Sopra o vento da insubordinação nas tradições já carcomidas: balada de amor ao vento, de Paulina Chiziane

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Peres Alós, Anselmo
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Identidade!
Texto Completo: http://periodicos.est.edu.br/index.php/identidade/article/view/1815
Resumo: o escritor moçambicano Mia Couto, talvez um dos mais representativos romancistas da África lusófona contemporânea, ao lado de outros como Germano Almeida (Cabo Verde) e Pepetela (Angola), é reconhecido pela crítica em função do talento inventivo que expressa em seus escritos, que vai desde o nível lexical, com a criação de neologismos inspirados nos usos populares do português, até a fabulação de universos que beiram o realismo mágico, como no romance O último voo do flamingo (2000). Cabe salientar, entretanto, que não é apenas o apelo poético dos escritos de Mia Couto que chama a atenção de seus leitores e críticos mundo afora. Por detrás das inúmeras metáforas e neologismos, há um profundo senso de intervenção política a marcar a obra do escritor moçambicano. Esse senso de compromisso político com os processos históricos de consolidação da sociedade moçambicana torna-se ainda mais saliente quando se passa a trabalhar com a literatura de autoria feminina. Celebrada pelos círculos literários como a primeira mulher moçambicana a publicar um romance, Paulina Chiziane vem ganhando amplitude, ao lado de nomes como o de Lília Momplé, como uma das romancistas de maior destaque do final do século XX e início do século XXI, com uma obra de grande repercussão não apenas em Moçambique, mas em toda a África lusófona. Entre seus romances, cabe destacar Balada de amor ao vento (1990), Ventos do apocalipse (1993), O sétimo juramento (2000), Niketche: uma história de poligamia (2002) e O alegre canto da perdiz (2008). Balada de amor ao vento, publicado pela primeira vez em 1990 pela Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), traz à baila o conflituoso embate de certos valores tribais autóctones com as diretrizes sociais ocidentalizadas. Tal embate termina por redimensionar a configuração da organização familiar moçambicana, em especial no que toca aos papéis sociais exercidos pelas mulheres, tanto na esfera pública quanto na privada. No vórtice dessa turbulência, quem mais sofre são as mulheres, impedidas de constituir identidades viáveis, e mesmo de participar efetivamente da vida pública como cidadãs plenas.
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