Sertão à beira-mar: o espaço das secas na Exposição Internacional do Centenário da Independência
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital) |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/10438/31245 |
Resumo: | A proximidade dos cem anos de vida política independente e a onda nacionalista que envolveu a sociedade brasileira no pós-guerra levaram o poder público a organizar um grande evento que assumiu proporções internacionais e transformou a paisagem da cidade do Rio de Janeiro. Um dos acontecimentos menos lembrados do movimentado ano de 1922, a Exposição Internacional do Centenário da Independência é geralmente analisada em função de ter sido um marco das reformas urbanas na capital republicana. Menos explorados são a forma como as demais unidades federativas foram incluídas no discurso nacional difundido pela Exposição ou, ainda, o fato de que o Executivo federal, maior organizador do evento, era ocupado à época por Epitácio Pessoa, um político paraibano que se equilibrava entre os grandes salões da diplomacia, os meandros da política nacional e a manutenção da ordem oligárquica em um dos estados atendidos pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, uma agência governamental prioritária em sua agenda política. Por meio da análise documental de publicações da Exposição, como o Relatório dos Trabalhos, o Guia Oficial e o Livro de Ouro, bem como de periódicos da imprensa carioca e registros biográficos de Epitácio Pessoa, esta dissertação investiga o lugar reservado ao sertão semiárido na Exposição do Centenário, e a posição estratégica dessa representação para mediar as dimensões interna e externa da ação presidencial. Apoiando-se no capital externo e tentando fortalecer o Executivo federal no jogo político da Primeira República, Pessoa apostou em uma comemoração do Centenário em grande estilo, na qual o espaço e o homem sertanejos foram tipificados como objetos de um processo de modernização nacional que, promovendo a integração do sertão semiárido, contribuiria para a integração do Brasil ao sistema internacional. Além de legitimar a aspiração brasileira ao status de nação moderna, esse projeto gerava negócios lucrativos para uma rede de agentes privados nacionais e estrangeiros, e reforçava o papel do Executivo federal como articulador da intervenção pública no espaço das secas. |
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Menos explorados são a forma como as demais unidades federativas foram incluídas no discurso nacional difundido pela Exposição ou, ainda, o fato de que o Executivo federal, maior organizador do evento, era ocupado à época por Epitácio Pessoa, um político paraibano que se equilibrava entre os grandes salões da diplomacia, os meandros da política nacional e a manutenção da ordem oligárquica em um dos estados atendidos pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, uma agência governamental prioritária em sua agenda política. Por meio da análise documental de publicações da Exposição, como o Relatório dos Trabalhos, o Guia Oficial e o Livro de Ouro, bem como de periódicos da imprensa carioca e registros biográficos de Epitácio Pessoa, esta dissertação investiga o lugar reservado ao sertão semiárido na Exposição do Centenário, e a posição estratégica dessa representação para mediar as dimensões interna e externa da ação presidencial. Apoiando-se no capital externo e tentando fortalecer o Executivo federal no jogo político da Primeira República, Pessoa apostou em uma comemoração do Centenário em grande estilo, na qual o espaço e o homem sertanejos foram tipificados como objetos de um processo de modernização nacional que, promovendo a integração do sertão semiárido, contribuiria para a integração do Brasil ao sistema internacional. Além de legitimar a aspiração brasileira ao status de nação moderna, esse projeto gerava negócios lucrativos para uma rede de agentes privados nacionais e estrangeiros, e reforçava o papel do Executivo federal como articulador da intervenção pública no espaço das secas.On the verge of the 100th anniversary of its political independence and swept by a post-war nationalist wave, the Brazilian government organized a great celebration that reached international proportions and dramatically transformed the city of Rio de Janeiro’s landscape. A neglected event in an eventful year in Brazil, the Exposição Internacional do Centenário da Independência is usually studied as a milestone of Rio’s urban reforms. Lesser importance has been given to the way in which other federative units were included in the national narrative promoted by the Exhibition, or even the fact that the incumbent president and major event’s sponsor at the time was Epitácio Pessoa, a politician from a little hinterland state who gathered experience among the great halls of diplomacy, the ups and downs of national politics and the maintenance of oligarchic order in one of the states under Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, a Reclamation Service-like governmental agency that was a priority in his political agenda. Based on documental analysis of the Exhibiton’s official publications, as well as of the local press and of Epitácio Pessoa’s biographical records, this thesis explores the place destined to the semi-arid sertão in the Brazilian Centennial Exhibition, and the strategic position of this representation to mediate the internal and external dimensions of the presidential action. Leaning on the external capital and trying to strengthen the federal Executive in the political struggle of the First Republic, Pessoa bet on Centennnial celebrations in grand style, on which the hinterland and its population were portrayed as types under a national modernization process that, by integrating the semi-arid sertão, would integrate Brazil to the international system. Aside from legitimating the Brazilian aspiration to a modern nation’s status, this project enabled profitable business opportunities to a network of Brazilian and foreign private agents and reinforced the federal government’s role as the main public agent of intervention in the drought area in Brazil.porExposição Internacional do Centenário da IndependênciaSertãoSecasIFOCSEpitácio PessoaPolítica Externa BrasileiraPrimeira RepúblicaBrazilian Centennial ExhibitionDrought in BrazilBrazilian Foreign PolicyBrazilian First RepublicCiência políticaBrasil - História - Independência, 1822 - Comemorações de centenário, etc.Exposição do Centenário do Brasil (1922-1923 : Rio de Janeiro, RJ)Brasil, Nordeste - História - ExposiçõesBrasil - História - República Velha, 1889-1930Sertão à beira-mar: o espaço das secas na Exposição Internacional do Centenário da Independênciainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2021-09-22reponame:Repositório Institucional do FGV (FGV 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A proximidade dos cem anos de vida política independente e a onda nacionalista que envolveu a sociedade brasileira no pós-guerra levaram o poder público a organizar um grande evento que assumiu proporções internacionais e transformou a paisagem da cidade do Rio de Janeiro. Um dos acontecimentos menos lembrados do movimentado ano de 1922, a Exposição Internacional do Centenário da Independência é geralmente analisada em função de ter sido um marco das reformas urbanas na capital republicana. Menos explorados são a forma como as demais unidades federativas foram incluídas no discurso nacional difundido pela Exposição ou, ainda, o fato de que o Executivo federal, maior organizador do evento, era ocupado à época por Epitácio Pessoa, um político paraibano que se equilibrava entre os grandes salões da diplomacia, os meandros da política nacional e a manutenção da ordem oligárquica em um dos estados atendidos pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, uma agência governamental prioritária em sua agenda política. Por meio da análise documental de publicações da Exposição, como o Relatório dos Trabalhos, o Guia Oficial e o Livro de Ouro, bem como de periódicos da imprensa carioca e registros biográficos de Epitácio Pessoa, esta dissertação investiga o lugar reservado ao sertão semiárido na Exposição do Centenário, e a posição estratégica dessa representação para mediar as dimensões interna e externa da ação presidencial. Apoiando-se no capital externo e tentando fortalecer o Executivo federal no jogo político da Primeira República, Pessoa apostou em uma comemoração do Centenário em grande estilo, na qual o espaço e o homem sertanejos foram tipificados como objetos de um processo de modernização nacional que, promovendo a integração do sertão semiárido, contribuiria para a integração do Brasil ao sistema internacional. Além de legitimar a aspiração brasileira ao status de nação moderna, esse projeto gerava negócios lucrativos para uma rede de agentes privados nacionais e estrangeiros, e reforçava o papel do Executivo federal como articulador da intervenção pública no espaço das secas. |
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