Avaliação de dados nosológicos em prontuários ambulatoriais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mendonça,Maria Cristina L. G. de
Data de Publicação: 1990
Outros Autores: Souza,Maria Suzana de L., Nehmy,Rosa Maria Q., Cunha,Eli G. A., Bichuetti,Jorge A. N., Santos,Alaneir F. dos
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Cadernos de Saúde Pública
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1990000300006
Resumo: A Medicina Social tem enfrentado inúmeras dificuldades na construção de metodologias que permitam uma correlação entre o marco teórico desenhado e a realidade sensível. Nas investigações em Saúde Coletiva, os dados nosológicos se constituem numa questão da maior importância, pois estes representam as informações básicas sobre as quais se construirão os estudos epidemiológicos, o planejamento e a organização dos serviços de saúde. O estudo se propõe a analisar: (a) os alcances e limites da qualidade dos dados nosológicos contidos em prontuários de pacientes ambulatoriais; (b) os sistemas classificatórios de doença utilizados na organização destes dados. Foram selecionados, por amostra aleatória, 340 prontuários de pacientes de ambulatório do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, registrados no período de 01/07/87 a 30/06/88. Analisou-se a presença da hipótese diagnóstica (HD) na folha de anamnese e exame físico, a legibilidade e a apresentação deste dado. A descrição das HDs encontradas foram agrupadas segundo o padrão da Classificação Internacional das Doenças (CID - 9). As HDs que não se enquadravam na CID foram, também, analisadas. O estudo concluiu que: (a) os dados nosológicos registrados seguem a lógica da CID. Esta tem um padrão no qual enquadra-se o raciocínio clínico, refletindo a concepção hegemônica da medicina científica. Apesar de buscar em suas contínuas revisões um maior grau de especificidade, a CID incorporou mecanismos que refletem suas limitações: a existência da categoria de Sinais, Sintomas e Estados Maldefinidos e a presença, em todas as categorias, de um dígito que expressa a não-especificidade. No estudo realizado, em 83% dos prontuários, as HDs eram codificáveis pela CID, apesar de seu uso não estar normatizado; 6% das HDs encontravam-se na categoria de Sinais, Sintomas e Estados Mórbidos Maldefinidos e 38% não possuíam o grau de especificidade pretendido pela CID; (b) a análise das HDs não-classificáveis evidenciou que a CID não incorpora a caracterização de aspectos normais, típicos da Pediatria; as conclusões nosológicas analíticas, presentes na Psiquiatria, e a dimensão da doença; (c) nenhum dos sistemas classificatórios alternativos analisados responde aos limites da CID.
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