A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ilha Pereira, Bruna
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Health Residencies Journal (HRJ)
Texto Completo: https://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/152
Resumo: Não pensávamos que 2020 seria um ano com tantos desafios. Ano de isolamento social, interações à distância, novas formas de trabalho, mudanças de padrão de consumo, impactos socioeconômicos. Em poucos meses, o mundo parou e ficamos momentaneamente sem saber para onde caminhar. Qual seria a melhor estratégia para enfrentarmos os obstáculos? Primeiramente, os consultórios ficaram vazios e logo passamos à superlotação das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). O desespero da população, a insegurança política, a corrida por testes laboratoriais, o fechamento de comércio, o isolamento social, as fake news e a mídia foram nossos primeiros desafios. O inimigo, que ninguém via, estava por toda a parte. Em um mesmo ano, passamos pela mudança de três ministros da saúde e, por vários meses, o cargo ficou desocupado. Cloroquina? Ivermectina? Vacina? Qual seria a solução para a pandemia que se alastrava? O maior sistema de saúde público do mundo ficou ameaçado e logo se percebeu que não estava preparado para atuar sem a atenção primaria à saúde.  A Atenção Primária (AP) é porta de entrada do usuário no Sistema Único de Saúde (SUS), atuando como responsável pela organização do cuidado em saúde da população. O princípio da AP de primeiro contato, para atendimento da maior parte dos pacientes contaminados, foi essencial para diminuir a superlotação dos hospitais, afinal, 80% apresentariam sintomas leves. A longitudinalidade oportunizou o telemonitoramento. A integralidade garantiu os diversos tipos de atendimento como pré-natal, de pacientes com doenças crônicas, crianças e problemas com saúde mental, considerando que as pessoas possuem muito mais necessidades de saúde do que as que a pandemia trouxe. A coordenação do cuidado foi desenvolvida, principalmente, com o acompanhamento de egressos de internação, monitoramento dos sintomáticos e das sequelas deixadas pela pandemia. Acionamos outros níveis de atenção, quando foi necessário. A abordagem familiar e comunitária atuou em questões de transmissão de informações. Foi prejudicada pela necessidade de novos recursos tecnológicos e de pouco investimento nesta área. A competência cultural se relacionou à adaptação dos protocolos à realidade e necessidades locais, como as orientações de isolamento. Com os impactos socioeconômicos, a AP foi essencial para se aproximar da população que mais sofreu com impactos na renda e também da pandemia. Lidamos com a incerteza, com o adoecimento dos profissionais e afastamentos prolongados. Pouco a pouco fomos nos adaptando aos desafios. Repensamos nossas maneiras de atuação, junto com as equipes multiprofissionais; organizamos o trabalho de monitoramento à distância; incorporamos o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) no dia a dia. Percebemos agilidade nos processos de gestão e, rapidamente, nos adaptamos, pois o momento exigia urgência. Para isso, foram elaborados protocolos para atuação de profissionais. O trabalho conjunto entre a vigilância epidemiológica e assistência básica também se desenvolveu nesse período. Estamos em transformação. O SUS ainda carece de ferramentas de tecnologia que facilitará o trabalho dos profissionais. Precisamos continuar olhando para a população mais vulnerável, atuar mais ativamente em atendimentos remotos e presenciais, trabalhar com incertezas e gestão do cuidado, nos preparar para o enfrentamento da demanda reprimida e lutar por financiamento suficiente à saúde pública. Precisamos inovar. Novas estratégias, novos planejamentos, novas metas. O número 10 da Revista Health Residences Journal (HRJ) é composto por artigos que trazem como tema diversos aspectos da atenção primária, com o objetivo de difundir o conhecimento prático e as experiências dos profissionais de saúde. Desejamos a todos uma boa leitura e que os textos publicados sirvam de inspiração para melhorias dos processos de trabalho e reflexão sobre a prática diária de atuar na saúde, com a valorização do SUS e do papel que exerce em meio a cenários como os apresentados.      
id ESCS_9bc1868fb8e8abb65d8aa7750bce6fe2
oai_identifier_str oai:ojs.emnuvens.com.br:article/152
network_acronym_str ESCS
network_name_str Health Residencies Journal (HRJ)
repository_id_str
spelling A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2Atenção Primária à SaúdeNão pensávamos que 2020 seria um ano com tantos desafios. Ano de isolamento social, interações à distância, novas formas de trabalho, mudanças de padrão de consumo, impactos socioeconômicos. Em poucos meses, o mundo parou e ficamos momentaneamente sem saber para onde caminhar. Qual seria a melhor estratégia para enfrentarmos os obstáculos? Primeiramente, os consultórios ficaram vazios e logo passamos à superlotação das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). O desespero da população, a insegurança política, a corrida por testes laboratoriais, o fechamento de comércio, o isolamento social, as fake news e a mídia foram nossos primeiros desafios. O inimigo, que ninguém via, estava por toda a parte. Em um mesmo ano, passamos pela mudança de três ministros da saúde e, por vários meses, o cargo ficou desocupado. Cloroquina? Ivermectina? Vacina? Qual seria a solução para a pandemia que se alastrava? O maior sistema de saúde público do mundo ficou ameaçado e logo se percebeu que não estava preparado para atuar sem a atenção primaria à saúde.  A Atenção Primária (AP) é porta de entrada do usuário no Sistema Único de Saúde (SUS), atuando como responsável pela organização do cuidado em saúde da população. O princípio da AP de primeiro contato, para atendimento da maior parte dos pacientes contaminados, foi essencial para diminuir a superlotação dos hospitais, afinal, 80% apresentariam sintomas leves. A longitudinalidade oportunizou o telemonitoramento. A integralidade garantiu os diversos tipos de atendimento como pré-natal, de pacientes com doenças crônicas, crianças e problemas com saúde mental, considerando que as pessoas possuem muito mais necessidades de saúde do que as que a pandemia trouxe. A coordenação do cuidado foi desenvolvida, principalmente, com o acompanhamento de egressos de internação, monitoramento dos sintomáticos e das sequelas deixadas pela pandemia. Acionamos outros níveis de atenção, quando foi necessário. A abordagem familiar e comunitária atuou em questões de transmissão de informações. Foi prejudicada pela necessidade de novos recursos tecnológicos e de pouco investimento nesta área. A competência cultural se relacionou à adaptação dos protocolos à realidade e necessidades locais, como as orientações de isolamento. Com os impactos socioeconômicos, a AP foi essencial para se aproximar da população que mais sofreu com impactos na renda e também da pandemia. Lidamos com a incerteza, com o adoecimento dos profissionais e afastamentos prolongados. Pouco a pouco fomos nos adaptando aos desafios. Repensamos nossas maneiras de atuação, junto com as equipes multiprofissionais; organizamos o trabalho de monitoramento à distância; incorporamos o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) no dia a dia. Percebemos agilidade nos processos de gestão e, rapidamente, nos adaptamos, pois o momento exigia urgência. Para isso, foram elaborados protocolos para atuação de profissionais. O trabalho conjunto entre a vigilância epidemiológica e assistência básica também se desenvolveu nesse período. Estamos em transformação. O SUS ainda carece de ferramentas de tecnologia que facilitará o trabalho dos profissionais. Precisamos continuar olhando para a população mais vulnerável, atuar mais ativamente em atendimentos remotos e presenciais, trabalhar com incertezas e gestão do cuidado, nos preparar para o enfrentamento da demanda reprimida e lutar por financiamento suficiente à saúde pública. Precisamos inovar. Novas estratégias, novos planejamentos, novas metas. O número 10 da Revista Health Residences Journal (HRJ) é composto por artigos que trazem como tema diversos aspectos da atenção primária, com o objetivo de difundir o conhecimento prático e as experiências dos profissionais de saúde. Desejamos a todos uma boa leitura e que os textos publicados sirvam de inspiração para melhorias dos processos de trabalho e reflexão sobre a prática diária de atuar na saúde, com a valorização do SUS e do papel que exerce em meio a cenários como os apresentados.      Coordenação de Pós-Graduação lato sensu e Extensão da Escola Superior de Ciências da Saúde2021-02-10info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/15210.51723/hrj.v2i9.152Health Residencies Journal - HRJ; v. 2 n. 9 (2021): Atenção Primária Forte; 1-22675-2913reponame:Health Residencies Journal (HRJ)instname:Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)instacron:ESCSporhttps://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/152/97Copyright (c) 2021 Health Residencies Journal - HRJinfo:eu-repo/semantics/openAccessIlha Pereira, Bruna2021-05-07T14:10:24Zoai:ojs.emnuvens.com.br:article/152Revistahttps://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrjPUBhttps://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/oaihrj@escs.edu.br || vanessacampos@escs.edu.br2675-29132675-2913opendoar:2023-01-12T16:39:08.745799Health Residencies Journal (HRJ) - Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)false
dc.title.none.fl_str_mv A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2
title A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2
spellingShingle A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2
Ilha Pereira, Bruna
Atenção Primária à Saúde
title_short A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2
title_full A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2
title_fullStr A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2
title_full_unstemmed A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2
title_sort A atuação da Atenção Primária à Saúde na pandemia da SARS-COV2
author Ilha Pereira, Bruna
author_facet Ilha Pereira, Bruna
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Ilha Pereira, Bruna
dc.subject.por.fl_str_mv Atenção Primária à Saúde
topic Atenção Primária à Saúde
description Não pensávamos que 2020 seria um ano com tantos desafios. Ano de isolamento social, interações à distância, novas formas de trabalho, mudanças de padrão de consumo, impactos socioeconômicos. Em poucos meses, o mundo parou e ficamos momentaneamente sem saber para onde caminhar. Qual seria a melhor estratégia para enfrentarmos os obstáculos? Primeiramente, os consultórios ficaram vazios e logo passamos à superlotação das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). O desespero da população, a insegurança política, a corrida por testes laboratoriais, o fechamento de comércio, o isolamento social, as fake news e a mídia foram nossos primeiros desafios. O inimigo, que ninguém via, estava por toda a parte. Em um mesmo ano, passamos pela mudança de três ministros da saúde e, por vários meses, o cargo ficou desocupado. Cloroquina? Ivermectina? Vacina? Qual seria a solução para a pandemia que se alastrava? O maior sistema de saúde público do mundo ficou ameaçado e logo se percebeu que não estava preparado para atuar sem a atenção primaria à saúde.  A Atenção Primária (AP) é porta de entrada do usuário no Sistema Único de Saúde (SUS), atuando como responsável pela organização do cuidado em saúde da população. O princípio da AP de primeiro contato, para atendimento da maior parte dos pacientes contaminados, foi essencial para diminuir a superlotação dos hospitais, afinal, 80% apresentariam sintomas leves. A longitudinalidade oportunizou o telemonitoramento. A integralidade garantiu os diversos tipos de atendimento como pré-natal, de pacientes com doenças crônicas, crianças e problemas com saúde mental, considerando que as pessoas possuem muito mais necessidades de saúde do que as que a pandemia trouxe. A coordenação do cuidado foi desenvolvida, principalmente, com o acompanhamento de egressos de internação, monitoramento dos sintomáticos e das sequelas deixadas pela pandemia. Acionamos outros níveis de atenção, quando foi necessário. A abordagem familiar e comunitária atuou em questões de transmissão de informações. Foi prejudicada pela necessidade de novos recursos tecnológicos e de pouco investimento nesta área. A competência cultural se relacionou à adaptação dos protocolos à realidade e necessidades locais, como as orientações de isolamento. Com os impactos socioeconômicos, a AP foi essencial para se aproximar da população que mais sofreu com impactos na renda e também da pandemia. Lidamos com a incerteza, com o adoecimento dos profissionais e afastamentos prolongados. Pouco a pouco fomos nos adaptando aos desafios. Repensamos nossas maneiras de atuação, junto com as equipes multiprofissionais; organizamos o trabalho de monitoramento à distância; incorporamos o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) no dia a dia. Percebemos agilidade nos processos de gestão e, rapidamente, nos adaptamos, pois o momento exigia urgência. Para isso, foram elaborados protocolos para atuação de profissionais. O trabalho conjunto entre a vigilância epidemiológica e assistência básica também se desenvolveu nesse período. Estamos em transformação. O SUS ainda carece de ferramentas de tecnologia que facilitará o trabalho dos profissionais. Precisamos continuar olhando para a população mais vulnerável, atuar mais ativamente em atendimentos remotos e presenciais, trabalhar com incertezas e gestão do cuidado, nos preparar para o enfrentamento da demanda reprimida e lutar por financiamento suficiente à saúde pública. Precisamos inovar. Novas estratégias, novos planejamentos, novas metas. O número 10 da Revista Health Residences Journal (HRJ) é composto por artigos que trazem como tema diversos aspectos da atenção primária, com o objetivo de difundir o conhecimento prático e as experiências dos profissionais de saúde. Desejamos a todos uma boa leitura e que os textos publicados sirvam de inspiração para melhorias dos processos de trabalho e reflexão sobre a prática diária de atuar na saúde, com a valorização do SUS e do papel que exerce em meio a cenários como os apresentados.      
publishDate 2021
dc.date.none.fl_str_mv 2021-02-10
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/152
10.51723/hrj.v2i9.152
url https://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/152
identifier_str_mv 10.51723/hrj.v2i9.152
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://escsresidencias.emnuvens.com.br/hrj/article/view/152/97
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2021 Health Residencies Journal - HRJ
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2021 Health Residencies Journal - HRJ
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Coordenação de Pós-Graduação lato sensu e Extensão da Escola Superior de Ciências da Saúde
publisher.none.fl_str_mv Coordenação de Pós-Graduação lato sensu e Extensão da Escola Superior de Ciências da Saúde
dc.source.none.fl_str_mv Health Residencies Journal - HRJ; v. 2 n. 9 (2021): Atenção Primária Forte; 1-2
2675-2913
reponame:Health Residencies Journal (HRJ)
instname:Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)
instacron:ESCS
instname_str Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)
instacron_str ESCS
institution ESCS
reponame_str Health Residencies Journal (HRJ)
collection Health Residencies Journal (HRJ)
repository.name.fl_str_mv Health Residencies Journal (HRJ) - Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)
repository.mail.fl_str_mv hrj@escs.edu.br || vanessacampos@escs.edu.br
_version_ 1797051240427814912