Grau de informação, atitudes e representações sobre o risco e a prevenção de AIDS em adolescentes pobres do Rio de Janeiro, Brasil
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1995 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Cadernos de Saúde Pública |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1995000300022 |
Resumo: | Com o objetivo de avaliar a situação do adolescente brasileiro com respeito ao risco e prevenção ,da AIDS/HIV, foram entrevistados 416 estudantes, dentro do marco institucional-assistencial do Centro Brasileiro da Infância e Adolescência. Os adolescentes pertenciam a duas categorias institucionais: escolas abertas à comunidade ou instituições fechadas para menores infratores. As entrevistas semiestruturadas foram voluntárias, anônimas e sigilosas. As fontes de informação sobre AIDS/HIV mais freqüentemente identificadas foram os meios de comunicação de massa, e em particular a televisão. Os entrevistados manifestaram dúvidas e desconfiança na informação oficial mostrando uma escassa compreensão sobre certos aspectos do contágio e prevenção: quase 70% acreditam na transmissão via picada de mosquito e, em torno de 40%, em formas de contágio casual como o contato direto com ferimentos, cicatrizes e com utencílios de banheiro. Houve diferenças entre as respostas dos alunos e as das alunas, sendo que os primeiros mostraram um nível de preparo melhor ao tempo que pareciam deter maior autonomia nas iniciativas referentes à sexualidade. Atitudes de segregação e exclusão de pessoas corn AIDS persistem. A falta de prevenção foi atribuída à impossibilidade de prever que os encontros sexuais iriam a ocorrer. Os aspectos simbólicos relacionados com as causas de AIDS/HIV revelaram grande variabilidade: embora a maioria veja a doença "como qualquer outra", 80% a associam com excessos na conduta sexual e 40% com comportamento homossexual. As imagens causais variam desde um ponto de vista predominante da AIDS como "castigo injusto" (algo introduzido deliberadamente por estrangeiros) a discursos menos freqüentes de culpabilização (AIDS como punição justificada por "conduta pecaminosa"). Há várias metáforas referidas ao corpo: a "sujeira" (manchas escuras, feridas, tumores); o seu deterioramento irreversível; a usurpação por forças externas mais potentes. A atitude positiva à iniciação sexual não é influenciada por cogitações sobre os riscos de doença, a possibilidade de gestação, e imperativos religiosos. Uma atitude ambígua com respeito à transgressão (estereotipada na figura do "malandro" do Rio), pode ter influência na percepção do risco e da prevenção. Analisam-se as informações coletadas à luz da interpretação dos discursos dos meios de comunicação, do estudo de outros contextos e das pesquisas sobre a especificidade da construção cultural da sexualidade no Brasil. Enfatiza-se a necessidade de implementação de ações mais claras e diretas na veiculação de informação. Também busca-se uma compreensão mais abrangente da noção de risco baseada na colocação dos fenômenos relativos ao processo saúde-doença nos seus contextos sócio-econômicos e culturais, o que pode ser útil para implementar medidas de controle culturalmente adequadas mediante o redimensionamento dos símbolos da AIDS. Enfatizamos a necessidade de uma melhor compreensão dos determinantes sociais e econômicos do risco de doença, e o apoio aos discursos que conferem poder e dignidade aos adolescentes pobres por meio do reconhecimento pleno de sua cidadania. |
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