Teorias de autonomia relacional: lições feministas ao direito

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Herscovici, Aline
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/10438/35319
Resumo: Em investigação anterior (HERSCOVICI, 2019, 2023) sobre as concepções de autonomia empregadas por ministros/as do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.424/DF, em que decidiram pelo incondicionamento da ação penal em casos de lesão corporal leve contra mulheres em contexto de violência doméstica, constatou-se que suas construções jurídicas de autonomia ficaram presas à visão liberal-tradicional de autonomia, incapaz de lidar com sujeitos concretos, negando seu status autônomo e, com isso, minando sua fruição de direitos e suas lutas políticas. Se não quisermos que o direito continue a ser usado como instrumento de opressão, um dos pontos chave nessa luta e que merece nossa atenção é, portanto, o sujeito jurídico e a necessidade de reconfigurá-lo a partir de novas concepções de autonomia que rompam de vez com a noção liberal-tradicional. Partindo deste diagnóstico e buscando aprofundar concepções alternativas que já existem a nosso dispor, a presente pesquisa explora como a filosofia feminista vem repensando o conceito de autonomia sob o termo guarda-chuva de autonomia relacional e refletir sobre como essa nova concepção relacional de autonomia pode ter impactos em decisões judiciais. Que dimensões passam a ser iluminadas quando olhamos um caso por diferentes teorias de autonomia relacional? Presumese que elas não recaem nos mesmos erros que a visão liberal-tradicional, sendo mais sofisticadas e adequadas à realidade, e que nos levam a decisões mais justas do ponto de vista críticofeminista. Assim, apresenta-se à academia jurídica brasileira essa literatura anglófona e, usando a ADI 4.424/DF como ponte, ilustra-se as implicações potenciais dos diferentes tipos de teorias de autonomia relacional para o mundo concreto do direito. A contribuição proposta aqui é construir repertório: trazer da filosofia feminista ao direito diferentes formas de se (re)pensar autonomia para servirem de substrato teórico a julgadoras/es e outras/os operadoras/es que queiram desempenhar sua função a partir de uma perspectiva feminista do direito, bem como a acadêmicas/os que queiram produzir teoria feminista do direito e reescritas feministas de decisões judiciais que, assim como a ADI 4.424/DF, se apoiem em premissas liberais tradicionais sobre o sujeito autônomo.
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spelling Herscovici, AlineEscolas::DIREITO SPZirbel, IlzeCampos, Carmen Hein dePüschel, Flávia PortellaCunha, Luciana Gross2024-05-20T11:40:14Z2024-05-20T11:40:14Z2024-04-19https://hdl.handle.net/10438/35319Em investigação anterior (HERSCOVICI, 2019, 2023) sobre as concepções de autonomia empregadas por ministros/as do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.424/DF, em que decidiram pelo incondicionamento da ação penal em casos de lesão corporal leve contra mulheres em contexto de violência doméstica, constatou-se que suas construções jurídicas de autonomia ficaram presas à visão liberal-tradicional de autonomia, incapaz de lidar com sujeitos concretos, negando seu status autônomo e, com isso, minando sua fruição de direitos e suas lutas políticas. Se não quisermos que o direito continue a ser usado como instrumento de opressão, um dos pontos chave nessa luta e que merece nossa atenção é, portanto, o sujeito jurídico e a necessidade de reconfigurá-lo a partir de novas concepções de autonomia que rompam de vez com a noção liberal-tradicional. Partindo deste diagnóstico e buscando aprofundar concepções alternativas que já existem a nosso dispor, a presente pesquisa explora como a filosofia feminista vem repensando o conceito de autonomia sob o termo guarda-chuva de autonomia relacional e refletir sobre como essa nova concepção relacional de autonomia pode ter impactos em decisões judiciais. Que dimensões passam a ser iluminadas quando olhamos um caso por diferentes teorias de autonomia relacional? Presumese que elas não recaem nos mesmos erros que a visão liberal-tradicional, sendo mais sofisticadas e adequadas à realidade, e que nos levam a decisões mais justas do ponto de vista críticofeminista. Assim, apresenta-se à academia jurídica brasileira essa literatura anglófona e, usando a ADI 4.424/DF como ponte, ilustra-se as implicações potenciais dos diferentes tipos de teorias de autonomia relacional para o mundo concreto do direito. A contribuição proposta aqui é construir repertório: trazer da filosofia feminista ao direito diferentes formas de se (re)pensar autonomia para servirem de substrato teórico a julgadoras/es e outras/os operadoras/es que queiram desempenhar sua função a partir de uma perspectiva feminista do direito, bem como a acadêmicas/os que queiram produzir teoria feminista do direito e reescritas feministas de decisões judiciais que, assim como a ADI 4.424/DF, se apoiem em premissas liberais tradicionais sobre o sujeito autônomo.In a previous research (HERSCOVICI, 2019, 2023) on the conceptions of autonomy used by the Brazilian Federal Supreme Court Justices to justify their ruling on Direct Action of Unconstitutionality 4.424/Federal District, namely that criminal prosecution should be unconditional in cases of minor bodily injury against women in the context of domestic violence, I argued that their legal constructions of autonomy remained stuck to the traditional liberal view of autonomy – one that is incapable of dealing with concrete subjects, denying their autonomous status, and thereby undermining their enjoyment of rights and their political struggles. If we do not want law to continue to serve as an instrument of oppression, one key aspect in this fight that deserves our attention is therefore the legal subject and the need to reconfigure it with new conceptions of autonomy that break with the traditional liberal notion once and for all. Drawing on this diagnosis and seeking for alternative conceptions that are already available to us, the present research explores how feminist philosophy has been rethinking the concept of autonomy under the umbrella term of relational autonomy and reflects on how this new relational conception of autonomy can impact on judicial decisions. What dimensions are illuminated when we look at a case through different theories of relational autonomy? It is assumed that they do not fall into the same errors as the traditional liberal view, that they are more sophisticated and appropriate to reality, and that they lead us to fairer decisions from a critical feminist point of view. Thus, the research presents this Anglophone literature to the Brazilian legal academia and, using ADI 4.424/DF as a bridge, illustrates the potential implications of the different types of relational autonomy theories for the concrete world of law. The contribution proposed here is to build repertoire: to bring from feminist philosophy into law different ways of (re)thinking autonomy so that they may serve as theoretical grounds for judges and other practitioners who want to perform their function from a feminist perspective on law, as well as for academics who want to produce feminist legal theory or feminist rewritings of judicial decisions that, like ADI 4.424/DF, are based on traditional liberal premises about the autonomous subject.porAutonomia relacionalTeoria feminista do direitoSujeitoDecisões judiciaisViolência domésticaRelational autonomyFeminist legal theorySelfJudgementsDomestic violenceDireitoTeoria feministaAutonomiaIndividualidadeJuízes - DecisõesViolência familiarTeorias de autonomia relacional: lições feministas ao direitoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)instname:Fundação 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description Em investigação anterior (HERSCOVICI, 2019, 2023) sobre as concepções de autonomia empregadas por ministros/as do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.424/DF, em que decidiram pelo incondicionamento da ação penal em casos de lesão corporal leve contra mulheres em contexto de violência doméstica, constatou-se que suas construções jurídicas de autonomia ficaram presas à visão liberal-tradicional de autonomia, incapaz de lidar com sujeitos concretos, negando seu status autônomo e, com isso, minando sua fruição de direitos e suas lutas políticas. Se não quisermos que o direito continue a ser usado como instrumento de opressão, um dos pontos chave nessa luta e que merece nossa atenção é, portanto, o sujeito jurídico e a necessidade de reconfigurá-lo a partir de novas concepções de autonomia que rompam de vez com a noção liberal-tradicional. Partindo deste diagnóstico e buscando aprofundar concepções alternativas que já existem a nosso dispor, a presente pesquisa explora como a filosofia feminista vem repensando o conceito de autonomia sob o termo guarda-chuva de autonomia relacional e refletir sobre como essa nova concepção relacional de autonomia pode ter impactos em decisões judiciais. Que dimensões passam a ser iluminadas quando olhamos um caso por diferentes teorias de autonomia relacional? Presumese que elas não recaem nos mesmos erros que a visão liberal-tradicional, sendo mais sofisticadas e adequadas à realidade, e que nos levam a decisões mais justas do ponto de vista críticofeminista. Assim, apresenta-se à academia jurídica brasileira essa literatura anglófona e, usando a ADI 4.424/DF como ponte, ilustra-se as implicações potenciais dos diferentes tipos de teorias de autonomia relacional para o mundo concreto do direito. A contribuição proposta aqui é construir repertório: trazer da filosofia feminista ao direito diferentes formas de se (re)pensar autonomia para servirem de substrato teórico a julgadoras/es e outras/os operadoras/es que queiram desempenhar sua função a partir de uma perspectiva feminista do direito, bem como a acadêmicas/os que queiram produzir teoria feminista do direito e reescritas feministas de decisões judiciais que, assim como a ADI 4.424/DF, se apoiem em premissas liberais tradicionais sobre o sujeito autônomo.
publishDate 2024
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