Socialização antirracista e consumo: uma análise sob a perspectiva dos pais de crianças negras
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital) |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/10438/30967 |
Resumo: | Objetivo – Este trabalho tem como objetivo contribuir para o debate sobre a chamada socialização do consumidor por meio da análise de atitudes e visões antirracistas empregadas por pais de crianças negras no processo de socialização de seus filhos. Dá-se uma ênfase ao modo como esse tipo de socialização emancipatória se expressa na relação com mercados, serviços e produtos. Metodologia – Realizou-se uma pesquisa de estratégia metodológica qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas, facilitadas via Zoom, com a utilização de um roteiro semiestruturado, com pais de crianças negras membros dos grupos de plataformas de mídias digitais do Coletivo Pais Pretos Presentes. O tratamento dos dados foi realizado por meio da técnica de análise de conteúdo e categorizados de duas formas: Perfis e Trajetórias, e Esforço Emancipatório Antirracista. Este último foi subdividido em três pontos: Escola, Cultura e Negritude e Construção de Mercados. Resultados – Os dados evidenciam que as vivências pessoais na juventude e, principalmente, o “evento-gatilho” do nascimento dos filhos, conduziram os pais pesquisados a assumirem uma postura antirracista ativa na criação dessas crianças, atitude esta que se desdobra na relação com o consumo e os mercados. Nesse sentido, a socialização é intencional não em direção ao consumo, mas ao disseminar o pensamento emancipatório através da inclusão de elementos, resultantes das práticas de consumo, visando tangibilizar o desenvolvimento do pensamento crítico, empoderamento e a segurança física e emocional da criança negra. Limitações – O estudo limitou-se a investigar os pais no processo de socialização antirracista e seus efeitos sobre comportamentos de consumo. Entretanto, considerando a multifacetada interação de agentes nos processos de socialização, considera-se que futuras investigações sobre outras instâncias e agentes socializadores, como por exemplo, a escola ou os bens culturais podem ampliar a compreensão dos efeitos de uma socialização antirracista sobre o consumo. Contribuições práticas – Em comparação com as décadas de 1980 e 90, a oferta de produtos com representatividade negra aumentou, entretanto, há limitações para acesso, tanto logístico, quanto o relacionado a preço. A pesquisa contribui como uma sinalização ao mercado, instituições e organizações para a necessidade de reflexão sobre estratégias empregadas e a resultante produção de dinâmicas de exclusão. Contribuições sociais – Ao debruçar a investigação sobre um fenômeno já conceituado, pela ótica de grupos historicamente estigmatizados, a pesquisa traz voz e visibilidade à perspectiva empírica e teórica de sujeitos negros, reconhecendo sua importância na produção do conhecimento. Originalidade – Esta pesquisa integra o pensamento emancipatório antirracista às abordagens dos estudos de cultura e consumo. O processo de socialização da criança negra permite ampliar os problemas das teorizações sobre a socialização do consumidor. Os dados apontam que o maior objetivo dos pais não reside em socializar seus filhos no consumo, mas através do consumo introduzir elementos que componham e facilitem uma abordagem emancipatória na construção da identidade das crianças. |
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O tratamento dos dados foi realizado por meio da técnica de análise de conteúdo e categorizados de duas formas: Perfis e Trajetórias, e Esforço Emancipatório Antirracista. Este último foi subdividido em três pontos: Escola, Cultura e Negritude e Construção de Mercados. Resultados – Os dados evidenciam que as vivências pessoais na juventude e, principalmente, o “evento-gatilho” do nascimento dos filhos, conduziram os pais pesquisados a assumirem uma postura antirracista ativa na criação dessas crianças, atitude esta que se desdobra na relação com o consumo e os mercados. Nesse sentido, a socialização é intencional não em direção ao consumo, mas ao disseminar o pensamento emancipatório através da inclusão de elementos, resultantes das práticas de consumo, visando tangibilizar o desenvolvimento do pensamento crítico, empoderamento e a segurança física e emocional da criança negra. Limitações – O estudo limitou-se a investigar os pais no processo de socialização antirracista e seus efeitos sobre comportamentos de consumo. Entretanto, considerando a multifacetada interação de agentes nos processos de socialização, considera-se que futuras investigações sobre outras instâncias e agentes socializadores, como por exemplo, a escola ou os bens culturais podem ampliar a compreensão dos efeitos de uma socialização antirracista sobre o consumo. Contribuições práticas – Em comparação com as décadas de 1980 e 90, a oferta de produtos com representatividade negra aumentou, entretanto, há limitações para acesso, tanto logístico, quanto o relacionado a preço. A pesquisa contribui como uma sinalização ao mercado, instituições e organizações para a necessidade de reflexão sobre estratégias empregadas e a resultante produção de dinâmicas de exclusão. Contribuições sociais – Ao debruçar a investigação sobre um fenômeno já conceituado, pela ótica de grupos historicamente estigmatizados, a pesquisa traz voz e visibilidade à perspectiva empírica e teórica de sujeitos negros, reconhecendo sua importância na produção do conhecimento. Originalidade – Esta pesquisa integra o pensamento emancipatório antirracista às abordagens dos estudos de cultura e consumo. O processo de socialização da criança negra permite ampliar os problemas das teorizações sobre a socialização do consumidor. Os dados apontam que o maior objetivo dos pais não reside em socializar seus filhos no consumo, mas através do consumo introduzir elementos que componham e facilitem uma abordagem emancipatória na construção da identidade das crianças.Purpose – This work aims to contribute to the debate on the so-called consumer socialization through the analysis of anti-racist attitudes and views employed by parents of black children in the process of socializing their children. Emphasis is given to the way in which this type of emancipatory socialization is expressed in the relationship with markets, services and products. Methodology- A qualitative methodological strategy research was applied. Data collection was carried out through interviews, facilitated via Zoom, using a semi-structured script, with parents of black children, members of the groups of digital media platforms of the Coletivo Pais Pretos Presentes. Data processing was performed using the content analysis technique and categorized in two ways: profiles and trajectories, and emancipatory anti-racist effort. The latest topic was subdivided into three points: school, culture and blackness and construction of markets. Findings – The data show that the personal experiences in youth and, mainly, the “trigger event” of the birth of children, led the surveyed parents to assume an active anti-racist stance in the creation of these children, an attitude that unfolds in the relationship with consumption and the markets. In this sense, socialization is intentional not towards consumption, but when disseminating emancipatory thinking through the inclusion of elements, resulting from consumption practices, aiming at making the development of critical thinking, empowerment, and the physical and emotional security of black children tangible. Research limitations – The study was limited to investigating parents in the anti-racist socialization process and its effects on consumption behaviors. However, considering the multifaceted interaction of agents in the processes of socialization, it is considered that future investigations on other instances and socializing agents, such as, for example, the school or cultural goods, can broaden the understanding of the effects of an anti-racist socialization on consumption. Practical implications – Compared to the 1980s and 90s, the supply of products with black representation increased, however, there are limitations to access, both logistically and in terms of price. The research contributes as a signal to the market, institutions and organizations for the need to reflect on strategies employed and the resulting production of exclusion dynamics. Social implications – When looking at the investigation of a phenomenon already conceptualized, from the perspective of historically stigmatized groups, the research raise voice and visibility to the empirical and theoretical perspective of black individual, recognizing its importance in the production of knowledge. Originality – This research integrates anti-racist emancipatory thinking with approaches to culture and consumption studies. The socialization process of the black child allows to expand the problems of the theorizations about the socialization of the consumer. The data indicate that the greatest objective of parents is not to socialize their children in consumption, but through consumption to introduce elements that compose and facilitate an emancipatory approach in the construction of children's identity.porSocializaçãoConsumoAntirracismoDecolonialidadeAgentes socializadoresSocializationConsumptionAnti-racismDecolonialityAgents of socializationCiências sociaisAdministração de empresasSocializaçãoConsumo (Economia) – Aspectos sociaisCrianças negras – Brasil – Identidade racialAntirracismoSocialização antirracista e consumo: uma análise sob a perspectiva dos pais de crianças negrasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2021-05-20reponame:Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)instname:Fundação Getulio Vargas (FGV)instacron:FGVinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINAL2021.07.22 Dissertação Danusa Vasconcellos Versão Final.pdf2021.07.22 Dissertação Danusa Vasconcellos Versão 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Socialização Consumo (Economia) – Aspectos sociais Crianças negras – Brasil – Identidade racial Antirracismo |
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Objetivo – Este trabalho tem como objetivo contribuir para o debate sobre a chamada socialização do consumidor por meio da análise de atitudes e visões antirracistas empregadas por pais de crianças negras no processo de socialização de seus filhos. Dá-se uma ênfase ao modo como esse tipo de socialização emancipatória se expressa na relação com mercados, serviços e produtos. Metodologia – Realizou-se uma pesquisa de estratégia metodológica qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas, facilitadas via Zoom, com a utilização de um roteiro semiestruturado, com pais de crianças negras membros dos grupos de plataformas de mídias digitais do Coletivo Pais Pretos Presentes. O tratamento dos dados foi realizado por meio da técnica de análise de conteúdo e categorizados de duas formas: Perfis e Trajetórias, e Esforço Emancipatório Antirracista. Este último foi subdividido em três pontos: Escola, Cultura e Negritude e Construção de Mercados. Resultados – Os dados evidenciam que as vivências pessoais na juventude e, principalmente, o “evento-gatilho” do nascimento dos filhos, conduziram os pais pesquisados a assumirem uma postura antirracista ativa na criação dessas crianças, atitude esta que se desdobra na relação com o consumo e os mercados. Nesse sentido, a socialização é intencional não em direção ao consumo, mas ao disseminar o pensamento emancipatório através da inclusão de elementos, resultantes das práticas de consumo, visando tangibilizar o desenvolvimento do pensamento crítico, empoderamento e a segurança física e emocional da criança negra. Limitações – O estudo limitou-se a investigar os pais no processo de socialização antirracista e seus efeitos sobre comportamentos de consumo. Entretanto, considerando a multifacetada interação de agentes nos processos de socialização, considera-se que futuras investigações sobre outras instâncias e agentes socializadores, como por exemplo, a escola ou os bens culturais podem ampliar a compreensão dos efeitos de uma socialização antirracista sobre o consumo. Contribuições práticas – Em comparação com as décadas de 1980 e 90, a oferta de produtos com representatividade negra aumentou, entretanto, há limitações para acesso, tanto logístico, quanto o relacionado a preço. A pesquisa contribui como uma sinalização ao mercado, instituições e organizações para a necessidade de reflexão sobre estratégias empregadas e a resultante produção de dinâmicas de exclusão. Contribuições sociais – Ao debruçar a investigação sobre um fenômeno já conceituado, pela ótica de grupos historicamente estigmatizados, a pesquisa traz voz e visibilidade à perspectiva empírica e teórica de sujeitos negros, reconhecendo sua importância na produção do conhecimento. Originalidade – Esta pesquisa integra o pensamento emancipatório antirracista às abordagens dos estudos de cultura e consumo. O processo de socialização da criança negra permite ampliar os problemas das teorizações sobre a socialização do consumidor. Os dados apontam que o maior objetivo dos pais não reside em socializar seus filhos no consumo, mas através do consumo introduzir elementos que componham e facilitem uma abordagem emancipatória na construção da identidade das crianças. |
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