Estudos de espécies florestais e forrageiras de áreas de várzea do baixo Amazonas - Pará para uso em sistemas silvipastoris.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: MARTINEZ, G. B.
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da EMBRAPA (Repository Open Access to Scientific Information from EMBRAPA - Alice)
Texto Completo: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/388349
Resumo: O ecossistema da várzea é altamente especifico e seu uso deve estar baseado fundamentalmente no manejo ecológico relacionado ao processo social. A agricultura seguida da pecuária causou a redução da cobertura arbórea alterando as características desse ecossistema. As populações tradicionais exploram boa parte dos recursos naturais das matas ciliares onde o extrativismo se apresenta estratégico para sua sustentabilidade. Com as várzeas desmatadas, essas populações se vêem desabastecidas de importantes fontes de alimento e de outros usos. Recuperar esse ecossistema através introdução de árvores (sistemas silvipastoris) representa, não somente uma alternativa sustentável, mas um desafio cultural devido às tradições regionais, uma forte herança de antigas práticas. Neste sentido, o entendimento sobre a percepção humana das populações locais é fundamental para o planejamento e implementação de práticas sustentáveis. Utilizando a abordagem participativa, 13 comunidades rurais de várzea foram visitadas objetivando resgatar o conhecimento tradicional de recursos genéticos florestais e seus usos. O diagnóstico registrou 21 espécies de diversos usos, destacando-se as espécies frutíferas e madeiráveis, abundantes na região. Desse universo de espécies, o açacu (Hura creptains L.) e a sapupira (Andira inerinis (W. Wrigth) Kunth ex DC) foram selecionadas para o acompanhamento das fenofases reprodutiva e vegetativa, relacionadas ás inundações periódicas da várzea. Para ambas as espécies, a fenofáse "frutos maduros" ocorreu nas fáses de seca e transição seca-cheia, facilitando o acesso até os locais de coleta de sementes. Porém, as espécies estudadas apresentam curto período de disseminação de frutos e baixa sincronia entre seus indivíduos. A sazonalidade abiática das várzeas restringe as espécies florestais a serem introduzidas nesse ecossistema. Entretanto, mesmo para as espécies adaptadas a anoxia, o fator idade das mudas, pode comprometer o sucesso do empreendimento. Mediante os resultados desta pesquisa, tanto para o açacu como para a sapupira, a idade das mudas introduzidas nas áreas de várzea deve ser, pelo menos, de 120 dias. Por outro lado, as gramíneas coloninha (Braclilaria mutica biotipo 1), mojuí (Brachiaria inutica biotipo 2) e mori (Paspaluin fasciculatum), cultivadas na várzea em sistemas silvipastoris, mesmo reconhecidamente tolerantes a anoxia, são submetidas a uma variável adicional de estresse, o sombreamento das árvores introduzidas no sistema. Entretanto, o desenvolvimento de estruturas morfo anatômicos lhes permite suportar os impactos desses estresses. Em uma análise geral, considera-se que as espécies florestais e forrageiras estudadas mostram-se aptas para compor sistemas silvipastoris de áreas sujeitas ao alagamento.
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