O campo da saúde suplementar no Brasil à luz da teoria do poder simbólico de Pierre Bourdieu

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vilarinho,Paulo Ferreira
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Cadernos EBAPE.BR
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512004000300008
Resumo: Este artigo pretende analisar a evolução dos fatores históricos e institucionais que levaram ao atual quadro da saúde suplementar no Brasil. A análise está fundamentada, principalmente, na teoria do poder simbólico, de Pierre Bourdieu, sendo complementada, nos aspectos não colidentes, pela visão institucional de Anthony Giddens sobre as motivações da gênese dos campos. Além da pesquisa documental, foram realizadas, entre 2002 e 2003, entrevistas abertas cujos depoimentos são analisados de uma perspectiva qualitativa. Foi levado em conta o ponto de vista dos entrevistados, a identificação dos atores que integram o campo e seus respectivos objetivos estratégicos externalizados (inferindo sobre aqueles nem sempre evidentes), bem como, os recursos de poder utilizados para se alcançar tais objetivos, procurando mostrar, pela descrição de fatos historicamente determinantes, a evolução constitutiva do campo. O estudo sinaliza que o campo da saúde suplementar se formou a partir de inúmeras ações do Estado, particularmente, após a década de 1970, como conseqüência de uma estratégia alternativa de ampliação da oferta de serviços de saúde à população brasileira. Isso fortaleceu a institucionalização de estruturas isomórficas dotadas de alto grau de interação e uma hierarquia entre valores e crenças, como atributos de um simbolismo inerente ao campo, dentre os quais sobressai o símbolo da saúde como intrínseco à cidadania. O estudo conclui que a conjugação de fatores como a crescente longevidade da população brasileira, a dificuldade de recolocação da massa de aposentados no mercado de trabalho e o continuado processo de concentração da renda nacional - situação agravada pela forte pressão dos custos da tecnologia médica - poderão elitizar o acesso aos serviços de saúde suplementar, o que, futuramente, representará um grave problema para esse sensível segmento da política social do governo brasileiro.
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