessário a verificação da cobertura e qualidade do atendimento pela equipe de saúde. A Estratégia de Saúde da Família capaz de identificar e modificar fatores de riscos, pode chegar a um diagnostico rápido e adequado, fornecer um tratamento oportuno para alcançar a cura, reduzir as sequelas e melhorar sobrevivência dos pacientes
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