Dinâmicas agropecuárias e socioeconômicas no Cerrado, de 1975 a 2015.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SANTANA, C. A. M.
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: SOUZA, G. da S. e, CAMPOS, S. K., DEL'ARCO SANCHES, I., GOMES, E. G., SANO, E. E.
Tipo de documento: Capítulo de livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da EMBRAPA (Repository Open Access to Scientific Information from EMBRAPA - Alice)
Texto Completo: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1121867
Resumo: Fruto de uma espetacular transformação experimentada a partir dos anos 1970 (Salim, 1986), a região do bioma Cerrado passou a desempenhar rapidamente um papel fundamental na segurança alimentar do País e do mundo. Considerado até a década de 1960 como pouco apto para o desenvolvimento de atividades agrícolas, o Cerrado se converteu na principal região produtora de alimentos do Brasil. Esse fenômeno teve como principais alicerces: a ciência, a tecnologia, o empreendedorismo dos produtores, o preço da terra, as melhorias da infraestrutura, a dinâmica dos mercados e as políticas públicas (Rezende, 2002; Castro, 2003; Muller; Martha Júnior, 2008; Contini et al., 2010). As características do desenvolvimento observado incluem o papel central exercido pela acentuada evolução dos níveis de produtividade, especialmente após 1995, e pela crescente convivência harmônica das explorações agropecuárias com a utilização sustentável dos recursos naturais.No triênio 1975?1977, a produção brasileira de soja, carro-chefe da agricultura nacional, totalizou, em termos médios, 11,2 milhões de toneladas. Naquele período, o Cerrado teve uma participação média de 8% no total produzido dessa oleaginosa. Aproximadamente quatro décadas mais tarde, isto é, em 2014?2016, a contribuição média da região foi de 93,5 milhões de toneladas, ou seja, 52% da quantidade produzida pelo País naqueles 3 anos. Fato similar ocorreu com a participação do Cerrado na produção de outros três produtos de destaque da pauta agrícola do Brasil: o milho, a cana-de-açúcar e o algodão. Especificamente, a contribuição da região para a produção desses três produtos aumentou, respectivamente, de 22%, 29% e 30% em 1975?1977 para 54%, 51% e 96% em 2014?2016.A região também tem um papel expressivo na pecuária bovina, porém, em contraste com o observado com as culturas mencionadas anteriormente, a participação do Cerrado no rebanho bovino brasileiro é relativamente menor. Conforme assinalado no Capítulo 1, o rebanho bovino aumentou de 34% em 1975 para 41% em 1993 e posteriormente diminuiu ao longo dos anos, situando entre 35% e 36% no período 2005?2015 (IBGE, 2018). Como sugerem os dados supracitados, o Cerrado foi palco de um processo de mudanças rápidas e profundas nos últimos 40 anos no setor agropecuário. Esse processo não ocorreu de forma homogênea nas suas 110 microrregiões (Anexo A). Algumas registraram grande expansão, outras experimentaram mudanças menores, resultando, em alguns casos, na queda da sua contribuição para a formação do produto interno bruto (PIB) da região. Conforme esses fatos, o objetivo geral deste capítulo é contribuir para um melhor entendimento sobre as principais mudanças observadas no perfil agropecuário e socioeconômico do Cerrado no período entre 1975 e 2015. Ênfase das análises é dirigida em um primeiro momento às microrregiões do bioma e posteriormente àquelas mais dinâmicas em termos de contribuição para o valor da produção das culturas temporárias (exemplo: as de arroz, feijão, soja, milho, algodão, etc.) e expansão do rebanho bovino no período considerado. A dinâmica espaço-temporal das culturas permanentes tem sido menos acentuada em relação às culturas temporárias. Dessa forma, menor atenção relativa é dada aos processos de mudanças relacionadas com essas culturas.Em termos específicos, o presente capítulo busca responder as seguintes questões: como a agricultura se deslocou espacialmente entre as diferentes microrregiões do Cerrado ao longo dessas quatro décadas? A dinâmica de deslocamento provocou alguma concentração espacial da produção? Quais microrregiões do Cerrado apresentaram maior dinamismo em termos de aumento da sua contribuição para o valor da produção das culturas temporárias e para o crescimento do rebanho bovino nos últimos 40 anos? Quais mudanças foram observadas no perfil agropecuário e socioeconômico das microrregiões mais dinâmicas do Cerrado no período 1975?2015? O que ocorreu com o rebanho bovino e com a área cultivada com as culturas temporárias nos municípios que mais se destacaram nessas microrregiões? O capítulo foi organizado em quatro seções contadas a partir dessa introdução. A segunda seção apresenta as metodologias utilizadas para identificar as principais dinâmicas espaciais observadas no Cerrado nos últimos 40 anos. Ademais, fornece uma medida aproximada da intensidade das mudanças registradas. A seção inclui também as metodologias usadas para: identificar as microrregiões mais dinâmicas em termos da evolução do valor da produção das culturas temporárias e do rebanho bovino; examinar as dinâmicas socioeconômicas em microrregiões selecionadas; e analisar as transformações agrícolas e pecuárias ocorridas no âmbito de alguns municípios. Os resultados obtidos por meio dessas metodologias são objeto da terceira seção. Posteriormente, algumas reflexões finais são apresentadas a título de conclusão do capítulo 5
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As características do desenvolvimento observado incluem o papel central exercido pela acentuada evolução dos níveis de produtividade, especialmente após 1995, e pela crescente convivência harmônica das explorações agropecuárias com a utilização sustentável dos recursos naturais.No triênio 1975?1977, a produção brasileira de soja, carro-chefe da agricultura nacional, totalizou, em termos médios, 11,2 milhões de toneladas. Naquele período, o Cerrado teve uma participação média de 8% no total produzido dessa oleaginosa. Aproximadamente quatro décadas mais tarde, isto é, em 2014?2016, a contribuição média da região foi de 93,5 milhões de toneladas, ou seja, 52% da quantidade produzida pelo País naqueles 3 anos. Fato similar ocorreu com a participação do Cerrado na produção de outros três produtos de destaque da pauta agrícola do Brasil: o milho, a cana-de-açúcar e o algodão. Especificamente, a contribuição da região para a produção desses três produtos aumentou, respectivamente, de 22%, 29% e 30% em 1975?1977 para 54%, 51% e 96% em 2014?2016.A região também tem um papel expressivo na pecuária bovina, porém, em contraste com o observado com as culturas mencionadas anteriormente, a participação do Cerrado no rebanho bovino brasileiro é relativamente menor. Conforme assinalado no Capítulo 1, o rebanho bovino aumentou de 34% em 1975 para 41% em 1993 e posteriormente diminuiu ao longo dos anos, situando entre 35% e 36% no período 2005?2015 (IBGE, 2018). Como sugerem os dados supracitados, o Cerrado foi palco de um processo de mudanças rápidas e profundas nos últimos 40 anos no setor agropecuário. Esse processo não ocorreu de forma homogênea nas suas 110 microrregiões (Anexo A). 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Dessa forma, menor atenção relativa é dada aos processos de mudanças relacionadas com essas culturas.Em termos específicos, o presente capítulo busca responder as seguintes questões: como a agricultura se deslocou espacialmente entre as diferentes microrregiões do Cerrado ao longo dessas quatro décadas? A dinâmica de deslocamento provocou alguma concentração espacial da produção? Quais microrregiões do Cerrado apresentaram maior dinamismo em termos de aumento da sua contribuição para o valor da produção das culturas temporárias e para o crescimento do rebanho bovino nos últimos 40 anos? Quais mudanças foram observadas no perfil agropecuário e socioeconômico das microrregiões mais dinâmicas do Cerrado no período 1975?2015? O que ocorreu com o rebanho bovino e com a área cultivada com as culturas temporárias nos municípios que mais se destacaram nessas microrregiões? O capítulo foi organizado em quatro seções contadas a partir dessa introdução. A segunda seção apresenta as metodologias utilizadas para identificar as principais dinâmicas espaciais observadas no Cerrado nos últimos 40 anos. Ademais, fornece uma medida aproximada da intensidade das mudanças registradas. A seção inclui também as metodologias usadas para: identificar as microrregiões mais dinâmicas em termos da evolução do valor da produção das culturas temporárias e do rebanho bovino; examinar as dinâmicas socioeconômicas em microrregiões selecionadas; e analisar as transformações agrícolas e pecuárias ocorridas no âmbito de alguns municípios. Os resultados obtidos por meio dessas metodologias são objeto da terceira seção. Posteriormente, algumas reflexões finais são apresentadas a título de conclusão do capítulo 5CARLOS AUGUSTO MATTOS SANTANA, SIRE; GERALDO DA SILVA E SOUZA, SIRE; SILVIA KANADANI CAMPOS, SIRE; IEDA DEL'ARCO SANCHES, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE; ELIANE GONCALVES GOMES, SIRE; EDSON EYJI SANO, CPAC.SANTANA, C. A. 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