Geoquímica dos elementos menores nos solos de Pernambuco. I. Manganês na Zona da Mata e no Sertão

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Horowitz, Arão
Data de Publicação: 2014
Outros Autores: Dantas, Humberto da Silveira
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online)
Texto Completo: https://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/18051
Resumo: Informações sobre os elementos menores nos solos do Brasil são escassos e não existem ao que se saiba, para os solos do Nordeste. Foram estudados 12 perfis típicos no Sertão e 19 na Zona da Mata do Estado de Pernambuco. Esses perfis representam os grandes grupos dos solos das zonas em questão. Nesses solos, determinou-se, espectrofotomètricamente, o Mn extraído pelo ácido sulfúrico, ácido fluorídrico, acetato de amônio (pH═7), ácido acético 2,5% (pH═2,5) e solução alcoólica de hidroquinona (0,05%), com o objetivo de estudar a geoquímica do Mn nesses solos e o manganês disponível para as plantas. Nos solos da zona semiárida do Estado, Sertão (cerca de 65.000 km²), excetuando-se os correspondentes à menor fração desses solos (Fig. 1), o manganês está presente em quantidade considerada suficiente para as plantas, (acima do limite de 20 ppm de Mn facilmente redutível). Nos solos da Zona da Mata de Pernambuco (cerca de 12.000 km²), próximos ao litoral, e que constituem a zona mais valiosa do Estado, sob o ponto de vista agrícola, o conteúdo de Mn dos solos é surpreendentemente baixo. O manganês disponível para as plantas, existe geralmente em teores muito baixos, ou mesmo indetectáveis pelo método usado (<9 ppm). Com exceção de certos solos da zona norte do Estado (Fig. 1), aonde o conteúdo do Mn é mais do que suficiente para a nutrição das plantas, mas que não se situa aparentemente na faixa tóxica, a grande maioria dos solos da zona da mata contém Mn disponível em quantidade bastante inferior ao limite mínimo, considerado na literatura internacional, como suficiente para suprir as necessidades dos vegetais (20 ppm). Levanta-se a hipótese de que é bem possível que o baixo rendimento agrícola desses solos, mesmo quando adubados comumente (macroelementos) e irrigados, se deva, pelo menos em parte, à deficiência do Mn e provavelmente também de outros elementos menores, entre os quais os elementos associados ao manganês nas rochas sedimentares (As, Ba, Co, Mo, Ni, V e Zn). Chama-se a atenção para a necessidade de futuras pesquisas para confirmação no campo das previsões feitas, como também para elucidar-se certas doenças endêmicas dos animais da Região, que podem ser atribuída a essa carência. A geoquímica do manganês nos solos de Pernambuco não foi totalmente esclarecida. O método do ácido sulfúrico (Inst. Quim. Agrícola 1949), não pode ser utilizado para esse fim, pois não é capaz de retirar a totalidade do Mn do solo. Assim, não foi possível obter qualquer correlação entre o Mn extraído pela solução sulfúrica e a fração argila + limo, como também não se obteve correlação com o pH, mesmo dentro do mesmo perfil. Apareceu assim, a necessidade de usar o extrato obtido do ataque pelo ácido fluorídrico. Esses trabalhos prosseguem ativamente na Seção de Solos do Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Nordeste. Embora nenhuma experiência no campo haja sido feita ainda pelo Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Nordeste, (que certamente as fará em futuro próximo), apresenta-se como argumento em apoio a hipótese acima, o fato de que na estreita faixa do Estado, na qual determinou-se quantidade suficiente de Mn para as plantas, foi observado obter-se melhores resultados agrícolas e os experimentos respondem melhor à adubação comum aos macroelementos. As zonas nas quais se prevê deficiência de Mn estão dadas na Fig. 1.
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spelling Geoquímica dos elementos menores nos solos de Pernambuco. I. Manganês na Zona da Mata e no SertãoThe geochemistry of minor elements in Pernambuco soils. I. Manganese in the Zona da Mata and SertãoInformações sobre os elementos menores nos solos do Brasil são escassos e não existem ao que se saiba, para os solos do Nordeste. Foram estudados 12 perfis típicos no Sertão e 19 na Zona da Mata do Estado de Pernambuco. Esses perfis representam os grandes grupos dos solos das zonas em questão. Nesses solos, determinou-se, espectrofotomètricamente, o Mn extraído pelo ácido sulfúrico, ácido fluorídrico, acetato de amônio (pH═7), ácido acético 2,5% (pH═2,5) e solução alcoólica de hidroquinona (0,05%), com o objetivo de estudar a geoquímica do Mn nesses solos e o manganês disponível para as plantas. Nos solos da zona semiárida do Estado, Sertão (cerca de 65.000 km²), excetuando-se os correspondentes à menor fração desses solos (Fig. 1), o manganês está presente em quantidade considerada suficiente para as plantas, (acima do limite de 20 ppm de Mn facilmente redutível). Nos solos da Zona da Mata de Pernambuco (cerca de 12.000 km²), próximos ao litoral, e que constituem a zona mais valiosa do Estado, sob o ponto de vista agrícola, o conteúdo de Mn dos solos é surpreendentemente baixo. O manganês disponível para as plantas, existe geralmente em teores muito baixos, ou mesmo indetectáveis pelo método usado (<9 ppm). Com exceção de certos solos da zona norte do Estado (Fig. 1), aonde o conteúdo do Mn é mais do que suficiente para a nutrição das plantas, mas que não se situa aparentemente na faixa tóxica, a grande maioria dos solos da zona da mata contém Mn disponível em quantidade bastante inferior ao limite mínimo, considerado na literatura internacional, como suficiente para suprir as necessidades dos vegetais (20 ppm). Levanta-se a hipótese de que é bem possível que o baixo rendimento agrícola desses solos, mesmo quando adubados comumente (macroelementos) e irrigados, se deva, pelo menos em parte, à deficiência do Mn e provavelmente também de outros elementos menores, entre os quais os elementos associados ao manganês nas rochas sedimentares (As, Ba, Co, Mo, Ni, V e Zn). Chama-se a atenção para a necessidade de futuras pesquisas para confirmação no campo das previsões feitas, como também para elucidar-se certas doenças endêmicas dos animais da Região, que podem ser atribuída a essa carência. A geoquímica do manganês nos solos de Pernambuco não foi totalmente esclarecida. O método do ácido sulfúrico (Inst. Quim. Agrícola 1949), não pode ser utilizado para esse fim, pois não é capaz de retirar a totalidade do Mn do solo. Assim, não foi possível obter qualquer correlação entre o Mn extraído pela solução sulfúrica e a fração argila + limo, como também não se obteve correlação com o pH, mesmo dentro do mesmo perfil. Apareceu assim, a necessidade de usar o extrato obtido do ataque pelo ácido fluorídrico. Esses trabalhos prosseguem ativamente na Seção de Solos do Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Nordeste. Embora nenhuma experiência no campo haja sido feita ainda pelo Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Nordeste, (que certamente as fará em futuro próximo), apresenta-se como argumento em apoio a hipótese acima, o fato de que na estreita faixa do Estado, na qual determinou-se quantidade suficiente de Mn para as plantas, foi observado obter-se melhores resultados agrícolas e os experimentos respondem melhor à adubação comum aos macroelementos. As zonas nas quais se prevê deficiência de Mn estão dadas na Fig. 1.Information on soil microelements of Brazil are scanty; and non-existent, as far as it is known, for North-East Brazil. The present work marks the beginning of the first systematic study of microelements in the typical soils of this region. Twelve profiles of typical soils of the interior (Sertão, aprox. 65.000km2 ) and 19 typical soil profiles of the region near the coast (Zona da Mata, aprox. 12.000km2) of the State of Pernambuco are studied. These profiles represent the major soil types of the region involved. In these soils, spectophotometer determinations were made on the Mn extracted by various agents sulfuric acid (Inst. Quim. Agrícola 1959), hydrofluoric acid, amonium acetate (pH═7), acetie acid 2,5%, (pH═2.5), and alcoolic hidroquinone 0.05% in order to study the geochemistry of manganese, and the amount available for the plants. In the soils of the semi-arid region of State of Pernambuco (Sertão), with the exception of some soils of the area shown in Fig. 1, the content of available manganese (easily reducible manganese) is considered sufficient to support plant life. The chances of manganese deficiency or toxicity, in these soils, is remote. In the soils near the coast (Zona da Mata) which are the most important from the agricultural point of view, the available Mn content is surprisingly low. The available Mn content for most of the soils is much lower than 20 ppm. It this content of easily reducible manganese (Jones & Leeper 1951) is to be accepted as the limit for a soil to be considered deficient in available manganese, most of the better soils of Pernambuco appear to be Mn deficient. Only one exception was found, for the soils of a narrow zone in the north of the Pernambuco State (Fig. 1), where available Mn content is enough to support the normal growth of plants. In this region, the chances of manganese deficiency or toxicity are also remote. It is perhaps possible to attribute, at least in part, to Ma and other minor elements deficiencies, the observed low yields of crops in the "Zona da Mata" even when these soils are irrigated and fertilized with macroelements. A deficiency of Co, Mo, and Zn, is also to be expected, as these elements are known to be associated (along with As, Ba, Ni and V) with Mn in sedimentary rocks. lt is emphasized the need of further investigations to prove in the field the statements made above, and to determine wether some endemic diseases in animals in that region, may be attributed to minor elements deficiencies. The geochemistry of Mn was not totally elucidated. The sulfuric acid method utilised (Inst. Quim. Agrícola 1959) failed to extract the total Mn in the soils. So, it was not possible to find any correlation between the total Mn content and the silt+clay portion, or the pH of the soils, even in the same profile. The hydrofluoric acid attack is more promising, and active work is now being conducted in the Soil Section of Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Nordeste (IPEANE), in order to provide knowledge of the geochemistry of Mn in our soils. Even though field experiments have not been conducted by IPEANE staff members, the statements made above, are supported by the fact that in the narrow zone of Pernambuco State, were Mn is not deficient, better yields and better response to common fertilization (macroelements) were observed by a few scientists. The areas in which Mn deficiency is expected, are shown in Fig. 1.  Pesquisa Agropecuaria BrasileiraPesquisa Agropecuária BrasileiraHorowitz, ArãoDantas, Humberto da Silveira2014-04-15info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/18051Pesquisa Agropecuaria Brasileira; v.1, n.1, jan. 1966; 383-390Pesquisa Agropecuária Brasileira; v.1, n.1, jan. 1966; 383-3901678-39210100-104xreponame:Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online)instname:Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)instacron:EMBRAPAporhttps://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/18051/12106info:eu-repo/semantics/openAccess2014-04-15T18:08:33Zoai:ojs.seer.sct.embrapa.br:article/18051Revistahttp://seer.sct.embrapa.br/index.php/pabPRIhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phppab@sct.embrapa.br || sct.pab@embrapa.br1678-39210100-204Xopendoar:2014-04-15T18:08:33Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)false
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