Atualizações no controle de doenças foliares na cultura da soja.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: GODOY, C. V.
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da EMBRAPA (Repository Open Access to Scientific Information from EMBRAPA - Alice)
Texto Completo: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1010782
Resumo: As doenças foliares da soja têm assumido papel importante na definição da produtividade da cultura, safra após safra, com aumento de incidência nos últimos anos em função da expansão da área plantada, da ausência de rotação de culturas e da introdução de novos patógenos. A utilização de cultivares resistentes é, sempre que possível, a estratégia de manejo mais adequada para o controle das doenças. A mancha olho-de-rã, causada pelo fungo Cercospora sojina, relatada pela primeira vez no Brasil em 1971, praticamente desapareceu das lavouras de soja no Brasil em razão da utilização de cultivares resistentes, embora seja frequentemente observada na Argentina. A introdução da ferrugem-asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, em 2001, trouxe mudanças no sistema de produção da cultura. Entre as mudanças pode-se citar a adoção do vazio sanitário, período sem plantas de soja no campo durante a entressafra, que varia de 60 a 90 dias, onde é proibida a semeadura de soja e obrigatória a eliminação de plantas de soja voluntárias que germinam a partir de grãos perdidos na colheita. Outra mudança foi o aumento do uso de fungicidas, que representam uma das principais ferramentas para o controle dessa doença. A utilização de fungicidas na cultura da soja foi recomendada pela primeira vez para controle do oídio (Microsphaera diffusa), após surto epidêmico em 1996/97, e posteriormente, das doenças de final de ciclo (Septoria glycines e Cercospora kikuchii), principalmente em função do cultivo intensivo e da ausência de rotação de culturas. Após a entrada da ferrugem, ocorreu uma intensificação na sua utilização. Na safra 2013/14, foram realizadas em média três aplicações de fungicida em mais de 90% das áreas produtoras de soja no Brasil. Entre outras doenças da parte aérea também controladas por fungicidas, podem-se citar a mancha-alvo (Corynespora cassiicola), a antracnose (Collettotrichum truncatum), o mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) e a mela (Rhizoctonia solani AG1). Dentre os principais modos de ação utilizados no controle de doenças na cultura da soja no Brasil, destacam-se os Metil Benzimidazol Carbamato (MBC, benzimidazóis), os Inibidores de Desmetilação (DMI, triazóis), os Inibidores de Quinona Oxidase (QoI, estrobilurinas) e, a partir de 2013, a nova geração de moléculas Inibidoras da Succinato Desidrogenase (SDHI, carboxamidas). Apesar da grande contribuição que os fungicidas proporcionam no controle de doenças da soja, a consequência do uso intensivo já tem sido observada no campo, por meio da seleção de isolados de fungos menos sensíveis ou resistentes aos fungicidas. A resistência de fungos a fungicidas é uma resposta evolutiva natural dos fungos a uma ameaça externa para sua sobrevivência, nesse caso o fungicida. A redução da eficiência dos principais fungicidas no controle da ferrugem tem sido observada em ensaios cooperativos e a menor sensibilidade do fungo confirmada em ensaios de monitoramento de resistência. Este fato é bastante preocupante em função do potencial de dano dessa doença. Estratégias antirresistência como a rotação de misturas comerciais com produtos que não apresentem resistência cruzada e a limitação no número de aplicações de um mesmo grupo devem ser utilizadas pelos produtores. A utilização de cultivares resistentes é outra ferramenta importante que pode contribuir no manejo das doenças e reduzir a pressão de resistência dos fungos aos fungicidas. Outras estratégias recomendadas para o manejo da ferrugem são a semeadura no início da época recomendada, a redução da janela de semeadura e a utilização de cultivares precoces, empregando o princípio do escape, onde lavouras semeadas mais tarde recebem inóculo multiplicado em lavouras semeadas no início da safra. A incidência de doenças na soja poderia ser reduzida se boas práticas culturais, como a rotação de culturas e o cumprimento do vazio sanitário, com a eliminação de plantas de soja voluntárias, fossem adotadas com maior rigor.
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Entre as mudanças pode-se citar a adoção do vazio sanitário, período sem plantas de soja no campo durante a entressafra, que varia de 60 a 90 dias, onde é proibida a semeadura de soja e obrigatória a eliminação de plantas de soja voluntárias que germinam a partir de grãos perdidos na colheita. Outra mudança foi o aumento do uso de fungicidas, que representam uma das principais ferramentas para o controle dessa doença. A utilização de fungicidas na cultura da soja foi recomendada pela primeira vez para controle do oídio (Microsphaera diffusa), após surto epidêmico em 1996/97, e posteriormente, das doenças de final de ciclo (Septoria glycines e Cercospora kikuchii), principalmente em função do cultivo intensivo e da ausência de rotação de culturas. Após a entrada da ferrugem, ocorreu uma intensificação na sua utilização. Na safra 2013/14, foram realizadas em média três aplicações de fungicida em mais de 90% das áreas produtoras de soja no Brasil. 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