A decisão de abortar: processo e sentimentos envolvidos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa,Rosely G.
Data de Publicação: 1995
Outros Autores: Hardy,Ellen, Osis,Maria José D., Faúndes,Aníbal
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Cadernos de Saúde Pública
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1995000100016
Resumo: No Brasil, o aborto provocado é considerado crime na maioria das vezes, razão pela qual existem poucos dados oficiais sobre o assunto. Pouco se sabe acerca das condições em que é praticado. A pesquisa em questão foi realizada para conhecer as características das mulheres que abortaram e estudar as razões pelas quais o fizeram e as condições em que isso ocorreu. Foi enviado a todas as funcionárias (7359) e alunas (2231) dos cursos de graduação de uma universidade paulista um questionário a ser auto-respondido e devolvido pelo correio. Acompanhava o questionário uma carta e um envelope resposta-comercial. Responderam ao questionário e o devolveram 27% das funcionárias e 42% das alunas. Dessas, 1314 funcionárias e 138 alunas tinham tido pelo menos uma gravidez. Os resultados apresentados neste trabalho correspondem a 465 dessas funcionárias e alunas que alguma vez pensaram em fazer aborto. Elas foram divididas em dois grupos, segundo a decisão tomada de faze-lo ou não. O objetivo foi analisar a associação de algumas características das mulheres com a decisão de fazer ou não um aborto e como se sentiram frente a essa decisão. A proporção de mulheres que abortou foi significativamente menor entre as casadas do que entre as que tinham engravidado em outro tipo de relacionamento. Mais mulheres que conversaram com amigo(a) e/ou marido/namorado/companheiro para decidir se fariam aborto o fizeram, comparadas com as que conversaram com parentes ou não conversaram com ninguém. Mais mulheres que disseram não estar preparadas para criar/educar uma criança abortaram, comparadas com as que deram outras razões. Quase metade das mulheres que abortaram disse que depois, se sentiu mal emocional ou fisicamente. Entre as que não fizeram o aborto, quase dois quintos deram como motivo para isso medo das conseqüências e falta de coragem. Do total de mulheres que não abortaram, mais de quatro quintos relataram ter-se sentido bem, feliz, aliviada e não arrependida disso. Concluiu-se que, na população estudada, os fatores emocionais e sociais tiveram peso significativo no processo de decisão das mulheres de fazer ou não o aborto.
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